Estilo de vida saudável por raça/cor da pele e nível educacional no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20911Palavras-chave:
Origem Étnica e Saúde; Fatores Socioeconômicos; Disparidades nos níveis de saúde; Estilo de vida.Resumo
Este estudo objetivou descrever a prevalência de estilos de vida saudáveis e examinar sua associação com o efeito combinados da cor da pele e a escolaridade no Brasil. Estudo transversal. Os dados foram obtidos da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, no Brasil. A cor da pele foi categorizada em branco, pardo e negro e a escolaridade em baixa, média ou alta. Para avaliar os efeitos da cor da pele e dos níveis de escolaridade, foi criada uma variável combinada. Os fatores de estilo de vida saudável consistiram em: não fumante; não consumo de risco de álcool; consumo diário de frutas, consumo diário de verduras e legumes e ser ativo. O estilo de vida foi categorizado como menos saudável ou mais saudável. Dos 59.249 participantes, 18,4% dos autodeclararados brancos e 6,8% dos autodeclarados pretos referiram ter ensino superior. O status de estilo de vida saudável diferiu por cor de pele e nível educacional. A prevalência de 3 ou mais parâmetros foi superior a 80% entre os indivíduos com alta escolaridade, independentemente da cor da pele. A associação do estilo de vida saudável com os efeitos combinados da cor da pele e da escolaridade permaneceu significativa após os ajustes, exceto entre aqueles com cor de pele classificada como parda e preta com alto nível educacional. A escolaridade pode ser um dos importantes determinantes estruturais do estado de saúde no Brasil, principalmente entre aqueles que se autodeclaram pretos e pardos. O investimento em educação pode ser útil para reduzir as desigualdades raciais.
Referências
Assari, S., & Mistry, R. (2018). Educational Attainment And Smoking Status In A National Sample Of American Adults; Evidence For The Blacks’ Diminished Return. International Journal Of Environmental Research And Public Health, 15,763.
Bailey, S., Loveman, M., & Muniz, J. (2013). Measures Of "Race" And The Analysis Of Racial Inequality In Brazil. Social Science Research, 42, 106-19.
Barber, S., Diez-Roux, A., Cardoso, L., Santos, S., Toste, V., James, S., Barreto, M., & Giatti, L. (2017). At The Intersection Of Place, Race, And Health In Brazil: Residential Segregation And Cardio-Metabolic Risk Factors In The Brazilian Longitudinal Study Of Adult Health (Elsa-Brasil). Social Science & Medicine, 17, S0277-9536.
Barros, M., Cesar, C., Carandina, L., & Torre, G. (2006). Desigualdades Sociais Na Prevalência De Doenças Crônicas No Brasil, Pnad-2003. Ciência & Saúde Coletiva, 11 (4),911-926.
Barros, M., Lima, M., Medina, L., Szwarcwald, C., & Malta, D. (2016). Social Inequalities In Health Behaviors Among Brazilian Adults: National Health Survey, 2013. International Journal For Equity In Health, 15(148), 1-10.
Batista, L., & Barros, S. (2017). Enfrentando O Racismo Nos Serviços De Saúde. Cadernos De Saúde Pública, 33, Suppl 1.
Beard, E., Brown, J., West, R., Kaner, E., Meier, P., & Michie, S. (2019) Associações Entre Fatores Socioeconômicos E Consumo De Álcool: Um Levantamento Populacional De Adultos Na Inglaterra. Plos One, 14, 2p. E0209442.
Bls. Bureau Of Labor Statistics. (2019). Unemployment Rates And Earnings By Educational Attainment. Https://Www.Bls.Gov/Emp/Tables/Unemployment-Earnings-Education.Htm
Bower, K., Thorpe J., Rohde, C., & Gaskin, D. (2014). The Intersection Of Neighborhood Racial Segregation, Poverty, And Urbanicity And Its Impact On Food Store Availability In The United States. Preventive Medicine, 58, 33–39.
Brasil. Lei Nº 12.711, De 29 De Agosto De 2012. (2012). Dispõe Sobre O Ingresso Nas Universidades Federais E Nas Instituições Federais De Ensino Técnico De Nível Médio E Dá Outras Providências. Diário Oficial Da União.
Brasil. Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística (IBGE). (2012). Base De Informações Do Censo Demográfico 2010: Resultados Do Universo Por Setor Censitário. 2011. Rio De Janeiro: Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística.
Brasil. Ministério Do Desenvolvimento Social E Combate À Fome. (2010). Bolsa Família: Cidadania E Dignidade Para Milhões De Brasileiros. Brasília.
Brasil. Ministério Da Saúde. (2019). Secretaria De Gestão Estratégica E Participativa. Departamento De Analise Em Saúde E Vigilância De Doenças Crônicas Não Transmissíves. Vigitel Brasil 2018 População Negra: Vigilância De Fatores De Risco E Proteção Para Doenças Crônicas Para A População Negra Nas Capitais Dos 26 Estados Brasileiros E No Distrito Federal Em 2018. Brasília: Ministério Da Saúde, 133.
Brasil. Ministério Da Saúde. Secretaria De Gestão Estratégica E Participativa. Departamento De Apoio À Gestão Participativa E Ao Controle Social. (2017). Política Nacional De Saúde Integral Da População Negra: Uma Política Para O Sus. (3ª Ed.): Editora Do Ministério Da Saúde, 44.
Chor, D., Andreozzi, V., Fonseca, M., Cardoso, L., James, S., Lopes, A., & Faerstein, E. (2015). Social Inequalities In Bmi Trajectories: 8-Year Follow-Up Of The Pró-Saúde Study In Rio De Janeiro, Brazil. Public Health Nutrition, 18 (17), 3183-91. 10.1017/S1368980015001032.
Chor, D. (2013). Desigualdades Em Saúde No Brasil: É Preciso Ter Raça. Cadernos De Saúde Pública, 29(7),1272-1275.
Cockerham, W., Bauldry, S., Hamby, B., Shikany, J., & Bae, S. (2017). A Comparison Of Black And White Racial Differences In Health Lifestyles And Cardiovascular Disease. American Journal Of Preventive Medicine, 52(1),S56-S62.
Duran, A., Roux, A., Latorre M., &Jaime P. (2013). Neighborhood Socioeconomic Characteristics And Differences In The Availability Of Healthy Food Stores And Restaurants In Sao Paulo, Brazil. Health & Place, 23, 39-47.
Edgerton, D., Roberts, L., Below, S., & Land, K. (2012). Education And Quality Of Life. Handbook Of Social Indicators And Quality Of Life Research. 10.1007/978-94-007-2421-1_12.
Fonseca, R., Michaud, P., & Zheng, Y. (2020). The Effect Of Education On Health: Evidence From National Compulsory Schooling Reforms. Series, 11, 83–103.
Gbd Brazil Collaborators. (2018). Burden Of Disease In Brazil, 1990–2016: A Systematic Subnational Analysis For The Global Burden Of Disease Study 2016. Lancet, 392, 760-775.
Giovino, G., Mirza, S., Samet, J., Gupta, P., Jarvis, M., Bhala, N., Peto, R., & Gats Collaborative Group. (2012). Tobacco Use In 3 Billion Individuals From 16 Countries: An Analysis Of Nationally Representative Cross-Sectional Household Surveys. The Lancet, 380 (9842), 668-679.
Hints. Health Information National Trends Survey. Available Online:Https://Hints.Cancer.Gov/ (Accessed On 27 July 2020).
Ibge, Diretoria De Pesquisas, Coordenação De População E Indicadores Sociais. 2018. Desigualdades Sociais Por Cor Ou Raça No Brasil.
Connolly, H., & Gottschalk, P. (2006). Differences In Wage Growth By Education Level: Do Less-Educated Workers Gain Less From Work Experience? Iza Discussion Paper, 2331. Https://Ssrn.Com/Abstract=937356
Jaime, P., Stopa, S., Oliveira, T., Vieira, M., Szwarcwald, C., &Malta, D. (2015). Prevalência E Distribuição Sociodemográfica De Marcadores De Alimentação Saudável, Pesquisa Nacional De Saúde, Brasil 2013. Epidemiologia E Serviços De Saúde, 24(2), 267-276.
Lopes, A., Menezes, M., & Araújo, M. (2017). O Ambiente Alimentar E O Acesso A Frutas E Hortaliças: ‘Uma Metrópole Em Perspectiva. Saúde E Sociedade, 26 (3), 764-773.
Malta, D., Moura, L., & Bernal, R. (2015). Diferenciais Dos Fatores De Risco De Doenças Crônicas Não Transmissíveis Na Perspectiva De Raça/Cor. Ciência & Saúde Coletiva, 20 (3), 713-725.
Szklo, M., & Nieto, F. J. (2004). Epidemiology: Beyond the basics. Sudbury, Mass: Jones and Bartlett.
Malta, D., Stopa, S., Santos, M., Andrade, S., Oliveira, T., Cristo, E., & Silva, M. (2017). Evolução De Indicadores Do Tabagismo Segundo Inquéritos De Telefone, 2006-2014. Cadernos De Saúde Pública, 33. Http://Www.Scielo.Br/Scielo.Php?Script=Sci_Arttext&Pid=S0102-311x2017001505008&Lng=En.
Mays, V., Cochran, S., & Barnes, N. (2007). Race, Race-Based Discrimination, And Health Outcomes Among African Americans. Annual Review Of Psychology, 58, 201-225. 10.1146/Annurev.Psych.57.102904.190212.
Mielke, G., Malta, D., Sá, G., Reis, R. & Hallal, P. (2015). Diferenças Regionais E Fatores Associados À Prática De Atividade Física No Lazer No Brasil: Resultados Da Pesquisa Nacional De Saúde-2013. Revista Brasileira De Epidemiologia, 18, Suppl 2, 158–69.
Monteiro, C., Cavalcante, T., Moura, E., Claro, R., & Szwarcwald, C. (2007). Population-Based Evidence Of A Strong Decline In The Prevalence Of Smokers In Brazil (1989-2003). Bulletin Of The World Health Organization, 85 (7), 527-534.
Mpofu, J., Moura, L., Farr, S., Malta, D., Iser, B., Bernal, R., Robbins, C., & Lobelo, F. (2016). Associations Between Noncommunicable Disease Risk Factors, Race, Education, And Health Insurance Status Among Women Of Reproductive Age In Brazil — 2011. Preventive Medicine Reports, 3, 333–7.
Noronha, B., Nascimento-Souza, M., Lima-Costa, M., & Peixoto, S. (2019). Padrões De Consumo De Álcool E Fatores Associados Entre Idosos Brasileiros: Pesquisa Nacional De Saúde (2013). Ciência & Saúde Coletiva, 24(11), 4171-41802019.
Oecd. Organization For Economic Co-Operation And Development. (2015). Income Inequality: The Gap Between Rich And Poor. Paris: Oecd Publishing.
Oecd. Organization For Economic Co-Operation And Development. (2018). Divided Cities: Understanding Intra-Urban Inequalities. Paris: Oecd Publishing.
Paixão, M., Rossetto, I., Montovanele, F., &Carvano, L. M. (2010). Relatório Anual Das Desigualdades Raciais No Brasil; 2009-2010. Rio De Janeiro: Garamond.
Patrão, A., Almeida, M., Matos, S., Chor, D., & Aquino, E. (2017). Gender And Psychosocial Factors Associated With Healthy Lifestyle In The Brazilian Longitudinal Study Of Adult Health (Elsa-Brasil) Cohort: A Cross-Sectional Study. Bmj Open, (7), E015705.
Pearce, N., Ebrahim, S., Mckee, M., Lamptey, P., Barreto, M., Matheson, D., & Walls, H. (2015). Global Prevention And Control Of Ncds: Limitations Of The Standard Approach. Journal Of Public Health Policy, 36 (4), 408-425.
Piirtola, M., Jaakko, K., Urho, M., Kauko, H., Markku, K., & Pia, S. (2016). Association Between Education And Future Leisure-Time Physical Inactivity: A Study Of Finnish Twins Over A 35-Year Follow-Up. Bmc Public Health, 16, 720.
Rasella, D., Hone, T., Souza, E., Tasca, R., Basu, S., & Millett, C. (2019). Mortality Associated With Alternative Primary Healthcare Policies: A Nationwide Microsimulation Modelling Study In Brazil. Bmc Medicine, 17 (1), 82.
Souza-Júnior, P., Freitas, M., Antonaci, G., & Szwarcwald, C. (2015). Desenho Da Amostra Da Pesquisa Nacional De Saúde 2013. Epidemiologia E Serviços De Saúde, 24 (2), 207-216.
Szwarcwald, C., Damacena, G., Souza Júnior, P., Almeida, W., Lima, L., Malta, D., Stopa, S., Vieira, M., & Pereira, C. (2015). Determinantes Da Autoavaliação De Saúde No Brasil E A Influência Dos Comportamentos Saudáveis: Resultados Da Pesquisa Nacional De Saúde, 2013. Revista Brasileira De Epidemiologia, 18, Suppl 2, 33-44.
Szwarcwald, C., Malta, D., Pereira, C., Vieira, M., Conde, W., Souza Júnior, P., & Damacena, G. (2014). National Health Survey In Brazil: Design And Methodology Of Application. Cien Saude Colet, 19 (2), 333-342.
Who. World Health Organization. (2018). Noncommunicable Diseases. Https://Www.Who.Int/News-Room/Fact-Sheets/Detail/Noncommunicable-Diseases.
Williams, D., & Cooper, L. (2019). Reducing Racial Inequities In Health: Using What We Already Know To Take Action. International Journal Of Environmental Research And Public Health, 16 (4), 606.
Williams, D., & Mohammed, S. (2009). Discrimination And Racial Disparities In Health: Evidence And Needed Research. Journal Of Behavioral Medicine, 32 (1), 20-47.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Mariana Souza Lopes; Patrícia Pinheiro de Freitas; Caroline Otoni da Silva; Raquel de Deus Mendonça; Suellen Fabiane Campos; Deborah Carvalho Malta ; Aline Cristine Souza Lopes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
