Análise da conduta dos acadêmicos de Odontologia no atendimento de pacientes soro positivo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15690

Palavras-chave:

Odontologia; Estudantes de odontologia; Síndrome da imunodeficiência adquirida.

Resumo

Objetiva-se avaliar o conhecimento e as condutas adotadas pelos acadêmicos de odontologia acerca do atendimento de pacientes soropositivo. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, realizado entre junho a dezembro de 2020. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário UNIFACID sob o número de parecer 075913/2020. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário aos acadêmicos de odontologia do 6° ao 10° período de um Centro Universitário de Teresina. Os dados foram tabulados no Excel® e analisados de forma descritiva. Participaram 97 alunos, predominantemente feminino (73,2%, n=71), com idade entre 20-29 anos (93,8%, n=91), que fazem o uso da máscara e touca (79,4%, n=77), avental cirúrgico (86,6%, n=84) e luvas (82,5%, n=80). A maioria (85,6%, n=83) confirmou atender os pacientes soro positivo, mesmo mostrando preocupação quanto ao risco de infecção (96,9%, n=94). Uma parte (18,6%; n=18) acusou ter sofrido lesão com material perfurocortante, contudo, apenas 8,2% (n=8) realizaram a testagem anti-HIV. Quanto aos cuidados adotados: 94,8% (n=92) conduziriam higienizando com água e sabão e o uso de antissépticos (81,4%, n= 79). Não houve consenso quanto ao direito de negar o atendimento, valor cobrado e ambiente indicado ao atendimento, porém todos se mostram seguros e preparados ao manejo do paciente soro positivo, com insegurança aos procedimentos cruentos (59,8%, n=58) e diagnóstico das lesões bucais (51,5%, n=50). Os acadêmicos têm preocupação quanto aos riscos, porém mostram ter conhecimento científico e técnico sobre a doença, o que faz com que mostrem segurança no atendimento dos pacientes soro positivo.

Referências

Abdelrahman, I., Lohiniva, A. L., Kandeel, A., Benkirane, M., Atta, H., Saleh, H., El Sayed, N., & Talaat, M. (2015). Learning about Barriers to Care for People Living with HIV in Egypt. Journal of the International Association of Providers of AIDS Care (JIAPAC), 14(2), 141–147. https://doi.org/10.1177/2325957413488180

Acurcio, F. (1997). Trabalhar em saúde nos tempos de AIDS: o risco e o medo. Rev Bras Clín Ter, 23, 111–117.

Andrade, R. R. A. de, Almeida, R. de A. C., Sampaio, G. C., Pereira, J. R. D., & Andrade, E. S. de S. (2013). Ocorrência de acidentes com instrumentais pérfuro-cortantes em clínica odontológica na cidade do Recife - Pernambuco: Estudo-piloto. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., 13(2).

Bhayat, A., Yengopal, V., & Rudolph, M. (2010). Predictive value of group I oral lesions for HIV infection. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology, 109(5), 720–723. https://doi.org/10.1016/j.tripleo.2009.11.019

Brasil. (2000). Controle de infecções na prática odontológica em tempos de aids: manual e condutas (C. N. de D. e A. Secretaria de Políticas de Saúde (ed.)). Ministério da Saúde.

Brasil. (2004). Implicações Éticas do Diagnóstico e da Triagem Sorológica do HIV (A. e H. V. Secretaria de Vigilância em Saúde; Departamento de DST (ed.)). Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd10_07.pdf

Brasil. (2006). Exposição a materiais biológicos (Série A. Normas e Manuais Técnicos - Saúde do Trabalhador, 3. Protocolo de Complexidade Diferenciada) (S. de A. a S. D. de A. Programáticas (ed.)). Ministério da Saúde.

Brasil. (2020). Cai o número de casos e mortes causados pela Aids no país. Https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/12/cai-o-numero-de-casos-e-mortes-causados-pela-aids-no-pais#:~:text=entre%202012%20e%202019%20houve,anos%2c%20entre%202015%20e%202019.

Corrêa, E. M. de C., & Andrade, E. D. de. (2005). Tratamento odontológico em Pacientes HIV/AIDS. Revista Odonto Ciência, 20(49).

Discacciati, J. A. C., & Vilaça, Ê. L. (2001). Atendimento odontológico ao portador do HIV: medo, preconceito e ética profissional. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health, 9(4), 234–239.

Ferrari, P. (2001). Princípio de biossegurança é uma questão de consciência profissiona. Revista Interativo, VI(48).

Ferreira, R. (1995). Biossegurança. Rev Assoc Paul Cirurg Dent, 49(6), 417–427.

Ferreira, L. Q., Oschiro, A. C., Da Cruz, M. C. C., De Camargo, R. P., Da Cruz, M. C. (2018). Hepatite B: conhecimento e atitudes de acadêmicos de Odontologia. Arch Health Invest., 7(7):258-261. http://dx.doi.org/10.21270/archi.v7i7.3041

Flores, J. A., Ferreira, F. V., Gasparin, A. B., Kaizer, M. da R., & Oliveira, M. O. de. (2006). Manifestações bucais e infecções oportunistas em pacientes HIV positivos no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) - RS. Revista Do Centro de Ciências Da Saúde, 32(1 e 2).

Garbin, C. A. S., Garbin, A. J. I., Moimaz, S. A. S., & Carmo, M. P. do. (2009). Bioética e HIV/Aids: discriminação no atendimento aos portadores. Revista Bioética, 17(3), 511–522.

Gasparin, A. B., Ferreira, F. V., Danesi, C. C., Mendoza-Sassi, R. A., Silveira, J., Martinez, A. M. B., Zhang, L., & Cesar, J. A. (2009). Prevalência e fatores associados às manifestações bucais em pacientes HIV positivos atendidos em cidade sul-brasileira. Cadernos de Saúde Pública, 25(6), 1307–1315. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000600013

Greppi, F. de S., & Cesar, M. F. (2002). Utilização De Equipamento De Proteção Individual (Epi) Para O Paciente Odontopediátrico. Rev. Biociênc., 8(1), 77–83.

Gurses, A. P., Seidl, K. L., Vaidya, V., Bochicchio, G., Harris, A. D., Hebden, J., & Xiao, Y. (2008). Systems ambiguity and guideline compliance: a qualitative study of how intensive care units follow evidence-based guidelines to reduce healthcare-associated infections. Quality and Safety in Health Care, 17(5), 351–359. https://doi.org/10.1136/qshc.2006.021709

Kalichman, S. C., Price, D., Eaton, L. A., Burnham, K., Sullivan, M., Finneran, S., Cornelius, T., & Allen, A. (2017). Diminishing Perceived Threat of AIDS and Increasing Sexual Risks of HIV Among Men Who Have Sex with Men, 1997–2015. Archives of Sexual Behavior, 46(4), 895–902. https://doi.org/10.1007/s10508-016-0934-9

Keser, G., Göcüncü, N., & Pekiner, F. (2019). Assessment of knowledge level about acquired immune deficiency syndrome and patient approaches of dental students. Nigerian Journal of Clinical Practice, 22(9), 1259. https://doi.org/10.4103/njcp.njcp_116_19

Lazzarotto, A. R., Deresz, L. F., & Sprinz, E. (2010). HIV/AIDS e Treinamento Concorrente: a Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Medicina Do Esporte, 16(2), 149–154. https://doi.org/10.1590/S1517-86922010000200015

Lucena, N. T. de, Petruzzi, M. N. M. R., Cherubini, K., Salum, F., & Figueiredo, M. A. Z. de. (2016). Conhecimento, atitudes e práticas dos estudantes de Odontologia com relação a pacientes HIV positivos. RFO UPF, 21(3).

Maia, L. A., Vieira-Meyer, A. P. G. F., Nuto, S. de A. S., Morais, A. P. P., & Menezes, É. A. V. de. (2015). Atenção à saúde bucal das Pessoas que Vivem com HIV/Aids na perspectiva dos cirurgiões-dentistas. Saúde Em Debate, 39(106), 730–747. https://doi.org/10.1590/0103-1104201510600030014

Matos, F., Santana, L., & Paixão, M. (2012). Reflexões bioéticas no atendimento odontológico ao paciente portador de HIV/AIDS. Revista Brasileira de Bioética, 8(1–4), 57–66. https://doi.org/10.26512/rbb.v8i1-4.7777

Motta, W. K. de S., Nóbrega, D. R. de M., Santos, M. G. C. dos, Gomes, D. Q. de C., Godoy, G. P., & Pereira, J. V. (2014). Aspectos demográficos e manifestações clínicas bucais de pacientes soropositivos para o HIV/Aids. Revista de Odontologia Da UNESP, 43(1), 61–67. https://doi.org/10.1590/S1807-25772014000100010

Orestes-Cardoso, S. M., Farias, A. B. L. de, Pereira, M. R. M. G., Orestes-Cardoso, A. J., & Cunha Júnior, I. de F. (2009). Acidentes perfurocortantes: prevalência e medidas profiláticas em alunos de odontologia. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 34(119), 6–14. https://doi.org/10.1590/S0303-76572009000100002

Parham, P. (2001). O sistema imune. Artmed Editora.

Pinelli, C., Garcia, P. P. N. S., Campos, J. Á. D. B., Dotta, E. A. V., & Rabello, A. P. (2011). Biossegurança e odontologia: crenças e atitudes de graduandos sobre o controle da infecção cruzada. Saúde e Sociedade, 20(2), 448–461. https://doi.org/10.1590/S0104-12902011000200016

Ribeiro, P. H. V., Hayashida, M., & Moriya, T. M. (2007). Acidentes Com Material Biológico Entre Estudantes de Graduação em Odontologia. Revista de Odontologia Da Universidade Cidade de São Paulo, 19(3), 263–268.

Senna, M. I. B., Guimarães, M. D. C., & Pordeus, I. A. (2005). Atendimento odontológico de portadores de HIV/AIDS: fatores associados à disposição de cirurgiões-dentistas do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 21(1), 217–225. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100024

Silva-Boghossian, C. M., Boscardini, B. A. B., Pereira, C. M., & Moreira, E. J. L. (2020). Evaluation of oral care protocols practice by dentists in Rio de Janeiro towards HIV/AIDS individuals. BMC Oral Health, 20(1), 13. https://doi.org/10.1186/s12903-020-0999-7

Silva, K. F. da. (2018). Conhecimento, atitudes e práticas dos acadêmicos do curso de odontologia da Universidade do Sul de Santa Catarina em relação a pacientes HIV-positivo. Unisul, Palhoca.

Silva, M., Marques, C., Oliveira Filho, I., Oliveira, G., & Carneiro, R. (2007). Atenção odontológica a portadores de HIV/AIDS em Recife – Pernambuco, Brasil, 2005. Odontol. Clín,-Cient., 6(4), 309–313.

Souza, L. B. de, Pinto, L. P., Medeiros, A. M. C. de, Araújo Jr., R. F. de, & Mesquita, O. J. X. de. (2000). Manifestações orais em pacientes com AIDS em uma população brasileira. Pesquisa Odontológica Brasileira, 14(1), 79–85. https://doi.org/10.1590/S1517-74912000000100014

Sposto, M. R., Santos, S. G. dos, Domaneschi, C., Navarro, C. M., & Onofre, M. A. (2003). Avaliação do conhecimento sobre a infecção HIV de estudantes de odontologia antes e após palestra informativa. Journal of Applied Oral Science, 11(2), 125–132. https://doi.org/10.1590/S1678-77572003000200008

Thomas, M. V., Jarboe, G., & Frazer, R. Q. (2008). Infection Control in the Dental Office. Dental Clinics of North America, 52(3), 609–628. https://doi.org/10.1016/j.cden.2008.02.002

UNAIDS. (2020). Estatísticas. UNAIDS Brasil. https://unaids.org.br/estatisticas/

Varellis, M. L. Z. (2017). O Paciente com Necessidades Especiais na Odontologia - Manual Prático (3a). Guanabara Koogan.

Vieira, R. R. de F. (2018). O Estigma no trabalho: a vivência de profissionais soropositivos. Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais.

World Health Organization, W. (2021). Global health sector strategy on HIV, 2016-2021. WHO. https://www.who.int/hiv/strategy2016-2021/ghss-hiv/en/

Downloads

Publicado

20/05/2021

Como Citar

MACEDO , A. G. R. de .; CARVALHO, G. D.; GOUVEIA, G. P. de M. .; ARAGÃO, Y. L. .; GOUVEIA, S. S. V. .; VASCONCELOS, S. S. .; CARNEIRO, O. B. .; BRAGA FILHO, F. M. A.; SILVA, M. de A. .; FREITAS, G. B. L. de .; SANTIAGO, R. F. .; OLIVEIRA, J. S. .; CARVALHO, R. M. de A. . Análise da conduta dos acadêmicos de Odontologia no atendimento de pacientes soro positivo. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 6, p. e39810615690, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i6.15690. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15690. Acesso em: 3 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde