Grão de soja ardido, queimado e fermentado: Alterações das frações proteicas, lipídicas e compostos fenólicos e suas consequências na dieta animal
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12561Palavras-chave:
Glycine max; Nutrição animal; Pós-colheita.Resumo
Permanecer no topo como um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo requer alimentos de alto valor proteico e enérgico. Neste contexto, o Brasil é privilegiado já que, mundialmente, é um dos maiores produtores de soja, cujo grão detém alto valor comercial e nutricional, destinado ao consumo humano, extração de óleo e ração animal. Entretanto, a qualidade de seus subprodutos é reflexo da integridade do grão em toda cadeia produtiva: produção, colheita, secagem, armazenamento, industrialização e processamento. Desta forma, em razão da ameaça a qualidade da alimentação animal, resultantes das etapas de pós-colheita, e levando em consideração os paramentos legislativos referentes à classificação qualitativas, foram analisadas as alterações das frações proteicas, lipídicas e compostos fenólicos em grãos de soja fermentado, ardido e queimado. Em decorrência dos defeitos há menores teores de proteína bruta, lipídios e solubilidade proteica, essenciais para formação de proteína animal, e maiores valores de compostos fenólicos. Essas substâncias, promovem complexação com tripsina e quimotripsina, secretadas pelo pâncreas, impedindo sua ação proteolítica, resultando em sobrecarga. Por conseguinte, ocorre hipertrofia do órgão, além reduzir a digestão do restante dos alimentos presente na luz intestinal. Os grãos ardidos, queimados e fermentados, apresentam características indesejáveis na indústria de ração animal, primordialmente, em função de seu baixo teor de proteína e lipídio. Grãos queimados ardidos e fermentados não são recomendados na nutrição animal.
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