Avaliação ecotoxicológica de medicamentos tuberculostáticos: Concentrações Ambientais Estimadas e efeitos biológicos em Daphnia similis e Echinometra lucunter.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i5.14825

Palavras-chave:

Isoniazida; Pirazinamida; Fármacos no meio ambiente; Concentração Ambiental Estimada; Ecotoxicologia.

Resumo

Com o passar do tempo, o crescimento da produção de produtos farmacêuticos vem aumentando gradativamente e consequentemente, os resíduos destes produtos de forma inadequada no ambiente aquático também. Neste contexto, destaca-se a escassez de estudos ecotoxicológicos sobre os medicamentos da classe dos tuberculostáticos no meio aquático. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a presença dos fármacos tuberculostáticos utilizados como esquema padronizado pelo Ministério da Saúde para o tratamento de tuberculose (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol) em águas superficiais do município de Cubatão (São Paulo, Brasil), através do cálculo da concentração ambiental estimada (CAE). Adicionalmente, foram avaliados os efeitos biológicos adversos nos organismos-testes Daphnia similis e Echinometra lucunter para os fármacos Isoniazida e Pirazinamida. As concentrações ambientais estimadas foram calculadas para os quatro fármacos tuberculostáticos de acordo com a diretriz da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) (CHMP, 2006). Após, foram realizados ensaios de toxicidade em D. similis e E. lucunter de acordo com as normas ABNT NBR 12713:2016 e ABNT NBR 15350:2012, respectivamente. Os resultados das CAE para todos os fármacos tuberculostáticos incluídos neste estudo apresentaram valores superiores ao limite considerado pela EMEA de 0,01 µg.L-1. Para o ensaio de toxicidade com D. similis, os fármacos Isoniazida e Pirazinamida apresentaram valores de CE50 respectivamente 69,97 mg.L-1 e 44,49 mg.L-1 sendo estes classificados como “nocivos” de acordo com a Diretiva da Comunidade Econômica Europeia (CEE) 93/67/CEE. Já para o ensaio de toxicidade com o organismo-teste Echinometra lucunter, os fármacos Isoniazida e Pirazinamida apresentaram valores de CI50 23,66 mg.L-1 e 17,21 mg.L-1, respectivamente, resultados que os também como “nocivos” de acordo com a Diretiva 93/67/CEE. Os resultados desta pesquisa poderão servir como subsídios a novas legislações e a criação de programas governamentais que buscam soluções promovendo redução e até mesmo a eliminação de fármacos no ambiente aquático.

Referências

ABNT NBR – Associação brasileira de normas técnicas. (2012). Ecotoxicologia aquática – Toxicidade crônica de curta duração – Método de ensaio com ouriço-do-mar Echinometra lucunter. 15350:2012 Brasil; 2012 p. 21.

ABNT NBR - Associação brasileira de normas técnicas. (2016). Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda - Método de ensaio com Daphnias spp. (Cladócera, Crustácea). 12713:2016 Brasil; 2004 p. 33

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2003). http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/136_03rdc.htm

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2010). http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/rename2010final.pdf

Baumann, L., Holbech, H., Posthaus, H. S., Moissi, A. P., Hennies, M., Tidermann, J., Segner, H. & Braunbeck, T. (2020). Does hepatotoxicity interfere with endocrine activity in zebrafish (Danio rerio)? Chemosphere. 238(1), 124-589

Carvalho, G. G., Pires, A. J. V., Garcia, R., Veloso, C. M., Silva, R. R., Mendes, F. B. L., Pinheiro, A. A. & Souza, D. R. (2009). In situ degradability of dry matter, crude protein and fibrous fraction of concentrate and agroindustrial by-products. Ciência Anim. Bras. 10, 689-97

CEC (Commission of the european communities). Technical guidance document in support of commission directive 93/67/EEC on risk assessment for new notified substances. Part II, environmental risk assessment. Luxembourg: Office for official publication of the European Communities, v. 1488, p. 94, 1996.

CHMP – Guideline on the environmental risk assessment of medicinal products for huma use. (2006). http://www.emea.eu.int/pdfs/human/swp/444700en.pdf.

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). (2007). Relatório de monitoramento de emissários submarinos. http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/praias/25-publicacoes-/-relatorios

EMEA – European medicines agency, committee for medicinal products for human use (CHMP) – Guideline on the environmental Risk Assessment - . (2006). https://www.ema.europa.eu/en/environmental-risk-assessment-medicinal-products-human-use.

Environmental Protection Agency (EPA). (2007). Method 1694: Pharmaceuticals and Personal Care Products in Water, Soil, Sediment, and Biosolids by HPLC/MS/MS. http://water.epa.gov/scitech/methods/cwa/ppcp/index.cfm

Escher, M.A. S., et al (2019). Problematica ambiental da contaminação dos recursos hídricos por fármacos. RBCIAMB. 51, 141-148.

European agency for the evaluation of medicinal products (EMEA). Note for guidance on environmental risk assessment of medicinal products for human use. (2005). http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Scientific_guideline/2009/10/WC500003978.pdf

Fent, K., Weston, A. A. & Caminada, D. (2006). Ecotoxicology of human pharmaceuticals. Aquatic Toxicology. 76, 122-159.

Garrison, A. W., Pope, J. D., Allen, F. R. & Keith, C. H. (1976). Identification and analysis of organic pollutants in water. Michigan: Ann Arbor Science. 5, 517-566.

Hamilton, A. M., Russo, R. C. & Thurston, R. V. (1977). Trimmed Sperarman-Karber method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays. Environmental Sciente e Technology. 11(7), 714-719.

IMS Health – The pharmerging future, Pharmaceutical Executive. (2009) http://www.pharmexec.com/pharmexec/issue/issueDetail.jsp?id=17680

IMS Health – Saiba o que impulsiona o sistema de saúde brasileiro. (2011). http://www.imshealth.com/portal/site/ims/menuitem.d248e29c86589c9c 30e81c033208c22a/?vgnextoid=c42ae9161a3f2310VgnVCM100000ed152ca2RCRD&cpsextcurrchannel=1

Jones, O.A.H., Voulvoulis, N. & Lester, J. N. (2007). Ecotoxicity of pharmaceuticals. Comprehensive Analytical Chemistry. 50, 387-424.

Brasil. Ministério da Saúde. (2019). Manual de Recomendações para o controle da Tuberculose no Brasil. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi cacoes/manual_rec omendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf

Newman, M.C. & UNGER, M.A. (2002). Fundamentals of Ecotoxicology. Lewis Publisher.

Norberg-King, T. (1988). An interpolation estimate for chronic toxicity: The ICp approach. National Effluente Toxicity Assessment Center. 05-88.

Organização mundial da saúde (OMS). (2012). Pharmaceuticals in Drinking-water. Genebra. Health and Environment Water, Sanitation, Hygiene and Health.

Organização Mundial da Saúde (OMS). (2014). Antimicrobial Resistance: global reporto n surveillance. Genebra. Library Cataloguingin Publication.

Parlamento Europeu. Diretiva 2013/39/UE - Altera as Diretivas 2000/60/CE e 2008/105/CE no que respeita às substâncias prioritárias no domínio da política da água. (2013). Jornal Oficial da União Europeia. https://eur-lex.europa.eu/legal content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32013L0039efrom=IT.

Pereira, C. D. S. (2008). Biomarcadores de exposição, efeito e bioacumulação de xenobióticos em mexilhões Perna perna (Linnaeus, 1758) transplantados ao longo do litoral de São Paulo. Tese doutorado, Universidade de São Paulo, USP.

Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. UFSM

Quintino, M. P. (2003). Effects of pyrazinamide on pregnant albino rats. International Journal of Morphology. 21(4) 299-302.

Reis-Filho, R. W., Barreiro, J. C., Vieira, E. M. & Cass, Q. B. (2007). Fármacos, ETEs e corpos hídricos. Revista Ambiente & Água. 2. 54-61.

SABESP-Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. (2018). Tratamento de esgotos. Recuperado de http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=49.

Santos, L. H. M., Araújo, A. B., Fachini, A., Pena, A., Deleurematos, C. & Montenegro, M. C. B. S. M. (2010). Ecotoxicological aspects related to the presence of pharmaceutical in the aquatic environment. Journal of Harzardous Materials. 75(1) 45-95.

Scheffer, E. W & Tiburtius, E. R. (2014). Triclosan: Fate in the Environmentand Perspectives in the Treatment of Public Water Supply. Revista de Química. 6(5), 1144-1159

Sea Urchin Genome Sequencing Consortium. (2006). The genome of the sea urchin Strongylocentrotus purpuratus. Science. 314 (5801), 941-952.

Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (SINDUSFARMA). (2012). http://www.sindusfarmacomunica.org.br/indicadores-economicos/

USEPA - United States Environmental ProtectionAgency. (2002) EPA/600/4-91/003 — Short-termmethods for estimating the chronic toxicity of effluents and receiving waters to marine and estuarine organisms. Cincinati: U.S. Environmental Protection Agency. pp. 579.

UEPA – U.S. Environmental protection agency. (2009). Sperm cell toxicity testes using the sea urchin (arbacia puntuctulata). https://www.epa.gov/sites/production/files/201509/documents/seaurchintesting.pdf.

Yamamoto, N. S., et al (2012). Avaliação dos esfeitos biológicos dos fármacos Losartan em microcrustáceos Daphnia similis e Ceriodpahnia dúbia *Crustacea, Cladocera). Unisanta BioScience. 1(2), 49-53

Zhao, H., et al (2017). Pyrazinamide-induced hepatotoxicity and gender diferences in rats as revealed by a HNMR based metabolomics approach. Toxicological Research. Toxicology Reserach, 6(1), 17–29.

Downloads

Publicado

12/05/2021

Como Citar

FREITAS, M. S. de .; TOMA, W.; PUSCEDDU, F. H. .; GUIMARÃES, L. L. . Avaliação ecotoxicológica de medicamentos tuberculostáticos: Concentrações Ambientais Estimadas e efeitos biológicos em Daphnia similis e Echinometra lucunter. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 5, p. e42310514825, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i5.14825. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14825. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas