Desvelando a vivência da parturição nas maternidades na percepção das usuárias
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10509Palavras-chave:
Direitos sexuais e reprodutivos; Serviços de saúde materno-infantil; Saúde materno-infantil; Saúde da mulher; Violência contra a mulher.Resumo
O cenário obstétrico brasileiro é caracteristicamente marcado pelo excesso de intervenções e pelo desrespeito ao protagonismo da parturiente, violando o direito humano de um cuidado humano e seguro durante o trabalho de parto. Este estudo objetivou desvelar a vivência da parturição nas maternidades de Campina Grande/PB na percepção das usuárias. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa desenvolvido em Unidades Básicas de Saúde com uma amostra de 17 mulheres, abordadas por meio de entrevistas guiadas por um roteiro semiestruturado. Os dados foram analisados na modalidade Análise de Conteúdo Temática, ancorados no referencial teórico da literatura científica e nas diretrizes que conceituam e norteiam o debate sobre violência obstétrica, emergindo duas categorias empíricas: Solidão versus exposição durante a parturição e As faces da violência obstétrica. Os resultados evidenciaram que a maior parte das mulheres referiram a ausência dos profissionais de saúde durante a parturição, e quando estes estavam presentes, promoviam maus tratos com a realização de técnicas intervencionistas desnecessárias e abusos psicológicos. Ademais, as mulheres vivenciaram durante o internamento a ausência de manejo da dor do parto e exposição de seus corpos para fins de aprendizado ou pela falta de uma estrutura física adequada, resultando em uma experiência traumática. Todos esses achados apontam a ausência de um cuidado digno, e para a necessidade de qualificação profissional para uma assistência humanizada.
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