Subdiagnóstico da Hipertensão Arterial em adultos quilombolas de região baiana, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.11055Palavras-chave:
Hipertensão; Fatores de risco; Comunidades vulneráveis; Grupo com ancestrais do continente africano; Inquérito epidemiológico.Resumo
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica atrelada a fatores hereditários, econômicos e sociais, com alta prevalência na população negra brasileira. A negligência nas políticas públicas de saúde direcionadas a população quilombola gera importante exposição ao acometimento de HAS e seu subdiagnóstico. Neste sentido, a presente investigação objetiva analisar a prevalência e fatores associados ao subdiagnóstico da hipertensão arterial em adultos quilombolas de uma região baiana, Brasil. O estudo caracteriza-se como transversal, de base populacional, com amostra de 850 quilombolas da região baiana. Os dados foram coletados por meio de um questionário aplicado em forma de entrevista individual e avaliação da pressão arterial. Também foram incluídas as variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e presença de hipertensão arterial. Na análise dos dados foram utilizados procedimentos da estatística descritiva e regressão de Poisson para determinação das razões de prevalência (RP) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). A prevalência geral de HAS subdiagnosticada (HASsub) foi de 24,8% e 29,2% autorreferiram presença de HAS diagnosticada. Foi encontrada associação estatisticamente significante entre HASsub com sexo, escolaridade, tempo da pressão arterial (PA) mensurada, tabagismo e etilismo (p<0.05). Então, a HASsub está presente em 1 em cada 4 adultos quilombolas e está associada a fatores sociodemográficos (mulheres e idades avançadas), comportamento preventivo (PA mensurada em <1 ano) e relacionadas à situação de saúde (não ter excesso de peso). Esses achados demonstram a necessidade de práticas de atenção e promoção da saúde, além de mecanismos adotados para prevenção da doença.
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