Elas podem se machucar: As Lutas no combate ao preconceito de gênero na Educação Física Escolar
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.12946Palavras-chave:
Artes Marciais; Esportes de Combate; Lutas; Educação Física Escolar; Preconceito; Gênero.Resumo
Na atualidade, as mulheres ainda são estigmatizadas no âmbito esportivo, principalmente no que se refere a prática das Artes Marciais e Esportes de Combate (AM&EC). No contexto escolar, estudos científicos que tratam da interface entre Lutas e questões de gênero são escassos. Esta investigação buscou apontar a acepção dos alunos sobre a participação feminina nas aulas de Lutas na Educação Física. Os estudantes do 3º ano do ensino médio responderam à um questionário semiestruturado, antes e após, serem submetidos a seis encontros que envolviam aulas teóricas e aulas práticas subsequentemente, totalizando 140 minutos, cada encontro. O estudo ocorreu no Centro Educacional Dom Ungarelli, em Pinheiro-MA, numa sala de aula adaptada com Tatame e abrangeu 13 modalidades de Lutas. Os pais autorizaram-nos a participar, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo excluídos aqueles que não frequentaram 75% das aulas ou não responderam. Os resultados mostram que, preliminarmente, 150 estudantes que participaram do estudo, 120 consideraram negativa a participação das meninas, pelo risco de se machucarem; apenas 19 julgaram-nas capazes e 11 com direitos iguais aos meninos. Posteriormente, todos aprovaram-nas nas aulas de Lutas, 35 confirmaram a capacidade delas e 60 estudantes passaram a reconhecer como uma prática em que as meninas também tem direito de participar; e destacamos que 55 estudantes perceberam que as Lutas rompem o preconceito de gênero. Portanto, concluímos que o conteúdo Lutas pode ser uma importante ferramenta educacional no combate aos estereótipos e preconceitos.
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