Lesões fatais em região crânio-facial em mulheres: análise post-mortem
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i12.11017Palavras-chave:
Mulheres; Violência contra a mulher; Traumatismos craniocerebrais; Traumatismos faciais; Causas de morte; Homicídio.Resumo
O objetivo desse estudo foi identificar o perfil epidemiológico e padrão dos ferimentos letais em mulheres vítimas de homicídio apresentando lesões na região crânio-facial como causa morte, no período de janeiro a dezembro de 2018. Tratou-se de um estudo transversal, retrospectivo, descritivo realizado através da avaliação de laudos tanatológicos em um instituto de medicina forense. Diante dos critérios de inclusão da pesquisa a amostra foi de 62 casos, com predomínio de mulheres com faixa etária de 19 a 29 anos (46,9%), pardas/pretas (76,9%), acontecendo em dias de semana e realizado em vias públicas. As lesões mais prevalentes foram feitas utilizando o instrumento perfuro-contundente (83,4%), transfixante (43,8%), com ocorrência de fraturas no crânio (81,2%) e em 8,2%. na face. Os resultados apresentaram que o gênero feminino reflete perfil sociodemográfico semelhante ao das vítimas globais de homicídios no país, e o padrão das lesões que provocam a morte de mulheres na crânio-facial é composto de lesões realizadas por instrumento de alta energia que produz importantes danos e fraturas nas estruturas da região.
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