Determinantes dos gastos com medicamentos em um hospital público federal no Rio de Janeiro de 2013 a 2020
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.33885Palavras-chave:
Gasto com medicamentos; Assistência Farmacêutica; Hospitais.Resumo
Os medicamentos são um dos principais fatores das despesas em saúde e garantir o acesso a essa tecnologia é um desafio diante da limitação financeira dos sistemas de saúde. O objetivo desse estudo foi analisar os gastos com medicamentos de um hospital federal terciário do Rio de janeiro entre 2013 e 2020. Dados de aquisição foram obtidos através do Sistema de Informação de Gestão e Controle de Estoque (SIGCE) do hospital. Os medicamentos foram classificados de acordo com o sistema WHO-ATC / DDD e agregados por quantidade e por gasto. Realizou-se análise de decomposição para os medicamentos da curva A, entre os anos 2015 e 2020. Os gastos anuais reduziram-se cerca de 20% no período (de R$ 16,9 milhões em 2013 para R$ 13,4 milhões em 2020), e a quantidade total adquirida também sofreu queda de 33,7%, variando de 5,7 milhões de unidades em 2013 para 3,8 milhões em 2020. Os preços e a quantidade contribuíram para a redução dos gastos, enquanto o mix de medicamentos contribui positivamente, optando-se pela aquisição de itens, em média, mais caros. Os agentes antineoplásicos, imunossupressores e anti-infecciosos de uso sistêmico foram os maiores gastos na classe A e juntos representaram em média 68,6% do gasto total da classe, destacando-se o subgrupo L01F (anticorpos monoclonais), além do subgrupo J02A (antimicóticos de uso sistêmico). Esse estudo demonstrou que a tendência de queda do gasto com medicamentos foi determinada pela diminuição da quantidade adquirida dos itens de maior preço unitário.
Referências
Addis, A., & Magrini, N. (2002). New approaches to analysing prescription data and to transfer pharmacoepidemiological and evidence‐based reports to prescribers. Pharmacoepidemiology and drug safety, 11(8), 721-726.
Alves, J. D. C., Osorio-de-Castro, C. G. S., Wettermark, B., & Luz, T. C. B. (2018). Immunosuppressants in Brazil: underlying drivers of spending trends, 2010–2015. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes Research, 18(5), 565-572.
Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (2012). Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.
Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016 (2016). Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana, na forma definida nesta Resolução. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf.
Belloni, A., Morgan, D., & Paris, V. (2016). Pharmaceutical expenditure and policies: past trends and future challenges. OECD Health Working Papers, (87).
Bermudez, J. A. Z., Oliveira, M. A., & Chaves, G. C. (2016). Novos medicamentos: quem poderá pagar? Cadernos de Saúde Pública, 32, e00025215.
Caetano, R. (2014). Avaliação de Tecnologias em Saúde. In: Osorio de castro, C. G. S., Luiza, V. L., Castilho, S. R., Oliveira, M. A., & Jaramillo, N. M. (Orgs.). Assistência Farmacêutica – Gestão e Prática para Profissionais da Saúde (cap. 15). Rio de janeiro: Fiocruz.
Carpanez, L. R., & Malik, A. M. (2021). O efeito da municipalização no sistema hospitalar brasileiro: os hospitais de pequeno porte. Ciência & Saúde Coletiva, 26, 1289-1298.
Chay, J., Donovan, P., Cummins, L., Kubler, P., & Pillans, P. (2013). Experience with low‐dose rituximab in off‐label indications at two tertiary hospitals. Internal Medicine Journal, 43(8), 871-882.
Danes, I., Agustí, A., Vallano, A., Martínez, J., Alerany, C., Ferrer, A., Lopez, A, Cortes Hernadez, J., & Bosch, J. A. (2013). Available evidence and outcome of off-label use of rituximab in clinical practice. European journal of clinical pharmacology, 69(9), 1689-1699.
DATASUS (2022) Tecnologia da Informação a Serviço do SUS. 2022. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?cnes/cnv/leiintbr.def.
David, G., Andrelino, A., & Beghin, N. (2016). Direito a Medicamentos. Avaliação das Despesas com Medicamentos no Âmbito Federal do Sistema Único de Saúde entre 2008 e 2015. Brasília: Inesc.
Gadelha, C. A. G., & Temporão, J. G. (2018). Desenvolvimento, Inovação e Saúde: a perspectiva teórica e política do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Ciência e Saúde Coletiva, 23, 1891-1902.
Gallego, G., Melocco, T., Taylor, S. J., & Brien, J. A. E. (2004). Impact of High‐Cost Drugs for Individual Patient Use. Journal of Pharmacy Practice and Research, 34(2), 100-103.
Gerdtham, U. G., Johannesson, M., Gunnarsson, B., Marcusson, M., & Henriksson, F. (1998). The effect of changes in treatment patterns on drug expenditure. Pharmacoeconomics, 13(1), 127-134.
Gomes, M. J. V. M., Reis, A. M. M. & Rosa, M.B. (2003). Abastecimento e gerenciamento de materiais. In: Magalhães, M. J. V.; Reis, A. M. M. (Orgs.) Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu.
Hensher, M., Tisdell, J., & Zimitat, C. (2017). “Too much medicine”: Insights and explanations from economic theory and research. Social science & medicine, 176, 77-84.
IMS Institute for Healthcare Informatics (2016). Delivering on the potencial of biosimilar medicines – The role of Functioning competitive markets. IMS Institute for Healthcare Informatics, 2016. https://www.medicinesforeurope.com/wp-content/uploads/2016/03/IMS-Institute-Biosimilar-Report-March-2016-FINAL.pdf.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2022). Variação acumulada no ano durante o Plano Real (%), dezembro 1995 - dezembro 2021. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precosconsumidor-amplo.html?edicao=20932&t=series-historicas.
Inglis, J. M., Caughey, G. E., & Shakib, S. (2019). Use of non-formulary high-cost medicines in an Australian public hospital. International Journal of Clinical Pharmacy, 41(4), 920-931.
Light, D. W., & Kantarjian, H. (2013). Market spiral pricing of cancer drugs. Cancer, 119(22), 3900-3902.
Kar, S. S., Pradhan, H. S., & Mohanta, G. P. (2010). Concept of essential medicines and rational use in public health. Indian journal of community medicine: official publication of Indian Association of Preventive & Social Medicine, 35(1), 10.
Karikios, D. J., Schofield, D., Salkeld, G., Mann. K., P., Trotman, J., & Stockler, M. R. (2014). Rising Cost of Anticancer Drugs in Australia. Internal Medical Journal, 44(5), 458-463.
Karampli, E., Souliotis, K., Polyzos, N., Kyriopoulos, J., & Chatzaki, E. (2014). Pharmaceutical innovation: impact on expenditure and outcomes and subsequent challenges for pharmaceutical policy, with a special reference to Greece. Hippokratia, 18(2), 100.
Kastanioti, C., Mavridoglou, G., Karanikas, H., & Polyzos, N. (2016). ABC analysis: a tool of effectively controlling pharmaceutical expenditure in Greek NHS hospitals. Journal of Pharmaceutical Health Services Research, 7(3), 173-179.
Kivoto, P. M., Mulaku, M., Ouma, C., Ferrario, A., Kurdi, A., Godman, B., & Oluka, M. (2018). Clinical and financial implications of medicine consumption patterns at a leading referral hospital in Kenya to guide future planning of care. Frontiers in pharmacology, 9, 1348.
Kwon, H. Y., Yang, B., & Godman, B. (2015). Key components of increased drug expenditure in South Korea: implications for the future. Value in Health Regional Issues, 6, 14-21.
La Forgia, G. M., & Couttolenc, B. F (2009). Desempenho hospitalar no Brasil: a busca da excelencia. The World Bank.
Lima, E. D. C., Sandes, V. D. S., Caetano, R., & Osorio-de-Castro, C. G. S. (2010). Incorporação e gasto com medicamentos de relevância financeira em hospital universitário de alta complexidade. Caderno saúde coletiva, 18(4), 551-559.
Luchese, M. D., Bertolini, S. R., Moro, A. M., & Larentis, A. L. (2017). Dependência tecnológica na produção de imunobiológicos no Brasil: transferência de tecnologia versus pesquisa nacional. Univ Soc, 59, 46-54.
Luz, T. C. B., Garcia Serpa Osorio-de-Castro, C., Magarinos-Torres, R., & Wettermark, B. (2017). Trends in medicines procurement by the Brazilian federal government from 2006 to 2013. Policy Impact Collection, 12(4).
Machado, C. V., Lima, L. D. D., & Andrade, C. L. T. D. (2014). Federal funding of health policy in Brazil: trends and challenges. Cadernos de Saúde Pública, 30, 187-200.
Mendes, A, Funcia, F. R. & Marques, R. M (2016). O SUS e seu financiamento. In: Marques, R.; Piola, S. F.; Roa, A. C. (Org.). Sistema de Saúde no Brasil: organização e financiamento (p. 139-168). Rio de Janeiro: Abres, MS, OPAS/OMS.
Novaes, M. R. C. G., Souza, N. N. R., Néri, E. D. R., Carvalho, F., Bernardino, H., & Marcos, J. (2009). Guia de boas práticas em Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde-SBRAFH. São Paulo: Ateliê Vide o Verso.
OECD (2015). Health at a Glance 2015: OECD Indicators. Paris: OECD Publishing. https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/health-at-a-glance-2015_health_glance-2015-en.
Prosser, H., & Walley, T. (2006). New drug prescribing by hospital doctors: the nature and meaning of knowledge. Social Science & Medicine, 62(7), 1565-1578.
Rye, C. B., & Kimberly, J. R. (2007). The adoption of innovations by provider organizations in health care. Medical Care Research and Review, 64(3), 235-278.
Serra-Sastre, V., & Mcguire, A. (2009). Diffusion of health Technologies: evidence from the pharmaceutical sector. In: Joan, C. F., Courbage, C. & Mcguire, A (Eds.). The Economics of New Technologies: incentives, organization and financing (p. 53-74, 2009). England: Oxford University press.
Silva, L. P. A. (2020). Orçamento temático de acesso a medicamentos 2019. Brasília: Inesc.
Souza, K. A. D. O., & Souza, L. E. P. F. D. (2018). Incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde: as racionalidades do processo de decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Saúde em Debate, 42, 48-60.
Statista (2016, Jun 20). Oncology spending as a percentage of total pharmaceutical spending in selected countries in 2015. 2021. https://www.statista.com/statistics/696055/oncology-spending-as-share-of-pharma-spending-by-country/.
Tordoff, J. M., Norris, P. T., & Reith, D. M. (2008). “Price management” and its impact on hospital pharmaceutical expenditure and the availability of medicines in New Zealand hospitals. Value in Health, 11(7), 1214-1226.
Trindade, E. (2008). A incorporação de novas tecnologias nos serviços de saúde: o desafio da análise dos fatores em jogo. Cadernos de saúde pública, 24, 951-964.
Vidal, T. J., Figueiredo, T. A., & Pepe, V. L. E. (2018). O mercado brasileiro de anticorpos monoclonais utilizados para o tratamento de câncer. Cadernos de Saúde Pública, 34.
Vieira, F. S. (2018). Evolução do gasto com medicamentos do Sistema Único de Saúde no período de 2010 a 2016 (N0 2356). Texto para Discussão.
Wannmacher, L. (2006). Quanto é evidente a evidência na saúde. Uso Racional de Medicamentos–Temas selecionados. Brasília, 3(5).
World Health Organization (WHO). (2010). Relatório Mundial da Saúde. Financiamento dos Sistemas de Saúde. Publicações da OMS. https://www.who.int/eportuguese/publications/pt/.
World Health Organization (WHO). (2003). Introduction to Drug Utilization Research/WHO International Working Group for Drug Statistics Methodology. WHO Collaborating Center for Drug Statistics Methodology. World Health Organization, Oslo, Norway.
World Health Organization (WHO). (2021). Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology (WHOCC). Guidelines for ATC Classification and DDD assignment 2022. Oslo: WHO. https://www.whocc.no/atc_ddd_index_and_guidelines/guidelines/.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Maria Aparecida Corrêa da Silva; Milene Rangel da Costa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.