Lesões faciais em crianças e adolescentes vítimas de agressão
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14105Palavras-chave:
Agressão; Lesões faciais; Criança; Adolescente; Maus-tratos infantis; Odontologia legal.Resumo
Maus-tratos infantis podem ocorrer como uso intencional da força, efetiva ou na forma tentada, contra crianças menores de 18 anos, que resulta ou pode resultar em dano real ou potencial. Afeta uma população vulnerável, causando consequências físicas e / ou emocionais que persistem por toda a vida. Este estudo teve como objetivo caracterizar episódios de maus-tratos infantis, com enfoque nas lesões faciais, em uma cidade brasileira (Teresina, PI). Trata-se de um estudo retrospectivo com abordagem quantitativa, realizado no banco de dados do Instituto Médico Legal de Teresina, entre os anos de 2017 e 2019. Todos os laudos de lesões corporais de crianças de 0 a 18 anos foram coletados e analisados estatisticamente (SPSS 22,0). No período de análise, foram identificados 811 relatos de lesões corporais. Houve predomínio de vítimas do sexo feminino na faixa etária de 12 a 18 anos, o envolvimento de homens com alguma relação familiar com a vítima foi altamente associado. As lesões faciais representaram 35,8% do total da amostra e 98,6% das encontradas na região de cabeça e pescoço (41,6% do total). A região orbital (29,0%) foi a mais acometida, seguida pelo frontal (25,9%), malar (23,4%), labial (17,6%) e bochecha (11,4%). A prevalência de lesões na região de cabeça e pescoço é elevada, fato que enfatiza a importância de um profissional capacitado, principalmente o cirurgião-dentista, na análise e interpretação dessas lesões durante o exame pericial.
Referências
World Health Organization (WHO). (2014). Global status report on violence prevention. Geneva: World Health Organization.
Pinheiro, P. S. (2006). World report on violence against children. United Nations Secretary-General’s study on violence against children. Geneva, ATAR Roto Presse AS.
Salgado, G. P., Costa, G. A., Rocha, C. M., Rocha, W. M. S., Carvalho, A. S. C., & Pinheiro, I. C. (2016). Importância do pediatra na identificação de aspetos orofaciais sugestivos de maus-tratos infantis. Rev Med Minas Gerais, 26(5), 140-144.
Barreto, C. S. L. A., Araujo, R. P. C., Martins Junior, D. F., Barreto Filho, R. C., & Costa, M. C. O. (2018). Perfil da violência que vitima crianças no estado da Bahia, segundo registros do Sistema de Gerenciamento Estatístico (SGE) da Secretaria de Segurança. Rev. Saúde Col. UEFS, 8, 8-15.
Mwakanyamale, A. A., Wande, D. P., & Yizhen Y. (2018). Multi-type Child Maltreatment: Prevalence and its Relationship with self-esteem among secondary school students in Tanzania. BMC Psychology, 6.
O’brien, J. E., White, K., Wu, Q., & Killin-Farrel, C. (2016). Mental Health and Behavioral Outcomes of Sexual and Nonsexual Child Maltreatment Among Child Welfare-Involved Youth. Journal of child sexual abuse, 13(56). 10.1080/10538712.2016.1167801
Apostólico, M. R., Nobrega, C. R., Guedes, R. N., Fonseca, R. M. G. S., & Egry, E. Y. (2012). Características da violência contra a criança em uma capital brasileira. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 20(2).
Brasil.. Decreto lei n° 3.689, de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal.
Brasil. (2006). Violência faz mal à saúde. Brasília: Ministério da Saúde.
Cavalcanti, A. L. (2010). Prevalence and characteristics of injuries to the head and orofacial region in physically abused children and adolescents – a retrospective study in a city of the Northeast of Brazil. Dent Traumatol, 26, 149–53. 10.1111/j.1600-9657.2009.00859.x
Cavalcanti, A. L., & Martins, V. M. (2009). Perfil epidemiológico da criança e adolescente vítimas de violência física: estudo no departamento de Medicina Legal de Campina Grande/PB. Arquivos Catarinenses de Medicina, 38(4), 67-72.
Vidal, H. G., Caldas, I. M., Coelho Junior, L. G. T. M., Souza, E. H. A., Carvalho, M. V. D., Soriano, E. P., Pereira, M. L., & Caldas Junior, A. F. (2018). Orofacial Injuries in Children and Adolescents (2009-2013): A 5-Year Study In Porto, Portugal. Braz. Dent J, 29(3), 316-320.
Vidal, H. G., Caldas, I. M., Caldas Junior, A. F., Coelho Junior, L. G. T. M., Souza, E. H. A., & Pereira, M. L. (2019). Physical violence against children and adolescents in Recife: a 5-year retrospective study. J Forensic Odontosmatol, 37(1), 20-5.
O’brien, K. T. F., Rivara, F. P., Weiss, N. S., Lea, V. A., Marcellin, L. H., Vertefeuille, J., & Mercy, J. A. (2016). Prevalence of physical violence against children in Haiti: A national population-based cross-sectional survey. Child Abuse Negl, 51, 154–162. 10.1016/j.chiabu.2015.10.021
Rodrigues Junior, J. B. R. (2009). Avaliação Crítica das Perícias de Lesões Corporais em Crianças no Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte – Minas Gerais – durante o período de um ano e da Contribuição na Investigação do Crime de Maus-tratos. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Leite Filho, H. (2017). Características das lesões corporais decorrentes de violência física em crianças e adolescentes registrado no instituto médico legal (iml) em feira de santana – bahia, no ano de 2014. Anais seminário de iniciação cientifica.
Almeida, L. A., dos Anjos, S. L. S., & Sousa, K. A. A. (2017). Epidemiologia da violência infantil um estado do nordeste do Brasil: série histórica de 2007 a 2016. Rev Pre Infec e Saúde, 3(2), 27-33. 10.26694/repis.v3i2.6457
Trajano, R. K. N., Lyra, C. V. V., e Sá, T. Y. G., Gomes, A. C. A. (2021). Comparativo de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no período 2018-2020. Research, Society and Development, 10(1).
Silva. M. L. C. A., Musse, J. O., Almeida, A. H. V., Marques, J. A. M., Costa, M. C. O. (2016). Injúrias dentárias traumáticas em crianças e adolescentes vítimas de violência periciadas no Instituto Médico Legal de Feira de Santana, Bahia. RFO, 21(1), 31-6.
Silva, M. L. C. A., Costa, M. C. O., Musse, J. O., Almeida, A. H. V., & Vilas Boas, C. D. F. (2018). Lesões corporais em adolescentes vítimas de violência física: casos periciados no Instituto Médico Legal. Rev Adolesc. Saude, 15(1), 18-25.
França, G. V. (2015). Medicina Legal. (10. Ed.). Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan.
Naidoo, S. (2000). A profile of the oro-facial injuries in child physical abuse at a children’s hospital. Child Abuse Negl, 24(4), 521–34. 10.1016/s0145-2134(00)00114-9
Banheiro, R., Escobar, P., & Pereira, C. P. (2015). Injuries of Non-Lethal Child Physical Abuse to the Crania and Orofacial Regions. A Scientific Review. J Forensic Res, 6, 285. doi:10.4172/2157-7145.1000285
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Ana Cláudia Amorim Gomes; Renata Kelly Nogueira Trajano; Gabriel Garcia de Carvalho; Heloisa Helena Pinho Veloso; José Manuel Peixoto Caldas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.