Desejo de performance na arena discursiva da desprofissionalização docente
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.11702Palavras-chave:
Gestão democrática; Neoliberalismo; Performatividade; Trabalho docente; Desprofissionalização.Resumo
O princípio da gestão democrática no sistema educacional brasileiro avança, discursivamente, mediante direcionamentos da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394/96, o que, de certo modo, movimenta re/configurações do trabalho docente. E é a partir desse contexto que repousa o presente estudo, tendo como interesse problematizar como o enfoque democrático/neoliberal e suas dissoluções de sentidos têm operado paralelamente à cultura da performatividade, delineando novos papéis e novos perfis para o trabalho docente. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico para subsidiar a discussão em torno das noções de trabalho, gestão e da arena discursiva global e local das políticas educacionais. Concluiu-se que, quando uma cultura performativa opera sobre o trabalho docente, desencadeiam-se sentidos de desprofissionalização, atrelados, sobretudo, a um processo de autonomia imaginada, o que poderá gerar maior controle e adesão por parte do professorado às políticas de responsabilização docente. Nesse sentido, o professor é peça fundamental para o funcionamento discursivo das políticas, haja vista o possível engajamento desse sujeito relacionado, tanto, ao desejo de performance, quanto, para delinear os rumos da recontextualização dessas políticas, as quais poderão conduzir ao sucesso e/ou fracasso escolares.
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