Atuação profissional no atendimento às vítimas de violências do sexo masculino: complexidade invisibilizada e ambiguidades
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12920Palavras-chave:
Profissionais, Abuso de criança, Vitimização, Intervenção psicossocial.Resumo
O atual cenário brasileiro de pesquisas que priorizam as violências contra meninos é escasso, especialmente aquelas que estudam as polivitimizações, ou seja, a ocorrência de mais de um tipo de violência para uma mesma vítima. O cenário de polivitimização é complexo e traz como consequência para a polivítima um acúmulo dos sintomas, por isso é fundamental que seus direitos sejam garantidos por meio de um atendimento intersetorial e interdisciplinar que dê conta da amplitude do fenômeno. Este texto faz parte de uma ampla pesquisa-ação, com viés qualitativo e ainda em andamento, e tem como objetivo apresentar as percepções de profissionais pertencentes e atuantes na rede pública de atendimento às vítimas do sexo masculino em um dos estados da federação do Brasil, a respeito da (poli)vitimização de meninos e de suas próprias práticas profissionais. Foram entrevistados 21 profissionais de sete diferentes setores que fazem parte do sistema de garantia de direitos: assistência social, educação, justiça, ministério público, saúde, segurança pública e sociedade civil. Após análise temática reflexiva, discute-se dois temas, construídos a partir das reflexões e opiniões das e dos participantes: “Polivitimização: raízes profundas, porém não visíveis” e “A atuação profissional com a (poli)vitimização de meninos”. Em pesquisas futuras, sugere-se a condução de pesquisas semelhantes em outros estados da federação, para que seja ampliado o conhecimento a respeito da polivitimização e seja possível capacitar as e os profissionais que trabalham com o tema.
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