Avaliação sistemática da cadeia fria de medicamentos no Brasil por profissionais farmacêuticos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.16144Palavras-chave:
Cadeia fria; Boas práticas de fabricação; Farmacovigilância; Gerenciamento da cadeia de suprimentos.Resumo
Um dos desafios da logística farmacêutica é garantir que os medicamentos termolábeis cheguem ao paciente com qualidade. Este estudo transversal prospectivo teve como objetivo analisar o cenário atual da cadeia fria no Brasil. Um questionário eletrônico semiestruturado foi aplicado para a coleta de dados. A amostra total foi de 1.793 farmacêuticos (IC: 99,998%; ME: 5%; p: 0,00002). 74,1% dos farmacêuticos relataram que o transporte é a etapa mais crítica; 97,2% afirmaram que a modalidade escolhida influencia na qualidade dos produtos; 52,5% relataram possuir apenas parâmetros parciais (instrumentos) para avaliação da qualidade e que os medicamentos termolábeis possivelmente chegam alterados ao consumidor final devido à cadeia fria (59,8%); 66,9% não possuem treinamento específico sobre medicamentos termolábeis e 50,9% não receberam as fichas técnicas dos produtos por meio dos titulares dos registros; 20,7% relataram não serem capazes de analisar ou realizar qualquer atividade relacionada à qualificação e validação. A ausência de marcação nos registros manuais (50,6%), a não validação dos equipamentos utilizados para conservação (30,6%) e o armazenamento incorreto de medicamentos em geladeiras domésticas (45,5%), próximo a alimentos (35,8%), também foi observado. A não medição da temperatura dos produtos recebidos foi afirmada por 56,7%, assim como o uso de termômetros para avaliação desse parâmetro (45,3%); 58,7% dos estabelecimentos não possuem mapeamento térmico e 55,3% dos profissionais desconhecem a durabilidade térmica das embalagens. Devido à situação potencialmente inadequada, é urgente implementar ferramentas que garantam a qualidade dos medicamentos termolábeis em todas as suas etapas logísticas.
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