Primeiro registro sobre aspectos biológicos e comportamentais de rainhas virgens de Melipona (Michmelia) eburnea Friese 1900 (Meliponini: Apidae: Hymenoptera)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i11.33160Palavras-chave:
Abelhas-sem-ferrão; Melipona; Rainhas virgens; Comportamento.Resumo
As rainhas virgens, também chamadas de “princesas”, de Melipona são uma das castas físicas essenciais que compõem a sociedade das abelhas-sem-ferrão. Na colônia ou colmeia, são reprodutoras potenciais que, em conjunto com os machos, têm a função primordial de perpetuar a espécie nos ambientes onde habitam. Melipona eburnea apresenta ampla distribuição geográfica abrangendo Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. No Brasil (estados de Acre y Amazonas) sendo apontada como muito promissora para a meliponicultura pela produtividade e facilidade da sua criação e manejo. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de caso observacional para conhecer, na estação chuvosa, em condições de laboratoriais, aspectos biológicos e comportamentais de três rainhas virgens desta espécie. Para isso, a colônia original foi adaptada à caixa de observação e em seguida, um disco de cria nascente foi retirado da mesma e colocado em condições ideais de temperatura e umidade relativa. Enseguida ao nascimento, três rainhas virgens foram marcadas no tórax, com etiquetas coloridas e numeradas, usando-se cola atóxica e colocadas na colônia para serem aceitas pelas outras abelhas. As observações foram feitas entre fevereiro e maio de 2005, pela manhã, entre as 07:00 - 09:00h e entre as 10:00 - 12:00h. Registramos que a longevidade ou sobrevivência máxima na colônia, sem serem mortas ou expulsas, foi de 10 dias, variando de 8-10 dias. Constatamos que, uma vez que deixavam a colônia, nunca mais retornavam. As atividades comportamentais realizadas durante esse período foram classificadas em três categorias: autolimpeza, mobilidade e imobilidade. Destas, a mais representativa foi a mobilidade, seguida da imobilidade e autolimpeza.
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