Distúrbios antropogênicos estimulam a regeneração natural de Euxylophora paraensis Huber em um fragmento florestal na Amazônia Oriental
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i1.11972Palavras-chave:
Efeito de borda; Fragmentação florestal; Extinção; Espécie endêmica.Resumo
Na Amazônia brasileira, os fragmentos florestais aumentam anualmente, levando muitas espécies à extinção local. Euxylophora paraensis Huber é uma espécie endêmica cuja ocorrência natural é restrita apenas no norte do Brasil. A regeneração natural foi avaliada utilizando 10 parcelas circulares com 20 metros de raio cada. Avaliou-se a densidade de indivíduos regenerantes na borda e no interior do fragmento e o comportamento em relação à árvore matriz. O Incremento Periódico Anual do diâmetro e da altura foi calculado individualmente para cada planta que permaneceu viva durante todas as quatro medições e aplicado o GLM (Modelo Linear Geral) para verificar se houve diferença entre os ambientes e tamanho dos indivíduos. Os resultados mostram que a densidade da regeneração natural aumenta com o distanciamento da árvore matriz e tem correlação negativa e significativa com a área de copa, ou seja, quanto menor a área de copa maior a densidade dos indivíduos. Observou-se maior crescimento diamétrico em mudas e arvoretas em área de borda e maior incremento em altura nas arvoretas, tanto em borda quanto no interior do fragmento. Sendo assim, a regeneração natural é influenciada pelos processos de fragmentação florestal, onde há favorecimento da germinação das sementes e estabelecimento de mudas, porém na borda a regeneração não apresentou arvoretas até a fase adulta.
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