Cuidados paliativos: definição e estratégias utilizadas na prática médica
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.11585Palavras-chave:
Cuidados Paliativos; Educação Médica; Medicina paliativa.Resumo
O termo cuidado abrange práticas e significados diversos, variando de acordo com a cultura a qual se insere. O cuidado paliativo apresenta-se como uma esfera do cuidado, que surgiu com o objetivo de suprir a uma demanda crescente de pacientes fora das possibilidades de cura terapêutica e que vinham sendo marginalizados e mal assistidos pelo modelo tecnicista da Medicina, com foco na doença em detrimento do doente. O objetivo desse artigo é definir o cuidado paliativo na perspectiva de médicos que atuam em uma unidade oncológica de um hospital de grande porte e as estratégias utilizadas para operacionalizar esta modalidade de assistência à saúde. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter descritivo, realizado com 14 médicos atuantes numa unidade de oncologia de um hospital da região Centro-Oeste de Minas Gerais, seguindo critérios de inclusão e exclusão e, posteriormente, dividido em três categorias de análise: definição dos cuidados paliativos; a fragilidade da formação médica em cuidados paliativos; multidisciplinaridade e a operacionalização do cuidado. Este estudo aponta que o conhecimento em cuidado paliativo ainda é fragilizado e superficial, demonstrando defazagem no ensino médico quando tomamos como referência esse tema. Assim, estratégias de capacitação profissional são necessárias para que esta modalidade de cuidado preste assistência ao indivíduo seguindo o princípio da integralidade. Para que seja eficaz, a operacionalização desse cuidado biopsicossocial e espiritual demanda diálogo por meio do trabalho interdisciplinar, constituindo como ferramenta promissora o Plano Terapêutico Singular (PTS).
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