Intoxicação exógena em pacientes atendidos no Centro de Informação e Assistência Toxicológica em tempos da pandemia da COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i3.45383Palavras-chave:
Intoxicação; Suicídio; COVID-19; Distrito Federal.Resumo
Intoxicação é definida como um evento adverso decorrente da ação de substâncias químicas que geram uma patologia ao indivíduo. A OMS reportou que três milhões de admissões hospitalares ocorrem anualmente devido à exposição tóxica em todo o mundo. Com a progressão dos casos de infecção pelo SARS-CoV-2 em 2020, as ligações para os Centros de Intoxicações, devido exposição à produtos de limpeza, álcool em gel e desinfetantes, aumentaram rapidamente no início de março de 2020 nos EUA. Diante dessa observação, foi levantada a hipótese que o padrão de intoxicação exógena mudou para outros agentes tóxicos. Por isto este trabalho teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico das intoxicações exógenas registradas pelo CIATOX-DF, durante os meses de março de 2020 até fevereiro de 2021, período vigente a pandemia por COVID-19. Durante a pandemia de COVID-19, observou-se um aumento dos casos acidentais, ambientais, de animais peçonhentos e não peçonhentos, especialmente os bebês e pré-adolescentes e adolescentes (11 a 15 anos) e em mulheres, devido a maior exposição desta faixa etária e gênero que ficaram mais no ambiente rural. As intoxicações apresentam em sua maioria como acidentais, que intensificaram. Foi possível observar diminuição dos casos de suicídios, mas dentro dos casos de suicídios houve tendência de aumento dos casos de intoxicações por pré-adolescentes e adolescentes (11 a 15 anos) em relação as outras idades, sendo explicado pelo aumento da ansiedade dentro desta faixa etária. Os principais agentes tóxicos foram os animais peçonhentos e não peçonhentos. Continuou com alta frequência dos casos de medicamentos, agrotóxicos e domissanitários, com aumento significativo dos casos com álcool a 70%. Observa-se que pacientes moradores em cidades mais afastadas do plano sofrem acidentes com animais peçonhentos. Os casos acidentais e de tentativas de suicídios ocorrem mais em cidades mais próximas ao plano piloto. Conclui-se que estas mudanças se explicam pelo novo padrão de comportamento social durante a pandemia.
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