Fatores que influenciam no processo da não autorização da doação de córneas no Estado do Maranhão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14664

Palavras-chave:

Obtenção de órgãos e tecidos; Córnea; Doadores de tecidos.

Resumo

Objetivo: compreender os fatores que influenciam no processo de não autorização da doação de córneas no Estado do Maranhão. Método: estudo qualitativo, analítico, pautado na teoria das representações sociais. Os dados foram coletados de julho a agosto de 2019. Resultados: os resultados apontaram para fatores negativos que influenciam a recusa familiar, como a discordância entre os responsáveis sobre a doação, a falta de discussão sobre o tema, o medo da burocracia atrasar a liberação do corpo morto, as convicções religiosas sobre a necessidade de manter os olhos íntegros após a morte, os sentimentos de desespero e responsabilidade para deliberar sobre o corpo entregue pela instituição hospitalar, a urgência de iniciar os rituais de luto, a falta de humanização na assistência anterior à morte e a suspeita de negligência médica. Dois fatores que poderiam influenciar para a doação são: identificar, para os familiares, o nome do receptor e discutir anteriormente a doação de órgãos. Conclusão: As dificuldades para a doação da córnea acontecem, em menor frequência, no período anterior ao óbito (desacordo entre familiares). As dificuldades que ocorrem, depois do óbito, são de natureza sociocultural. A urgência dos rituais de separação, a responsabilidade súbita pelo corpo morto, a não identificação do receptor e as representações sociais sobre os olhos do morto constituem-se em barreiras à doação. Como medidas, sugerem-se o fomento a campanhas de publicidade sobre a importância da doação e a implementação de equipe de apoio especializado para oferecer suporte às famílias de potenciais doadores.

Biografia do Autor

Nubia Regina Pereira da Silva, Universidade Ceuma

Bacharel em Enfermagem, Mestra em Gestão de Programas e Serviços de Saúde, Especialista em Magistério Superior, Saúde da Família e Gestão Pública. Funcionária pública federal. Atuação no setor de transplantes. Experiência profissional em gestão pública, Ensino superior e preceptoria.

Claudia Barbastefano Monteiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac (1986), Habilitação em Enfermagem de Saúde Pública pela Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac (1987), Licenciatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1995), pós-graduação lato sensu em Assistência ao Psicótico, pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ/IPUB (2000) e mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2004). Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2019). Servidora  do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil/UFRJ no cargo de enfermeira assistencial das enfermarias e  preceptora da Escola de Enfermagem Anna Nery e da Residência Multiprofissional do IPUB/UFRJ. Atualmente no Polo de assistência em saúde mental dos trabalhadores da UFRJ - SAPS.  Experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Psiquiátrica, atuando principalmente nos seguintes temas: enfermagem, enfermagem psiquiátrica, psiquiatria, saúde pública, atenção à saúde mental e saúde do trabalhador.

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Publicado

23/04/2021

Como Citar

SILVA, N. R. P. da .; OLIVEIRA, R. M. P. de .; SAIDEL, M. G. B. .; LEITE, J. M. S. .; PACHECO, M. A. B. .; MONTEIRO, C. B. .; LOYOLA, C. M. D. . Fatores que influenciam no processo da não autorização da doação de córneas no Estado do Maranhão . Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 4, p. e56210414664, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i4.14664. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14664. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde