Identificação de alelos para o fenótipo doce em variedades locais de milho no Sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14310Palavras-chave:
Zea mays; Conservação on farm; Caracterização de germoplasma; Sugary1; Shrunken2; Fenômeno xênia.Resumo
O milho doce (Zea mays L.) apresenta elevados terores de açúcar no endosperma, sendo utilizado para autoconsumo por famílias da região do extremo oeste de Santa Catarina (EOSC), Sul do Brasil. O presente trabalho objetivou identificar os genes responsáveis pelo fenótipo doce e caracterizar morfologicamente nove variedades locais de milho conservadas nessa região. Os testes alélicos comprovaram a presença de dois alelos recessivos conhecidos (mutante sugary1/ doce e mutante shrunken2/ super doce), em oito das nove variedades estudadas, e um terceiro gene de origem genética não identificada. A caracterização morfológica de espiga e grão apontou similaridade entre as variedades para caracteres qualitativos e uma maior variação entre e dentro das variedades para caracteres quantitativos. A análise de agrupamento dividiu os materiais em cinco grupos e uma variedade isolada, cujo gene que codifica o fenótipo doce pode ser um gene raro ou ainda desconhecido. Os resultados apontam para a possibilidade de um novo alelo ter sido selecionado, nas condições específicas da região do EOSC, cujos fatores ambientais e sociais têm influenciado na diversificação do gênero Zea. A contribuição de estudos genéticos sobre o fenótipo doce desta variedade e o desenvolvimento de estratégias integradas de conservação in situ on farm e ex situ e melhoramento genético participativo no EOSC podem contribuir para a expansão da variabilidade genética do milho doce e estimular a conservação e uso deste germoplasma local.
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