Características epidemiológicas e espaço-temporal de casos novos de hanseníase em municípios do estado de Alagoas, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i5.14962

Palavras-chave:

Hanseníase; Epidemiologia; Análise espaço-temporal.

Resumo

Introdução: As dificuldades de enfrentamento da hanseníase reafirmam a importância de estudos epidemiológicos em diferentes localidades para melhor avaliar a magnitude de sua endemicidade. Objetivo: analisar a distribuição dos casos novos e coeficientes de detecção da hanseníase no estado de Alagoas. Método: Trata-se de um estudo ecológico. Foram incluídos os casos de hanseníase notificados em 102 municípios do estado de Alagoas. O estudo foi baseado em registros obtidos no Sistema Nacional de Notificação, a partir da Secretaria Estadual de Saúde (2010-2019) e por dados demográficos do censo populacional (2010). Empregou-se análise de associação, espacial e de tendência temporal. Resultados: Foram notificados 4.343 casos de hanseníase nos municípios. A taxa média de detecção de casos novos para a população total foi estimada em 10,85/100.000 habitantes, variando de 12,57 (2010) a 11,63 (2019). A maior taxa foi estimada para o município de Santana do Ipanema (58,2/100.000 habitantes), considerado como hiperendêmico. Taxas com valores de muita alta endemia foram observadas em 13 municípios. Houve tendência de redução do número médio de casos em 2010-2014 (APC = -4,34, IC95%: -10,5-2.3) e de aumento em 2015-2019 (APC = 3,04, IC95%: -15,1-25). As taxas brutas e bayesiana demonstraram muitos municípios com característica de alta endemia, nas regiões oeste, noroeste, nordeste e sul. Conclusão: Este estudo evidenciou clusters em áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica. Recomenda-se o planejamento de ações preventivas, busca ativa de casos e avaliação de contatos nas áreas identificadas.

Referências

Aagaard‐Hansen, J., Nombela, N., & Alvar, J. (2010). Population movement: a key factor in the epidemiology of neglected tropical diseases. Tropical Medicine & International Health, 15(11), 1281-1288.

Almeida, E. (2012). Econometria espacial. Campinas–SP. Alínea.

Anselin, L. (2005). Exploring spatial data with GeoDaTM: a workbook. Center for spatially integrated social science.

Bailey, T. C., & Gatrell, A. C. (1995). Interactive spatial data analysis (Vol. 413, No. 8). Essex: Longman Scientific & Technical.

Barbosa, C. C., Bonfim, C. V. D., de Brito, C. M. G., Ferreira, A. T., Gregório, V. R. D. N., de Oliveira, A. L. S., ... & de Medeiros, Z. M. (2018). Spatial analysis of reported new cases and local risk of leprosy in hyper‐endemic situation in Northeastern Brazil. Tropical Medicine & International Health, 23(7), 748-757.

Brasil. (2019). Ministério da Saúde. Departamento de Informátoca do SUS. Informações de Saúde. Epidemiológicas e de Morbidade. Hanseníase. Acessado em 12 de fevereiro de 2021 em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=31032752. Brasília, DF. 2019.

Brasil. (2021). Ministério da Saúde. Sala de Apoio à Gestão Estratégica. Situação de Saúde. Indicadores de Morbidade. Hanseníase. Acessado em 12 de fevereiro de 2021 em: https://sage.saude.gov.br/# (accessed Feb 12, 2021).

Brasil. (2016). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminacao da hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional.

Ferreira, F. R., & Nascimento, L. F. C. (2019). Spatial approach of leprosy in the State of São Paulo, 2009-2012. Anais brasileiros de dermatologia, 94(1), 37-41.

Freitas, L. R. S. D., Duarte, E. C., & Garcia, L. P. (2017). Análise da situação epidemiológica da hanseníase em uma área endêmica no Brasil: distribuição espacial dos períodos 2001-2003 e 2010-2012. Revista Brasileira de Epidemiologia, 20, 702-713.

Gaschignard, J., Grant, A. V., Thuc, N. V., Orlova, M., Cobat, A., Huong, N. T., & Alcais, A. (2016). Pauci-and multibacillary leprosy: two distinct, genetically neglected diseases. PLoS neglected tropical diseases, 10(5), e0004345.

Kerr-Pontes, L. R., Barreto, M. L., Evangelista, C. M., Rodrigues, L. C., Heukelbach, J., & Feldmeier, H. (2006). Socioeconomic, environmental, and behavioural risk factors for leprosy in North-east Brazil: results of a case–control study. International journal of epidemiology, 35(4), 994-1000.

Leon, K. E., Jacob, J. T., Franco-Paredes, C., Kozarsky, P. E., Wu, H. M., & Fairley, J. K. (2016, April). Delayed diagnosis, leprosy reactions, and nerve injury among individuals with Hansen's disease seen at a United States clinic. In Open Forum Infectious Diseases (Vol. 3, No. 2, p. ofw063). Oxford University Press.

Lie, H. P. (1929). Why is leprosy decreasing in Norway?. Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 22(4).

Lockwood, D. N., & Saunderson, P. R. (2012). Nerve damage in leprosy: a continuing challenge to scientists, clinicians and service providers. International health, 4(2), 77-85.

Monteiro, L. D., Martins-Melo, F. R., Brito, A. L., Alencar, C. H., & Heukelbach, J. (2015). Spatial patterns of leprosy in a hyperendemic state in Northern Brazil, 2001-2012. Revista de Saúde Pública, 49, 84.

Monteiro, L. D., Mota, R. M. S., Martins-Melo, F. R., Alencar, C. H., & Heukelbach, J. (2017). Determinantes sociais da hanseníase em um estado hiperendêmico da região Norte do Brasil. Revista de Saúde Pública, 51, 70.

Murto, C., Chammartin, F., Schwarz, K., da Costa, L. M. M., Kaplan, C., & Heukelbach, J. (2013). Patterns of migration and risks associated with leprosy among migrants in Maranhao, Brazil. PLoS neglected tropical diseases, 7(9), e2422.

Lencucha, R., Drope, J., Bialous, S. A., & Richter, A. P. (2017). Institutions and the implementation of tobacco control in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, 33, e00168315.

Nery, J. S., Ramond, A., Pescarini, J. M., Alves, A., Strina, A., Ichihara, M. Y., Penna, M. L. F., Smeeth L., Rodrigues, L. C., Barreto, M. L., Brickley, E. B., Penna, G. O. (2019). Socioeconomic determinants of leprosy new case detection in the 100 Million Brazilian Cohort: a population-based linkage study. The Lancet Global Health, 7(9), e1226-e1236.

Penna, M. L. F., Reydeoliveira, M. V., & Penna, G. O. (2009). The epidemiological behaviour of leprosy in Brazil. Leprosy review, 80(3), 332-345.

Pescarini, J. M., Strina, A., Nery, J. S., Skalinski, L. M., Andrade, K. V. F., Penna, M. L. F., Brickley, E. B., Rodrigues, L. C., Barreto, M. L., Penna, G. O. (2018). Socioeconomic risk markers of leprosy in high-burden countries: A systematic review and meta-analysis. PLoS neglected tropical diseases, 12(7), e0006622.

Pescarini, J. M., Williamson, E., Nery, J. S., Ramond, A., Ichihara, M. Y. Fiaccone, R. L., Yuri, M., Penna, M. L. F., Smeeth, L., Rodrigues, L. C., Penna, G. O., Brickley, E. B., Barreto, M. L. (2020). Effect of a conditional cash transfer programme on leprosy treatment adherence and cure in patients from the nationwide 100 Million Brazilian Cohort: a quasi-experimental study. The Lancet Infectious Diseases, 20(5), 618-627.

Rao, P. N. (2017). Global leprosy strategy 2016-2020: Issues and concerns. Indian J Dermatol Venereol Leprol; 83, 4-6.

Raposo, M. T., Reis, M. C., de Queiroz Caminha, A. V., Heukelbach, J., Parker, L. A., Pastor-Valero, M., & Nemes, M. I. B. (2018). Grade 2 disabilities in leprosy patients from Brazil: Need for follow-up after completion of multidrug therapy. PLoS neglected tropical diseases, 12(7), e0006645.

Schneider, P. B., & Freitas, B. H. B. M. D. (2018). Leprosy trends in children under 15 years of age in Brazil, 2001-2016. Cadernos de Saúde Pública, 34(3).

Talhari, C., Talhari, S., Penna, G. O. (2015). Clinical aspects of leprosy. Clin Dermatol, 33: 26-37.

Teixeira, K. H. (2020). Uma análise espacial da pobreza no Estado de Alagoas. Redes; 25: 2668–2692.

WHO. (2010). First WHO report on neglected tropical diseases: working to overcome the global impact of neglected tropical diseases. World Heal Organ 2010. DOI:10.1177/1757913912449575.

WHO. (2020). Global leprosy (Hansen disease) update, 2019: time to step-up prevention initiatives. Wkly Epidemiol Rec; 95: 417–40.

WHO. (2021). Global Leprosy (Hansen’s Disease) Strategy 2021–2030: Towards Zero Leprosy. ISBN: 978-92-9022-850-9

WHO. (2013). Leprosy elimination. Cluster analysis of the overall detection rate of leprosy in Brazil for the triennium 2011-2013. Disponível em: https://www.who.int/lep/resources/Cluster_analysis/en/.

Wilder-Smith EP, Van Brakel WH. (2008). Nerve damage in leprosy and its management. Nat Clin Pract Neurol, 4: 656–63.

Withington, S. G., Joha, S., Baird, D., Brink, M., Brink, J. (2003). Assessing socio-economic factors in relation to stigmatization, impairment status, and selection for socio-economic rehabilitation: a 1-year cohort of new leprosy cases in north Bangladesh. Leprosy Review, 74: 120–32.

Van Brakel, W. H., Sihombing, B., Djarir, H., Beise, K., Kusumawardhani, L., Yulihane, R. & Wilder-Smith, A. (2012). Disability in people affected by leprosy: the role of impairment, activity, social participation, stigma and discrimination. Global health action, 5(1), 18394.

Visschedijk, J., Borek, J. V. de, Eggens, H., Lever, P., Beers, S. V., Klatser, P. (2000). Review: Mycobacterium leprae – millennium resistant! Leprosy control on the threshold of a new era. Tropical Medicine International Health, 5: 388–99.

Downloads

Publicado

14/05/2021

Como Citar

ALVES, G. M. G.; MELO, G. C. de .; TEIXEIRA, C. S. S.; CARVALHO, L. W. T. de .; TAVARES, C. M.; ARAÚJO, K. C. G. M. de . Características epidemiológicas e espaço-temporal de casos novos de hanseníase em municípios do estado de Alagoas, Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 5, p. e48510514962, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i5.14962. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14962. Acesso em: 4 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde