Estudo morfoanatômico, variação sazonal e atividade larvicida dos óleos voláteis das folhas de Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg (Myrtaceae)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13412

Palavras-chave:

Anatomia vegetal; Cerrado; Óleo essencial; Plantas medicinais; Atividade larvicida.

Resumo

Objetivou-se neste trabalho realizar o estudo morfoanatômico, a caracterização físico-química e determinar a composição química, variabilidade sazonal e larvicida dos óleos essenciais obtido nas folhas de Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg. O material botânico foi coletado em Hidrolândia, Goiás. A caracterização morfonanatômica e a triagem fitoquímica foram realizadas por métodos convencionais. Os pós das folhas foram submetidos a hidrodestilação em aparelho de Clevenger e a identificação dos componentes químicos dos óleos voláteis obtidos foi por CG-EM. A atividade larvicida foi realizada com larvas do terceiro estágio do mosquito Aedes aegypti. A lâmina foliar, a nervura principal e o caule jovem apresentam epiderme uniestratificada revestida por cutícula. O mesofilo e o parêquima cortical da nervura principal e caule jovem apresentam cavidades secretoras e idioblastos com cristais. A nervura principal contem feixe bicolateral em arco aberto. O caule jovem, possui uma faixa esclerenquimática descontínua externa ao floema. Os compostos majoritários dos óleos essenciais foram o espatulenol, óxido carifileno, alfa-macrocarpeno e z-cariofileno. Na triagem fitoquímica foram detectados taninos, digitálicos, flavonoides e fenóis totais. O teor de compostos voláteis foi de 7,36%, o de cinzas totais foi de 1,77% e o de mucilagem foi de 3,52 ml. O oléo volátil na concentração utilizada foi inativo frente às larvas de Ae. aegypti. O presente estudo contribui para o conhecimento taxonômico da espécie e fornece parâmetros de controle de qualidade da matéria-prima vegetal. Esse trabalho representa a primeira descrição dos compostos químicos e variabilidade sazonal dos óleos voláteis das folhas de C. pubecens coletadas em Goiás.

Referências

Abe, S. Y., Mendes Silva, S., Possamai, J. C. & Nakashima, T. (2014). Prospecção fitoquímica, teor de flavonoides totais e capacidade antioxidante de Campomanesia xanthocarpa Mart. ex O. Berg (Myrtaceae). Revista Eletrônica de Farmácia, 11 (2), 1-14.

Adams, R. P. (2007). Identification of essential oil components by Gas Chromatography/Mass Spectroscopy. (4th ed.), Carol Stream, IL: Allured Publ. Corp.

Almeida, S. P., Proença, C. E. B., Sano, S. M. & Ribeiro, J. F. (1998). Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC – DF.

Amaral, É. V. E. J., Reis, E. F., Ressel, K., & Pinto F. N. (2016). Descrição morfológica de duas espécies de Campomanesia ruiz & pavon (Myrtaceae). Revista Agrotecnologia, 7(1), 42-52.

Amer, A. & Mehlhorn, H. (2006). Larvicidal effects of various essential oils against Aedes, Anopheles, and Culex larvae (Diptera, Culicidae). Parasitology Research, 99 (4), 466-472. https://doi.org/10.1007/s00436-006-0182-3

An, N. T. G, Huong, L. T., Satyal, P., Tai, T. A., Dai, D. N., Hung, N. H., Ngoc, N. T. B. & Setzer, W. N. (2020). Mosquito larvicidal activity, antimicrobial activity, and chemical compositions of essential oils from four species of Myrtaceae from Central Vietnam. Plants, 22, 9(4), 544. https://doi: 10.3390/plants9040544.

Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S. M. (2009). Anatomia vegetal. Editora UFV.

APG IV (2016). Angiosperm Phylogeny Website. Version 14. Missouri Botanical Garden Retrieved from http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/

Brasil (1988). Farmacopéia Brasileira. (4th ed.), Atheneu.

Brasil. Ministério da Saúde (2010). ANVISA. RDCNº10, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à ANVISA e dá outras providências. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0010_09_03_2010.html.

Cardoso C. A. L. & R-Poppi, N. (2009). Identification of the volatile compounds of flower oil of Campomanesia pubescens (Myrtaceae). Journal of Essential Oil Research, 21 (5), 433-434. https://doi.org/10.1080/10412905.2009.9700210

Cardoso, A. C. L., Salmazzo, G. R., Honda, N. K., Prates C. B., Vieira, M. C. & Coelho, R. G. (2010). Antimicrobial activity of the extracts and fractions of hexanic fruits of Campomanesia Species (Myrtaceae). Journal of Medical Food, 13 (5), 1273–1276. https://doi.org/10.1089/jmf.2009.0047

Carr, D. J. & Carr, S. M. G. (1970). Oil glands and ducts in Eucalyptus L´Hérit. II. Development and structure of oil glands in the embryo. Australian Journal of Botany, 18 (2), 191-212. https://doi.org/10.1071/BT9700191

Castro, M. M. & Machado, S. R. (2003). Células e tecidos secretores. In: Appezzato-da-Glória B, Carmello-Guerreiro SM (eds). Anatomia Vegetal. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa.

Chang, R., Morais, S. A. L., Nascimento, E. A., Cunha, L. C. S., Rocha, E.O., Aquino, F. J. T., Souza, M. G. M., Cunha W. R. & Martins C. H. G. (2011). Essential oil composition and antioxidant and antimicrobial properties of Campomanesia pubescens O. Berg, native of brazilian Cerrado. Latin American Journal of Pharmacy, 30 (9): 1843-1848.

Consoli, R. A. G. B. & Oliveira, R. L. (1994). Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Editora Fiocruz.

Conti, E, Litt, A., Wilson, P. G., Graham, S. A., Briggs, B. G., Johnson, L. A. S. & Sytsma, K. J. (1997). Interfamilial relationships in Myrtales: molecular phylogeny and patterns of morphological evolution. Systematic Botany, 22 (4), 629-647. https://doi.org/10.2307/2419432

Costa, A. F. (2001). Farmacognosia. Fundação Calouste Gulbenkian.

Costa, J. G. M., Rodrigues, F. F. G., Angélico, E. C., Silva, M. R., Mota, M. L., Santos, N. K. A., Cardoso, A. L. H. & Lemos, T. L. G. (2005). Chemical biological study of the essential oils of Hyptis martiusii, Lippia sidoides and Syzigium aromaticum against larvae of Aedes aegypti and Culex quinquefasciatus. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 15, 304–309. https://doi.org/10.1590/S0102-695X2005000400008

Cunha, A. P. (2005). Farmacognosia e fitoquímica. Fundação Caloustre Gulbenkian.

Dias, C. N. & Moraes, D. F. C. (2014). Essential oils and their compounds as Aedes aegypti L. (Diptera: Culicidae) larvicides: review. Parasitology Research, 113, 565–592. https://doi.org/10.1007/s00436-013-3687-6.

Fahn, A. (1979). Secretory tissues in plants. Academic Press.

Fidalgo, A. O. & Kleinert, A. M. P. (2009). Reproductive biology of six Brazilian Myrtaceae: is there a syndrome associated with buzz-pollination? New Zealand Journal of Botany, 47 (4), 355–365. https://doi.org/10.1080/0028825x.2009.9672712

Forzza, R. C. (2010). Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Gentry, A. H. (1992). Bignoniaceae Part II: Tribe Tecomeae. Flora Neotropica, 25 (2), 51-105.

Gobbo-Neto, L. & Lopes, N. P. (2007). Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, 30 (2), 374-381. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422007000200026

Gomes, S. M., Somavilla, N. S. D. N., Gomes-Bezerra, K. M., Miranda, S. C., Carvalho, P. S. & Graciano-Ribeiro, D. (2009). Anatomia foliar de espécies de Myrtaceae: contribuições à taxonomia e filogenia. Acta Botanica Brasilica, 23, 224–238. https://doi.org/10.1590/S0102-33062009000100024

Guerrero, F. M. G., Zimmerman, L. R., Cardoso, E. V., Lima, C. A., Cardoso de Perdomo, R. T., Alva, R. & Carollo, C. A. (2010). Investigação da toxicidade crônica das folhas de guavira (Campomanesia pubescens) em ratos machos. Revista Fitos, 5 (2), 64-72.

INMET (2020). Instituto Nacional de Meteorologia. Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. http://www.inmet.gov.br/portal/ (acessado em novembro de 2020).

Isman, M. B. (2020). Botanical insecticides in the twenty-first century-fulfilling their promise? Annual Review of Entomology, 65, 233–249. https://doi.org/10.1146/annurev-ento-011019-025010

Katsube, N., Iwashita, K., Tsushida, T., Yamaki, K. & Kobori, M. (2003). Induction of apoptosis in cancer cells by bilberry (Vaccinium mirtillus) and the anthocyanins. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 51, 68-75. https://doi.org/10.1021/jf025781x

Kraus, J. E. & Arduin, M. (1997). Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Ed. Universidade Rural.

Kuster, V. C. & Vale, F. H. A. (2016). Leaf histochemistry analysis of four medicinal species from Cerrado. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 26, 673–678. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjp.2016.05.015

Landrum, L. R. (1986). Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium, and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica.

Landrum, L. R. & Kawasaki, M. L. (1997). The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated synoptic treatment and identification keys. Brittonia, 49, 508-536. https://doi.org/10.2307/2807742

Leyva, M., Marquetti, M. C., Tacoronte, J. E., Scull, R., Tiomno, O., Mesa, A. & Montada, D. (2009). Actividad larvicida de aceites esenciales de plantas contra Aedes aegypti (L.) (Diptera: Culicidae). Revista Biomed, 20, 5–13.

Lima, D. F., Goldenberg, R. & Sobral, M. (2011a). O gênero Campomanesia (Myrtaceae) no estado do Paraná, Rodriguésia, 62, 683-693. https://doi.org/10.1590/2175-7860201162313

Lima, M. A. A., Oliveira, F. F. M., Gomes, G. A. et al. (2011b). Evaluation of larvicidal activity of the essential oils of plants species from Brazil against Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). African Journal of Biotechnology, 10, 11716–11720. https://doi.org/10.5897/AJB11.1102

Lorenzi, H., Souza, H. M., Torres, M. A. V. & Bacher, L. B. (2003). Árvores exóticas do Brasil: madeireiras, ornamentais e aromaticas. Nova Odessa: Instituto Plantarium de Estudos da Flora.

Lucia, A., Licastro, S., Zerba, E. & Masuh, H. (2008). Yield, chemical composition, and bioactivity of essential oils from 12 species of Eucalyptus on Aedes aegypti larvae. The Netherlands Entomological Society, 129, 107–114. https://doi.org/10.1111/j.1570-7458.2008.00757.x

Martius, C. F. P. (1897). Flora Brasiliensis, enumeratio plantarum in Brasilia hactenus detectarum: quas suis aliorumque botanicorum studiis descriptas et methodo naturali digestas partim icone illustratas. Flora Brasiliensis, 8(2), 383.

Metcalfe, C. R. & Chalk, L. (1950). Anatomy of the dicotyledons. Oxford University Press.

Muturi, E. J., Selling, G. W., Doll, K. M., Hay, W. T. & Ramirez, J. L. (2020). Leptospermum scoparium essential oil is a promising source of mosquito larvicide and its toxicity is enhanced by a biobased emulsifier. PLoS ONE, 15(2), 1-14. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0229076

Ness, A. R. & Powles, J. W. (1997). Fruit and vegetables, and cardiovascular disease: a review. International Journal of Epidemiology, 26 (1), 1-13. https://doi.org/10.1093/ije/26.1.1

Nucci, M. & Alves-Junior, V. V. (2017). Biologia floral e sistema reprodutivo de Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg- Myrtaceae em área de Cerrado no sul do Mato Grosso do Sul, Brasil. Interciencia, 42 (2), 127-131.

Oliveira, J. D., Alves, C. C. F., Miranda, M. L. D., Martins, C. H. G., Silva, T. S., Ambrosio M. A. L. V., Alves, J. M. & Silva, J. P. (2016). Rendimento, composição química e atividades antimicrobiana e antioxidante do óleo essencial de folhas de Campomanesia adamantium submetidas a diferentes métodos de secagem. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 18, 502- 510. https://doi.org/10.1590/1983-084X/15_206

Oliveira, M. I. U., Rebouças, D. A., Leite, K. R. B., Oliveira, R. P.& Funch, L. S. (2018). Can leaf morphology and anatomy contribute to species delimitation? A case in the Campomanesia xanthocarpa complex (Myrtaceae), Flora, 249, 111-123. https://doi.org/10.1016/j.flora.2018.10.004

Rodrigues, V. E. G. & Carvalho, D. A.(2001). Plantas medicinais no domínio dos cerrados. UFLA.

Sangwan, N. S., Farooqi, A. H. A., Shabih, F. & Sangwan, R. S. (2001). Regulation of essential oil production in plant. Plant Growth Regulation, 34, 3-21. https://doi.org/10.1023/A:1013386921596

Sano, S. M. & Almeida, S. P. (1998). Cerrado: Ambiente e Flora. Mendonça RC et al. Flora vascular do Cerrado. Embrapa CPAC.

Schmid, R. (1972). A resolution of the Eugenia-Syzygium controversy (Myrtaceae). American Journal of Botany, 59, 423-436. https://doi.org/10.2307/2441553

Silva, E. P., Vilas Boas, E. V. B., Rodrigues, L. J. & Siqueira, H. H. (2009). Physical, chemical and physiological characterization of gabiroba fruit. (Campomanesia pubescens) during its development. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 29, 4, 803-809. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612009000400016.

Silva, I. G., Silva, H. H. G. & Lima, C. G. (2003). Ovipositional behavior of Aedes aegypti (Diptera, Culicidae) in different strata and biological cycle. Acta Biológica Paranaense, 32:1-8.

Silvério, M. R. S., Espindola, L. S., Lopes, N. P. & Vieira, P. C. (2020). Plant natural products for the control of Aedes aegypti: The main vector of important arboviruses. Molecules, 25(15), 3484:1-42. https://doi.org/10.3390/molecules25153484

Sobral, M., Proença, C., Souza, M., Mazine, F. & Lucas, E. (2015). Myrtaceae in lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Retrieved from http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB171

Stoclet, J. C., Chataigneau, T., Ndiaye, M., Oak, M., Bedoui, J. E., Chataigneau, M. & Schini-Kerth, V. B. (2004). Vascular protection by dietary polyphenols. European Journal of Pharmacology, 500, 299-313. https://doi.org/10.1016/j.ejphar.2004.07.034

Van Den Dool, H. & Kratz, P. D. (1963). A generalization of the Retention Index system including linear temperature programmed gas – liquid partition chromatography. Journal of Chromatography, 11, 463–471. https://doi.org/10.1016/S0021-9673(01)80947-X

Viana, G. A., Sampaio, C. G. & Martins, V. E. P. (2018). Produtos naturais de origem vegetal como ferramentas alternativas para o controle larvário de Aedes aegypti e Aedes albopictus. Journal of Health & Biological Sciences, 6(4), 449-462. https://doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v6i4.2079.

Wang, J. & Mazza, G. (2002). Effects of anthocyanins and other phenolic compounds on the production of tumor necrosis factor alpha in LPS/IFN-gamma-activated RAW 264.7 macrophages. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 50, 4183-4189. https://doi.org/10.1021/jf011613d

Ward, J. H. (1963). Hierarchical grouping to optimize an objective function. Journal of the American Statistical Association, 58, 236-244. https://doi.org/10.1080/01621459.1963.10500845

World Health Organization (2005). Guidelines for laboratory and field testing of mosquito larvicides. World Health Organization. Retrieved from http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/69101/1/WHO_CDS_WHOPES_GCDPP_2005.13.pdf.

Zara, A. L. S. A., Santos, S. M., Fernandes-Oliveira, E. S, Carvalho, R. G. & Coelho, G. E. (2016). Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 25(2), 391–404. https://doi.org/10.5123/S1679-4974201600020001

Downloads

Publicado

18/03/2021

Como Citar

COSTA, H. M. da .; FIUZA, T. de S.; FERREIRA, H. D. .; ABRAO, F. Y. .; ROMANO, C. A. .; BORGES, L. L. .; PAULA, J. R. de . Estudo morfoanatômico, variação sazonal e atividade larvicida dos óleos voláteis das folhas de Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg (Myrtaceae). Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 3, p. e35610313412, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i3.13412. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/13412. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde