Diagnóstico de Manguezais Periurbanos após 20 anos de impactos antrópicos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.10657Palavras-chave:
Conservação de manguezais; Despejo de esgoto; Estuário; Rio Itanhaém.Resumo
O crescimento das zonas urbanas ao longo das últimas décadas vem interferindo na dinâmica dos manguezais, prejudicando a prestação de serviços ecossistêmicos. O objetivo do presente estudo foi verificar o perfil da distribuição das espécies vegetais, alterações na estrutura do solo e nos parâmetros que atestam a qualidade da água em manguezais periurbanos às margens do Rio Itanhaém, no município de Itanhaém (São Paulo, Brasil). Os resultados obtidos neste estudo, realizado entre os anos de 2017 e 2019, foram confrontados com estudos conduzidos entre os anos de 1996 e 1998, refletindo numa comparação de quase duas décadas de incremento na urbanização, em face do aumento populacional de 31% entre 1997 e 2017. As análises sugeriram alteração da composição de espécies vegetais das parcelas estudadas, especialmente naquelas mais próximas ao Rio Itanhaém. Os resultados das análises de sedimento demonstraram incremento de matéria orgânica no solo das estações de coleta e as análises da qualidade das águas nos diferentes pontos de coleta mostraram resultados em desacordo com os parâmetros estabelecidos pelas Resoluções CONAMA 357/05 e 274/00. A partir dos resultados obtidos, foi possível verificar que a velocidade com que vem se processando a expansão e especulação urbana nas cidades litorâneas, tem levado a uma degradação do ecossistema manguezal e entende-se que seja da maior importância haver o monitoramento da vegetação litorânea.
Referências
Almeida, V. C., Coelho Junior, C., Feitosa, F., Pastor, D., &Monte, G. (2014). Caracterização estrutural do manguezal do rio Tabatinga, Suape, Pernambuco, Brasil. Tropical Oceanography, 42(1), 33-47.
Alongi, D. M. (2008). Mangrove forests: Resilience, protection from tsunamis, and responses to global climate change. Estuarine Coastal Sciences Association (ECSA), 76(1), 1-13.
Alongi, D. M. (2015). The Impact of Climate Change on Mangrove Forests. Current Climate Change Reports (1), 30-39.
APHA, AWWA, WEF (2017). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, (23a ed.), Washington, D.C.: American Public Health Association.
Barcelos, M. E. F., Riguete J. R., Silva L. T. P. & Ferreira Jr., P. F. (2012). Uma visão panorâmica sobre os solos das restingas e seu papel na definição de comunidades vegetais nas planícies costeiras do sudeste do Brasil. Natureza Online 10 (2), 71-76.
Barcellos, D., Queiroz, H. M, Nóbrega, G. N., Oliveira Filho, R. L. de, Santaella, S. T., Otero, X. L. & Ferreira, T. O. (2019). Phosphorus enriched effluents increase eutrophication risks for mangrove systems in northeastern Brazil. Marine Pollution Bulletin, 142, 58-53.
Bernardino, A. F., Sanders, C.J., Bissoli, L. B., Gomes, L. E., Kauffman, J. B. O., & Ferreira, T. O. (2020). Land use impacts on benthic bioturbation potential and carbon burial in Brazilian mangrove ecosystems. Limnology and Oceanography, 9999, 1-11.
Blasco, F., Saenger, P., & Janodet, E (1996). Mangroves as indicators of coastal change. Catena, 27(3-4), 167-178.
Brasil (2000). Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 274 de 29 de novembro de 2000. Estabelece as condições de balneabilidade das águas brasileiras. http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res27400.html.
Brasil (2005). Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459.
Brasil (2019). Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento – SNS. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: 24º Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2018. Brasília: SNS/MDR, 2019 180p.
Camargo, A. F. M., Ferreira, R. A. R., Schiavetti, A. & Bini, L. M. (1996). Influence of physiography and human activity on limnological characteristics of lotic ecosystems of the south coast of São Paulo, Brazil. Acta Limnologica Brasiliensia, 8(2), 231-243.
Camargo, A. F. M., Nucci, P. R., Bini, L. M. & Silva Jr, U. L. (1997). The influence of the geology on the limnological characteristics of some lotic ecosystems of the Itanhaém River Basin, SP-Brazil. Internationale Vereinigung für theoretische und angewandte Limnologie, 26(2), 860-864.
Casagrande, A. (1948). Classification and Identification of Soils. Transactions of the American Society of Civil Engineers, 113, 901-930. 1948.
CBH-BS (2016). Plano de Bacia Hidrográfica 2016-2027 do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista. Volume I: Diagnóstico. 456pp
CETESB, ANA. L5.221. (2012). Coliformes termotolerantes - determinação pela técnica de membrana filtrante: método de ensaio. (2a ed.). 18 p. https://cetesb.sp.gov.br/normas-tecnicas-cetesb/normas-tecnicas-vigentes/
Cintrón, G., Lugo, A.E. & Martinez, R. (1985.) “Structural and functional properties of mangrove forests”, pp. 53-66. In: W.G. D’Arcy, M.D.A. Correa (eds.) The botany and natural history of Panama. Saint Louis, Missouri: Missouri Botanical Garden.
Climate-data.org (2020). Clima: Itanhaém. https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/sao-paulo/itanhaem-32844/.
DAEE – Departamento de águas e energia elétrica do Estado de São Paulo. Banco de Dados Hidrológicos (2019). http://www.hidrologia.daee.sp.gov.br/.
De Araújo, R., & Alfredini, P. (2003). Longshore Sediment Transport Rate Along Suarão and Cibratel Beaches, Itanhaém, SP, Brazil. Journal of Coastal Research, 232-243.
Derísio, J. C. (2013). Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. (4a ed.), atual. Oficina de Textos.
Ellison, J. C. (2014). How South Pacific Mangroves May Respond to Predicted Climate Change and Sea-Level Rise. In: A. Gillespie and W.C.G. Burns (eds.) C. Climate change in the South Pacific: Impacts and Responses in Australia, New Zealand and Small Island States, 289-301. Klewer Academic Publishers, The Netherlands.
Harari, J., & De Camargo, R. (2003). Numerical simulation of the tidal propagation in the coastal region of Santos (Brazil, 24 S 46 W). Continental Shelf Research, 23(16), 1597-1613.
Henriques, M. B., Marques, H. L. A., Lombardi, J. V., Pereira, O. M. & Garcia, A. L. B. (2003). Influência da contaminação bacteriológica sobre a resistência do mexilhão Perna perna (L., 1758) à exposição ao ar. Arquivos de Ciência do Mar, 36, 95-99.
Lamberti, A. (1969). Contribuição ao conhecimento da ecologia das plantas dos manguezais de Itanhaém. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade de São Paulo, 217, série botânica, 23: 1-27.
León, J. A. C. (2005). Calidad de aguas para estudiantes de ciencias ambientales. Universidad Distrital Francisco José de Caldas.
Lopes, D. M. S., Tognella, M. M. P., Falqueto, A. R. & Soares, M. L. G. (2019). Salinity variation effects on photosynthetic responses of the mangrove species Rhizophora mangle L. growing in natural habitats. Photosynthetica, 57 (4): 1142 – 1155.
Lovelock, C. E., Ball M. C., Martin, K. C. & Feller, I. C. (2009). Nutrient Enrichment Increases Mortality of Mangroves. PLoS ONE 4(5): e5600.
Lugo, A.E. & Snedaker, S.C. (1974). The ecology of mangroves. Annual Review of Ecology and Systematic, 5: 39-64.
Moschetto, F. A., Ribeiro, R. B., & De Freitas, D. M. (2020). Urban expansion, regeneration and socioenvironmental vulnerability in a mangrove ecosystem at the southeast coastal of São Paulo, Brazil. Ocean & Coastal Management, 105418.
Mueller-Dombois, D., Ellenberg, H. (1974). Aims and of vegetation ecology. John Wiley e Sons, 547 p.
Olmos, F.& SILVA, R. S. (2003) Guará: Ambiente, Flora e Fauna dos Manguezais de Santos-Cubatão, Brasil. Empresa das Artes, 216p.
Pereira, L. A. (2002). Análise ambiental da bacia do Rio Itanhaém baseada na relação entre os aspectos limnológicos com fisiografia, uso da terra e sistema hidrológico –SP. Tese de Doutorado em Geologia Ambiental. Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. 2002.
Piratoba, A. R. A., Ribeiro, H. M. C., Morales, G. P., & Gonçalves, W. (2017). Caracterização de parâmetros de qualidade da água na área portuária de Barcarena, PA, Brasil. Ambiente & Água-An Interdisciplinary Journal of Applied Science 12, 435-456.
Quiñones, E. M. (2000). Relações água-solo no sistema ambiental do Estuário de Itanhaém (SP). Tese de Doutorado. Faculdade de Engenharia Agrícola. UNICAMP.
Quiñones, E. M., Perez Filho, A. (2001). Influência do esgoto doméstico no ecossistema manguezal. Holos Environment, 1 (2), 199-213.
Ricardi-Branco, F., Branco, F. C., Garcia, R. J. F., Faria, R. S. & Pereira, S. Y. (2009). Plant accumulations Along the Itanhaém river basin, Southern coast of São Paulo State, Brazil. Palaios, 24(7/8): 416-24.
Schaeffer-Novelli, Y. (coord.) (1995). Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. Caribbean Ecological Research. 64p.
Schaeffer-Novelli, Y., Cintrón-Molero, G., Soares, M. L. G. & De Rosa, T. (2000). Brazilian mangroves. Aquatic Ecosystem Health and Management, 3, 561-570.
Schaeffer-Novelli, Y., Soriano-Sierra, E. J. S, Vale, C.C., do, Bernini, E., Rovai, A. S., Pinheiro, M. A. A., Schmidt, A. J., Almeida, R. de, Coelho Júnior, C., Menghini, R. P., Martinez, D. I, Abuchahla, G. M. de O., Cunha-Lignon, M., Charlier-Sarubo, S., Shirazawa-Freitas, J., & Cintrón-Molero, G,. (2016). Climate changes in mangrove forests and salt marshes. Brazilian Journal of Oceanography, 64(spe2), 37-52.
Souza-Pereira, P. E., & Camargo, A. F. M. (2004). Efeito da salinidade e do esgoto orgânico sobre a comunidade zooplanctônica, com ênfase nos copépodes, do estuário do rio Itanhaém, Estado de São Paulo. Acta Scientiarum: Biological Sciences, 26(1), 9-17.
Tam N. F. Y. & Wong, Y. S. (1996). Retention of Wastewater-Borne Nitrogen and Phosphorus in Mangrove Soils, Environmental Technology, 17(8), 851-859.
Von Sperling, M. (2007). Estudos de modelagem da qualidade da água de rios. Belo Horizonte: UFMG, 7. 452 p.
Yang, Q., Tam, N. F. Y., Wong, Y. S., Luan, T. G., Su, W. S., Lan, C. Y., Cheung, S. G. (2008). Potential use of mangroves as constructed wetland for municipal sewage treatment in Futian, Shenzhen, China. Marine Pollution Bulletin, 57(6-12), 735–742.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Katia Domingues Blotta ; Luciana Lopes Guimarães; Eliane Marta Quinoñes Braz ; Mara Angelina Galvão Magenta; Renan Braga Ribeiro; Fábio Giordano
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
