Biologia reprodutiva de Kalanchoe laetivirens (Crassulaceae) nas condições edafoclimáticas de Santa Catarina, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.11567Palavras-chave:
Sistemas de reprodução; Morfologia floral; Recursos florais; Características do pólen.Resumo
As crassuláceas da espécie Kalanchoe laetivirens possuem potencial ornamental e são pouco estudadas, especialmente quanto a biologia reprodutiva e recursos tróficos disponibilizados aos visitantes. O objetivo deste estudo foi caracterizar o sistema reprodutivo de K. laetivirens através de análises da morfologia floral, recursos tróficos e visitantes florais. Foram descritas as estruturas florais, razão pólen/óvulo, germinação de pólen in vitro, estrutura do grão de pólen em microscopia de varredura e a disponibilidade de recursos tróficos pela avaliação do néctar potencial e instantâneo. Foi realizado o levantamento de visitantes florais e registradas as frequências de coleta de pólen e néctar. Os resultados demonstram que a espécie apresenta flores tubulosas, completas, com cálice e corola tetrâmeros, oito estames epipétalos e quatro pistilos com ovários pluriovulados. Pela razão pólen/óvulo, essa espécie é autógama facultativa. Morfologicamente, o grão de pólen é pequeno, tricolporado e apresenta simetria radial, com germinação in vitro facilitada na presença de sacarose (20%). Os visitantes coletaram majoritariamente pólen, sendo a maior frequência de visitas às 9h:30mim. A produção de néctar instantâneo teve pouca variação entre os horários avaliados. Os resultados são relevantes para o entendimento da biologia reprodutiva de Kalanchoe laetivirense sua relação com os visitantes florais.
Referências
Adler, L. S. (2000). The ecological significance of toxic nectar. Oikos, 91(3), 409-420. https://doi.org/10.1034/j.1600-0706.2000.910301.x
Albuquerque Junior, C. L. D., Denardi, F., Dantas, A. C. D. M., & Nodari, R. O. (2010). Número de anteras por flor, grãos de pólen por antera e capacidade germinativa do pólen de diferentes cultivares de macieiras. Revista Brasileira de Fruticultura, 32(4), 1255-1260. https://doi.org/10.1590/S0100-29452010005000129
Allard, R. W. (1971). Sistemas reprodutivos e métodos de melhoramento de plantas. Princípios do melhoramento genético de plantas, 25-40.
Allorge-Boiteaij, L. (1996). Madagascar centre de speciation et d'origine du genre Kalanchoe (Crassulaceae). Biogéographie de Madagascar, 137-145. http://www.documentation.ird.fr/hor/fdi:010008454
Alves-dos-Santos, I., Silva, C. I. D., Pinheiro, M., & Kleinert, A. D. M. P. (2016). Quando um visitante floral é um polinizador?. Rodriguésia, 67(2), 295-307. https://doi.org/10.1590/2175-7860201667202
Andrada, A. C., Valle, A. L. D. A., Paoloni, P. A. B. L. O., Gallez, L., & Lamberto, S. (2004). Pollen and nectar sources used by honeybee colonies pollinating sunflower (Helianthus annuus) in the Colorado River Valley, Argentina. Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica, 39. http://digital.cic.gba.gob.ar/handle/11746/6567
Andersson, S., Nilsson, L. A., Groth, I., & Bergström, G. (2002). Floral scents in butterfly-pollinated plants: possible convergence in chemical composition. Botanical Journal of the Linnean Society, 140(2), 129-153. https://doi.org/10.1046/j.1095-335 8339.2002.00068.x
Benevides, C. R., Gaglianone, M. C., & Hoffmann, M. (2009). Visitantes florais do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg. Passifloraceae) em áreas de cultivo com diferentes proximidades a fragmentos florestais na região Norte Fluminense, RJ. Revista Brasileira de Entomologia, 53(3), 415-421. https://doi.org/10.1590/S0085-56262009000300016
Cardoso, J. C. (2013). Melhoramento de espécies ornamentais como estratégia para o desenvolvimento e autossuficiência do setor. Horticultura Brasileira, 31(1), 171-171. https://doi.org/10.1590/S0102-05362013000100028
Cortinóz, J., Ilha, P., Rodrigues, P., & Diniz, S. (2008). Heterostilia e deposição diferencial de pólen sobre o polinizador em Psychotria nuda (Rubiaceae). Projetos oriantados, 4, 1-3. Retrieved January 11, 2020, from http://www.ecologia.ib.usp.br/curso/2008/pdf/O_04_01.pdf
Costa, C. C. F., Krupek, R. A., & Krawczyk, A. C. D. D. B. (2016). Diversidade de visitantes florais e biologia reprodutiva do Araçá (Psidium cattleianum Sabine) em fragmento de mata e área urbana. Títulos não-correntes, 29(2). Retrieved January 11, 2020, from http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/bioikos/article/view/3151
Dafni, A. (1992). Pollination ecology: a practical approach. Oxford University Press.
Ducroquet, J.P.H.J. , & Hickel, E.R. (1991).Fenologia da goiabeira serrana (Feijoa sellowiana, Berg) no Alto Vale do Rio do Peixe, Santa Catarina. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 13(3): 313-320.
Eguiarte, L., del Rio, C. M., & Arita, H. (1987). El nectar y el polen como recursos: el papel ecologico de los visitantes a las flores de Pseudobombax ellipticum (HBK) Dugand. Biotropica, 74-82. https://doi.org/10.2307/2388462
Franzon, R. C., & Raseira, M. D. C. B. (2006). Germinação in vitro e armazenamento do pólen de Eugenia involucrata DC (Myrtaceae). Revista Brasileira de Fruticultura, 28(1): 18-20. https://doi.org/10.1590/S0100-29452006000100008
Garcês, H. M., Champagne, C. E., Townsley, B. T., Park, S., Malhó, R., Pedroso, M. C., ... & Sinha, N. R. (2007). Evolution of asexual reproduction in leaves of the genus Kalanchoë. Proceedings of the National Academy of Sciences, 104(39), 15578-15583. https://doi.org/10.1073/pnas.0704105104
García, C. C. (1998). Kalanchoe spp.: una fuente natural de nuevas sustancias bioactivas puestas de manifiesto por la Etnomedicina. chemistry, 48, 1-29. Retrieved January 9, 2020, from http://www.encuentros.uma.es/encuentros124/articulos124.pdf
Gonçalves, E. G., & Lorenzi, H. J. (2007). Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora.
Goulson, D. (1999). Foraging strategies of insects for gathering nectar and pollen, and implications for plant ecology and evolution. Perspectives in plant ecology, evolution and systematics, 2(2), 185-209. https://doi.org/10.1078/1433-8319-00070
Herrera, I., & Nassar, J. M. (2009). Reproductive and recruitment traits as indicators of the invasive potential of Kalanchoe daigremontiana (Crassulaceae) and Stapelia gigantea (Apocynaceae) in a Neotropical arid zone. Journal of Arid Environments, 73(11), 978-986. https://doi.org/10.1016/j.jaridenv.2009.05.004
Junqueira, A. H., & Peetz, M. D. S. (2014).O setor produtivo de flores e plantas ornamentais do Brasil, no período de 2008 a 2013: atualizações, balanços e perspectivas. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, 20(2): 115-120. https://doi.org/10.14295/rbho.v20i2.727
Karasawa, M. M. G. (2009). Diversidade Reprodutiva de Plantas. Ribeirão Preto, SP: Sociedade Brasileira de Genética – SBG,113 p.
Kearns, C. A., & Inouye, D. W. (1993). Techniques for pollination biologists.University press of Colorado.
Leon, S. G., Herrera, I., & Guevara, R. (2016). Mating system, population growth, and management scenario for Kalanchoe pinnata in an invaded seasonally dry tropical forest.Ecology and evolution, 6(13): 4541-4550. https://doi.org/10.1002/ece3.2219
Machado, I. C., & Lopes, A. V. (1998). A polinização biótica e seus mecanismos na Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I. C.; Lopes, A. V. & Porto, K. C. (Orgs). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (pp.166-187). Editora Universitária da UFPE, Recife, Brasil.
Malerbo-Souza, D. T., & Silva, F. A. S. (2011). Comportamento forrageiro da abelha africanizada Apismellifera L. no decorrer do ano. ActaScientiarum. Animal Sciences, 33(2): 183-190. https://doi.org/10.4025/actascianimsci.v33i2.9252
Milad, R., El-Ahmady, S., & Singab, A. N. (2014). Genus Kalanchoe (Crassulaceae): a review of its ethnomedicinal, botanical, chemical and pharmacological properties. European Journal of Medicinal Plants, 86-104. https://doi.org/10.9734 / EJMP /398 2014/5901
Nunes, J. D. O., Dantas, A. D. M., Pedrotti, E. L., Orth, A. I., & Guerra, M. P. (2001). Germinação de pólen in vitro e receptividade do estigma em macieira cvs. Fuji e Golden Delicious. Revista Brasileira de Fruticultura, 23(1): 35-39.
Oliveira, J.N.B. (1991). "Aspectos pouco comuns da morfologia das plantas superiores", Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 176 p.
Parra, V., Vargas, C. F., & Eguiarte, L. E. (1993). Reproductive biology, pollen and seed dispersal, and neighborhood size in the hummingbird‐pollinated Echeveria gibbiflora (Crassulaceae). American Journal of Botany, 80(2): 153-159. https://doi.org/10.1002/j.1537-2197.1993.tb13783.x
Pegoraro, A., & Neto, A. C. (2005). Disponibilidade de alimento coletado por operárias da abelha africanizada em função dos fatores ambientais. Scientia Agraria, 6(1-2): 35-39. http://dx.doi.org/10.5380/rsa.v6i1.4591
Polatto, L. P., & Alves Junior, V. V. (2008).Utilização dos recursos florais pelos visitantes em Sparattospermaleucanthum (Vell.) K. Schum.(Bignoniaceae). Neotropical Entomology, 37(4): 389-398. https://doi.org/10.1590/S1519-566X2008000400006
Polatto, L.P., Chaud-Netto, J., & Alves-Junior, V.V. (2014). Influence of abiotic factors and floral resource availability on daily foraging activity of bees. J Insect Behav 27, 593–612. https://doi.org/10.1007/s10905-014-9452-6
Punt, W., Hoen, P. P., Blackmore, S., Nilsson, S., & Le Thomas, A. (2007). Glossary of pollen and spore terminology. Review of palaeobotany and palynology, 143(1-2): 1-81. https://doi.org/10.1016/j.revpalbo.2006.06.008
Qaiser, M.; Perveen, A., & Sarwar, G. R. (2015).Pollen morphology of the family Crassulaceae from Pakistan and Kashmir and its taxonomic implications. Pak. J. Bot, 47(4): 1481-1493. https://doi.org/10.1016/j.revpalbo.2006.06.008
Rashid, M. A., & Singh, D. P. (2000). A manual on vegetable seed production in Bangladesh. AVRDC-USAID - Bangladesh. Project, Horticulture Research Centre, Bangladesh Agricultural Research Institute.
Rech, A. R., Agostini, K., & Oliveira, P. E., Machado, I. C. (Eds.). (2014). Biologia da polinização. Projecto Cultural.
Shaw, J. M. H. (2008). An investigation of the cultivated Kalanchoe daigremontiana group, with a checklist of Kalanchoe cultivars.Hanburyana, 3: 17-79. Retrieved January 11, 2020, from https://www.rhs.org.uk/about-the-rhs/pdfs/publications/hanburyana/vol-3-june-2008/an-investigation-of-the-cultivated-kalanchoe.pdf
Silva, K. N., Dutra, J. C. S., Nucci, M., & Polatto, L. P. (2013). Influência dos fatores ambientais e da quantidade de néctar na atividade de forrageio de abelhas em flores de Adenocalymmabracteatum (Cham.) DC.(Bignoniaceae). EntomoBrasilis, 6(3), 193-201. https://doi.org/10.12741/ebrasilis.v6i3.295
Smith, G. F. (2020). Taxonomy and nomenclature of Kalanchoe× laetivirens (Crassulaceae subfam. Kalanchooideae), a further invasive nothospecies from Madagascar. Phytotaxa, 460(1), 97-109. https://doi.org/10.11646/phytotaxa.460.1.6
Souza, V.C., Flores, T.B., & Lorenzi, H. (2013). Introdução à Botânica: Morfologia. Nova Odessa, Instituto Plantarum de Estudos da Flora. 223p.
Stanley, R.G., & Linskens, H.F. (1974). Pollen: biology, biochemistry and management. New York: Springer-Verlag, 172p.
Teixeira, L. V., & Campos, F. D. N. M. (2005). Início da atividade de vôo em abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae): influência do tamanho da abelha e da temperatura ambiente. Revista Brasileira de Zoociências, 7(2). Retrieved January 11, 2020, from https://periodicos.ufjf.br/index.php/zoociencias/article/view/24161
Van der Pijl, L. (1961). Ecological aspects of flower evolution. II. Zoophilous flower classes. Evolution, 44-59. https://doi.org/10.2307/2405842
Wolff, D. (2006). Nectar sugar composition and volumes of 47 species of Gentianales from a southern Ecuadorian montane forest. Annals of Botany, 97(5): 767-777. https://doi.org/10.1093/aob/mcl033
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Leonardo Norberto de Sousa Filho ; Jean Bressan Albarello; Mayara Martins Cardozo ; Márcia Regina Faita ; Cristina Magalhães Ribas dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
