Perfil de hemoglobinopatias em gestantes: distribuição espacial e análise temporal de 2013 a 2019 no Estado do Piauí, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.27119

Palavras-chave:

Hemoglobinopatias, Gestantes, Pré-natal.

Resumo

Este artigo tem como objetivo identificar o perfil de hemoglobinopatias em gestantes diagnosticadas durante o pré-natal no Estado do Piauí através de uma distribuição espacial e análise temporal com base nos dados de um laboratório de saúde pública. O estudo analisou os resultados de pacientes gestantes do Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí no período entre janeiro de 2013 a dezembro de 2019. Ao todo 39.616 exames de pesquisa de hemoglobinopatias foram realizados; 2.480 (6,26%) das gestantes testaram positivo para hemoglobinopatias. Verificou-se prevalência de gestantes portadoras de Hb AS (73,63%) e Hb AC (10,56%); já os genótipos de doenças falciformes foram Hb SC: 5,48% , Hb SF: 0,77% e Hb SS: 0,44%; hemoglobinas variantes menos prevalentes: Hb AE (0,12%), Hb AF (0,08%) e Hb CC (0,04%). A maioria das gestantes identificadas com hemoglobinopatias tinham idade entre 13 a 25 anos e localizavam-se na mesorregião Centro-Norte Piauiense. A análise temporal revelou alterações percentuais discretas ao longo dos anos e obteve maior índice no ano de 2018 com 6,7% de gestantes diagnosticadas. A distribuição espacial identificou hemoglobinas variantes em 56 municípios, entre eles, Teresina, União, José de Freitas, Bom Jesus, Oeiras e Valença do Piauí apresentaram maior quantidade de casos. Os resultados obtidos indicam o potencial risco de traço falciforme e traço de hemoglobina C entre gestantes em diversas regiões do Piauí, aumentando a probabilidade de recém-nascidos portadores da doença, seja em homozigose ou heterozigose, refletindo uma importante questão de saúde pública no Estado.

Biografia do Autor

  • Evaldo Hipólito de Oliveira, Universidade Federal do Piauí

    Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal da Paraíba (1990), graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal da Paraíba (1991), graduação em Direito pela Universidade Federal do Piauí (1999), Doutorado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (2010), mestrado em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (2002), especialização em Vigilância Sanitária e Epidemiológica (1997) e Citologia Clínica (2005). Foi Diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Piauí-LACEN-PI (2003 a 2007). Atualmente é professor Associado da Universidade Federal do Piauí de microbiologia clínica e imunologia clínica (1994). Tem experiência na área de Farmácia (Interdisciplinaridade), atuando principalmente nos seguintes temas: análises clínicas ( bacteriologia, virologia, imunologia, citologia e hematologia ) e Vírus Linfotrópico de Células T Humanas-1/2-HTLV-1/2, HIV, HBV e HCV (Epidemiologa, Imunologia e Análise Molecular).

Referências

Bandeira, F. M., Bezerra, M. A., Santos, M. N., Gomes, Y. M., Araújo, A. S., & Abath, F. G. (2007). Importância dos programas de triagem para o gene da hemoglobina S. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 29(2), 179-184.

Barbosa, A. M. R., Vieira, J. F. P. N., Sousa, E. C. S., Coêlho, M. L. (2018). Prevalência de hemoglobinopatias em gestantes assistidas por um laboratório de saúde pública no Piauí. J.Ciênc. Saúde, 1(2), 73-84.

Barbosa, C. G., Dias, L. R., & Abreu, M. T. (2012). Gravidez na adolescência e suas interações com anemia falciforme. Rev Med Minas Gerais, 20(2), 231-234.

Bonini-Domingos, C. R. (2009). As hemoglobinopatias e a diversidade genética da população brasileira. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 31(6), 401.

Brasil. (2001). Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doenças Falciformes. (1 ed.). Brasília: ANVISA.

Brasil. (2008). Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de Educação em Saúde: Autocuidado na Doença Falciforme (Vol. 1). Brasília: Ministério da Saúde.

Brasil. (2010). Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Ministério da Saúde. Gestação de Alto Risco: Manual Técnico. (5 ed.). Brasília.

Brasil. (2013). Nota Técnica: Detecção de Doença Falciforme no Pré-Natal. Brasília: Ministério da Saúde.

Costa, V. A. D., Acedo, M. J., Polimeno, N. C., & Bertuzzo, C. S. (2002). Contribuição para a estimativa da freqüência populacional da Persistência Hereditária da Hemoglobina Fetal no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 18(5), 1469-1471.

Diniz, D., Guedes, C., & Trivelino, A. (2005). Educação para a genética em saúde pública: um estudo de caso sobre a anemia falciforme. Ciência & Saúde Coletiva, 10, 365-372.

Ferreira, L. M., Cipolotti, R., & Coutinho, H. M. (2009). Frequência de portadores de hemoglobinopatias em puérperas e seus recém-nascidos. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 31(5), 391-392.

Gonçalves, R., Urasaki, M. B., Merighi, M. A., & D'Avila, C. G. (2008). Avaliação da efetividade da assistência pré-natal de uma Unidade de Saúde da Família em um município da Grande São Paulo. Revista Brasileira de Enfermagem, 61(3), 349-353.

IBGE. (2020). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Fonte: IBGE Cidades: https://cidades.ibge.gov.br

Liberato, K. M., Oselame, G. B., & Neves, E. B. (2017). Hemoglobinopatias em gestantes submetidas ao teste da mãezinha na rede pública de saúde. Revista de Atenção à Saúde, 15(51), 46-51.

Lopes, T. R. (2013). Análise do perfil genético da população do estado do Piauí por marcadores informativos de ancestralidade. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Piauí, Parnaíba.

Luna-López, A. E., Concepción-Yero, B., & Yero-Muro, L. B. (2020). Prevalencia de las hemoglobinopatías en gestantes de la provincia Sancti-Spíritus. Univ Méd Pinareña, 16(3), e558.

Maia, M. G., Silva Santos, J. L., Bezerra, M. L., Neto, M. S., Santos, L. H., & Santos, F. S. (2014). Indicador de qualidade da assistência pré-natal em uma maternidade pública. Journal of Management & Primary Health Care, 5(1), 40-47.

Modell, B., Khan, M., Darlison, M., King, A., Layton, M., Old, J., ... Varnavides, L. (2001). A national register for surveillance of inherited disorders: beta thalassaemia in the United Kingdom. Bull World Health Organ, 79, 1006-1013.

Monken, F. V., Barros, N. N., Valadares, P. J., Macedo, R. S., Cruz, S. G., Cury, P. S., ... Aguiar, R. J. (2010). Situações de urgência na gestante com doença falciforme. Rev Med Minas Gerais, 20(S2), 73-77.

Naoum, P. C. (1997). Hemoglobinopatias e talassemias. São Paulo: Savier.

Nicolato, R. L., Paula, C. A., Carneiro, C. M., Sabino, A. P., Santos, P. S., Costa, T. R., & Granato, F. S. (2018). Prevalência de hemoglobinopatias nos pacientes atendidos pelo Laboratório Piloto de Análises Clínicas da Escola de Farmácia – UFOP. Brazilian Journal of Clinical Analyses, 50(2 supl 2), 25-29.

Nomura, R. M., Igai, A. M., Tosta, K., Fonseca, G. H., Gualandro, S. F., & Zugaib, M. (2010). Resultados maternos e perinatais em gestações complicadas por doenças falciformes. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 32(8), 405-411.

Orlando, G. M., Naoum, P. C., Siqueira, F. A., & Bonini-Domingos, C. R. (2000). Diagnóstico laboratorial de hemoglobinopatias em populações diferenciadas. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 111-121.

Ramalho, A. S., Magna, L. A., & Paiva e Silva, R. B. (2003). A Portaria nº 822/01 do Ministério da Saúde e as peculiaridades das hemoglobinopatias em saúde pública no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 19(4), 1195-1199.

Sakamoto, T. M., Ivo, M. L., Brum, M. A., Pontes, E. R., Bonini-Domingos, C. R., & Ferreira Júnior, M. A. (2012). Anemia and hemoglobinopathies in pregnant women attended in a public hospital. Journal of Nursing UFPE, 6(7), 1576-1581.

Santana, I. O., Guimarães, N. P., & Bastos, R. A. (2017). Gestação em mulheres com anemia falciforme: uma revisão sobre as complicações maternas e fetais. Enfermagem Brasil, 16(1), 54-61.

Simões, B. P., Pieroni, F., Barros, G., Machado, C. L., Cançado, R. D., Salvino, M. A., ... Voltarelli, J. C. (2010). Consenso brasileiro em transplante de células-tronco hematopoéticas: comitê de hemoglobinopatias. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 32, 46-53.

Soares, L. F., Lima, E. M., Silva, J. A., Fernandes, S. S., Silva, K. M., Lins, S. P., ... Gonçalves, M. D. (2017). Prevalência de hemoglobinas variantes em comunidades quilombolas no estado do Piauí, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 22, 3773-3780.

Soares, L. F., Oliveira, E. H., Lima, I. B., Silva, J. M., Mota, J. T., & Bonini-Domingos, C. R. (2009). Hemoglobinas variantes em doadores de sangue do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Piauí (Hemopi): Conhecendo o perfil epidemiológico para construir a rede de assistência. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 31(6), 471-472

Souza, C. D. (2019). Modelagem espacial e epidemiológica dos óbitos por transtornos falciformes no estado da Bahia entre 2000 e 2013. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian Journal of Health Research, 21(3), 15-22.

Teixeira, S. V., da Rocha, C. R., de Moraes, D. S., Marques, D. M., & Esteves Villar, A. S. (2010). Educação em Saúde: A influência do perfil sócio-econômico-cultural das gestantes. Revista de Enfermagem UFPE, 4(1), 133-141.

Trampont, P., Roudier, M., Andrea, A. M., Nomal, N., Mignot, T. M., Leborgne-Samuel, Y., ... Decastel, M. (2004). The placental-umbilical unit in sickle cell disease pregnancy: a model for studying in vivo funtional adjustments for hypoxia in humans. Human pathology, 35(11), 1353-1359.

Viana-Baracioli, L., Bonini-Domingos, C. R., Pagliusi, R. A., & Naoum, P. C. (2001). Prevenção de hemoglobinopatias a partir do estudo em gestantes. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 23(1), 31-39.

Villers, M. S., Jamison, M. G., De Castro, L. M., & James, A. H. (2008). Morbidity associated with sickle cell disease in pregnancy. Am J Obstet Gynecol., 199(2), 1-5.

Zamaro, P. J., Hidalgo, C. A., & Bonini-Domingos, C. R. (2003). Análise quantitativa e molecular de hemoglobina fetal em indivíduos da população brasileira. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 25(4), 223-229.

Downloads

Publicado

2022-04-13

Edição

Seção

Ciências da Saúde

Como Citar

Perfil de hemoglobinopatias em gestantes: distribuição espacial e análise temporal de 2013 a 2019 no Estado do Piauí, Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 5, p. e49511527119, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i5.27119. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/view/27119. Acesso em: 16 set. 2025.