Desempenho do teste Xpert® MTB/RIF na detecção laboratorial de tuberculose em amostras pulmonares e extrapulmonares
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.16533Palavras-chave:
Tuberculose; Técnicas de diagnóstico molecular; Diagnóstico precoce.Resumo
Objetivo: Avaliar a performance diagnóstica do Xpert® MTB/RIF na realidade goiana. Metodologia: Estudo transversal formulado a partir de registros arquivados na Seção de Micobactérias de um laboratório referência no diagnóstico de agravos de interesse em saúde pública do Estado de Goiás, Brasil. Foram coletados dados referentes a amostras vinculadas a casos suspeitos de tuberculose processadas no período compreendido entre outubro de 2017 e outubro de 2018. Incluiu-se no estudo amostras pulmonares e extrapulmonares que apresentavam resultados de Xpert® MTB/RIF e cultura. As informações coletadas foram utilizadas para composição de um banco de dados com as seguintes variáveis: espécime clínico, resultado do Xpert® MTB/RIF, resultado da cultura e tipo de cultura (sólida ou líquida). Para cálculo de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN), o crescimento em cultura foi tido como referência. Resultados: Foram elegíveis para o estudo 3262 amostras, 3068 de origem pulmonar (94,1%) e 194 de origem extrapulmonar (5,9%). O Xpert® MTB/RIF mostrou sensibilidade e especificidade geral de 87,1% e 97,6% para amostras de origem pulmonar e 80,0% e 97,3% para amostras de origem extrapulmonar. O desempenho do teste variou de acordo com a amostra clínica e o tipo de cultura tomada como referência. Conclusão: O teste Xpert® MTB/RIF demonstrou no presente estudo ser uma importante ferramenta diagnóstica para casos de tuberculose tanto em amostras pulmonares quanto extrapulmonares, apresentando boa sensibilidade e especificidade. Os resultados, como de qualquer outra metodologia, devem ser interpretados com cautela e baseados na associação de critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais.
Referências
Atehortúa, S., Ramírez, F., Echeverri, L. M., Peñata, A., & Ospina, S. (2015). Xpert MTB/RIF test performance assay in respiratory samples at real work settings in a developing country. Biomédica, 35(1), 125-130.
Bertolozzi, M. R., Takahashi, R. F., Hino, P., Litvoc, M., & França, F. O. S. (2014). O controle da tuberculose: um desafio para a saúde pública. Revista de Medicina, 93(2), 83-89.
Bunsow, E., Ruiz-Serrano, M. J., Roa, P. L., Kestler, M., Viedma, D. G., & Bouza, E. (2014). Avaliação do GeneXpert MTB/RIF para a detecção de Mycobacterium tuberculosis e resistência à rifampicina em amostras clínicas. Journal of Infection, 68(4), 338-343.
Casela, M., Cerqueira, S. M. A., Casela, T. D. O., Pereira, M. A., Santos, S. Q. D., Pozo, F. A. D., Freire, S. M., & Matos, E. D. (2018). Teste rápido molecular para tuberculose: avaliação do impacto de seu uso na rotina em um hospital de referência. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 44(2), 112-117.
Caulfield, A. J., & Wengenack, N. L. (2016). Diagnosis of active tuberculosis disease: From microscopy to molecular techniques. Journal of Clinical Tuberculosis and Other Mycobacterial Diseases, 4(1), 33-43.
Cepheid. (2016). Xpert® MTB/RIF Package Insert. http://www.cepheid.com/manageddownloads/xpert-mtb-rif-english-package-insert-301-1404-rev-c.pdf
Che-Engku-Chik, C. E. N., Yusof, N. A., Abdullah, J., Othman, S. S., Said, M. H. M., & Wasoh, H. (2016). Detection of tuberculosis (TB) using gold standard method, direct sputum smears microscopy, PCR, qPCR and electrochemical DNA sensor: A mini review. Journal of Biochemistry, Microbiology and Biotechnology, 4(2), 16-21.
Durovni, B., Saraceni, V., Van Den Hof, S., Trajman, A., Cordeiro-Santos, M., Cavalcante, S., Menezes, A., & Cobelens, F. (2014). Impact of replacing smear microscopy with Xpert MTB/RIF for diagnosing tuberculosis in Brazil: a stepped-wedge cluster-randomized trial. PLoS Med, 11(12), e1001766.
Fonseca, J. D., Knight, G. M., & McHugh, T. D. (2015). The complex evolution of antibiotic resistance in Mycobacterium tuberculosis. International Journal of Infectious Diseases, 32(1), 94-100.
García, P., Balcells, M. E., Castillo, C., Miranda, C., Geoffroy, E., Román, J. C., & Wozniak, A. (2017). Evaluación de la técnica Xpert® MTB/RIF para la detección de Mycobacterium tuberculosis complex en muestras extra-pulmonares. Revista Chilena de Infectología, 34(4), 333-339.
Garrido, M. S., Bührer-Sékula, S., Souza, A. B., Oliveira, G. P., Antunes, I. A., Mendes, J. M., Saraceni, V., Martinez-Espinosa, F. E., & Ramasawmy, R. (2015). Multidrug-resistant tuberculosis in the Amazonas State, Brazil, 2000–2011. The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, 19(5), 531-536.
Gómez, A. V., González-Martín, J., & García-Basteiro, A. L. (2017). Xpert® MTB/RIF: utilidad en el diagnóstico de la tuberculosis y de la resistencia a la rifampicina. Medicina Clínica, 149(9), 399-405.
Günther, G., Van Leth, F., Alexandru, S., Altet, N., Avsar, K., Bang, D., Barbuta, R., Bothamley, G., Ciobanu, A., Crudu, V., Davilovits, M., Dedicoat, M., Duarte, R., Gualano, G., Kunst, H., Lange, W., Leimane, V., Magis-Escurra, C., McLaughlin, A. M., Muylle, I., Polcová, V., Pontali, E., Popa, C., Rumetshofer, R., Skrahina, A., Solodovnikova, V., Spinu, V., Tiberi, S., Viiklepp, P., & Lange, C. (2015). Multidrug-resistant tuberculosis in Europe, 2010–2011. Emerging Infectious Diseases, 21(3), 409-416.
Iram, S., Zeenat, A., Hussain, S., Yusuf, N. W., & Aslam, M. (2015). Rapid diagnosis of tuberculosis using Xpert MTB/RIF assay - Report from a developing country. Pakistan Journal of Medical Sciences, 31(1), 105-110.
Jaimes, J. R., Chavez, J. G., Flores, Y. H., & Nakiche, T. C. (2018). Identificación de micobacterias en medio sólido mediante microscopía de fase invertida y tinción Ziehl-Neelsen. Revista Peruana de Medicina Experimental y Salud Pública, 35(2), 279-284.
Jha, R. K., Singh, V., Vijayasimha, M., & Chhetry, G. (2019). A comparative assessment of Petroff’s and n-acetyl-l-cysteine-sodium hydroxide method in the diagnosis of pulmonary tuberculosis. Journal of Drug Delivery and Therapeutics, 9(3-s), 425-429.
Kohli, M., Schiller, I., Dendukuri, N., Dheda, K., Denkinger, C. M., Schumacher, S. G., & Steingart, K. R. (2018). Xpert® MTB/RIF assay for extrapulmonary tuberculosis and rifampicin resistance. Cochrane Database of Systematic Reviews, 8(1), CD012768.
Liu, R., Liang, Q., Shang, Y., Ma, Y., Wang, F., Dong, L., Huang, H., Gao, M., & Pang, Y. (2019). GeneXpert of stool versus gastric lavage fluid for the diagnosis of pulmonary tuberculosis in severely ill adults. Infection, 47(4), 611-616.
Maciel, E. L. N., Brotto, L. D. D. A., Sales, C. M. M., Zandonade, E., & Sant'Anna, C. C. (2010). Coleta de lavado gástrico para diagnóstico de tuberculose pulmonar infantil: revisão sistemática. Revista de Saúde Pública, 44(4), 735-742.
Metcalf, T., Soria, J., Montano, S. M., Ticona, E., Evans, C. A., Huaroto, L., Kasper, M., Ramos, E. S., Mori, N., Jittamala, P., Chotivanich, K., Chavez, I. F., Singhasivanon, P., Pukrittayakamee, S., & Zunt, J. R. (2018). Evaluation of the GeneXpert MTB/RIF in patients with presumptive tuberculous meningitis. PloS One, 13(6), e0198695.
Ministério da Saúde. (2021). Boletim epidemiológico, Tuberculose - 2021. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Coordenação Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/marco/24/boletim-tuberculose-2021_24.03
Ministério da Saúde. (2019). Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_ed.pdf
Ministério da Saúde. (2014). Nota Informativa nº 9, de 11 de dezembro de 2014 - Recomendações sobre o diagnóstico da tuberculose por meio do teste rápido molecular para tuberculose. Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose. https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2016-05/nota-informativa-n-09-teste-rapido-molecular-tb.pdf
Ministério da Saúde. (2013). Portaria nº 48, de 10 de setembro de 2013 - Torna pública a decisão de incorporar o Teste Xpert MTB/RIF para diagnóstico de casos novos de tuberculose e detecção de resistência à rifampicina no Sistema Único de Saúde – SUS. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sctie/2013/prt0048_10_09_2013.html
Oliveira, G. S., Castro, G. R., Lima, C., Silva, J. X., Naves, J. D. O. S., & Monteiro Filho, C. M. R. (2016). Identificação laboratorial de micobactérias em amostras respiratórias de pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar no Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF). Journal of Health & Biological Sciences, 4(3), 187-192.
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da Pesquisa Científica. Santa Maria, RS: UFSM, NTE. https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1
Pereira, M. G. (1999). Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Rachow, A., Saathoff, E., Mtafya, B., Mapamba, D., Mangu, C., Rojas-Ponce, G., Ntinginya, N. E., Boeree, M., Heinrich, N., Gillespie, S. H., Hoelscher, M., & PanACEA-Consortium. (2018). The impact of repeated NALC/NaOH-decontamination on the performance of Xpert MTB/RIF assay. Tuberculosis, 110(1), 56-58.
Sahrin, M., Rahman, A., Uddin, M. K. M., Kabir, S. N., Kabir, S., Houpt, E., & Banu, S. (2018). Discordance in Xpert® MTB/RIF assay results among low bacterial load clinical specimens in Bangladesh. The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, 22(9), 1056-1062.
Samper, S., & González-Martin, J. (2018). Diagnóstico microbiológico de las infecciones causadas por el género Mycobacterium. Enfermedades Infecciosas y Microbiología Clínica, 36(2), 104-111.
Sharma, S. K., Kohli, M., Yadav, R. N., Chaubey, J., Bhasin, D., Sreenivas, V., Sharma, R., & Singh, B. K. (2015). Evaluating the diagnostic accuracy of Xpert MTB/RIF assay in pulmonary tuberculosis. PloS One, 10(10), e0141011.
Silva, D. R., Dalcolmo, M., Tiberi, S., Arbex, M. A., Munoz-Torrico, M., Duarte, R., D’Ambrosio, L., Visca, D., Rendon, A., Gaga, M., Zumla, A., & Migliori, G. B. (2018). Novos fármacos e fármacos repropostos para o tratamento da tuberculose multirresistente e extensivamente resistente. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 44(2), 153-160.
Silva, T. M., Soares, V. M., Ramos, M. G., & Santos, A. (2019). Acurácia do teste rápido molecular para tuberculose em amostras de escarro, lavado broncoalveolar e aspirado traqueal obtidos de pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar em um hospital de referência terciária. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 45(2), e20170451.
Tadesse, M., Abebe, G., Bekele, A., Bezabih, M., Yilma, D., Apers, L., Jong, B. C., & Rigouts, L. (2019). Xpert MTB/RIF assay for the diagnosis of extrapulmonary tuberculosis: a diagnostic evaluation study. Clinical Microbiology and Infection, 25(8), 1000-1005.
Theron, G., Venter, R., Calligaro, G., Smith, L., Limberis, J., Meldau, R., Chanda, D., Esmail, A., Peter, J., & Dheda, K. (2016). Xpert MTB/RIF results in patients with previous tuberculosis: can we distinguish true from false positive results?. Clinical Infectious Diseases, 62(8), 995-1001.
Theron, G., Venter, R., Smith, L., Esmail, A., Randall, P., Sood, V., Oelfese, S., Calligaro. G., Warren, R., & Dheda, K. (2018). False-positive Xpert MTB/RIF results in retested patients with previous tuberculosis: frequency, profile, and prospective clinical outcomes. Journal of Clinical Microbiology, 56(3), e01696-17.
Vallejo, P., Rodríguez, J. C., Searle, A., & Farga, V. (2015). Ensayo Xpert MTB/RIF en el diagnóstico de tuberculosis. Revista Chilena de Enfermedades Respiratorias, 31(2), 127-131.
Walker, T. M., Kohl, T. A., Omar, S. V., Hedge, J., Elias, C. D. O., Bradley, P., Iqbal, Z., Feuerriegel, S., Niehaus, K. E., Wilson, D. J., Clifton, D. A., Kapatai, G., Clp, C. L., Bowden, R., Drobniewski, F. A., Allix-Béguec, C., Gaudin, C., Parkhill, J., Diel, R., Supply, P., Crook, D. W., Smith, E. G., Walker, S. A., Ismail, N., Niemannt, S., Petot, T. E. A., & Modernizing Medical Microbiology Informatics Group. (2015). Whole-genome sequencing for prediction of Mycobacterium tuberculosis drug susceptibility and resistance: a retrospective cohort study. The Lancet Infectious Diseases, 15(10), 1193-1202.
Wang, G., Wang, S., Jiang, G., Fu, Y., Shang, Y., & Huang, H. (2018). Incremental cost-effectiveness of the second Xpert MTB/RIF assay to detect Mycobacterium tuberculosis. Journal of Thoracic Disease, 10(3), 1689-1695.
World Health Organization. (2020). Global tuberculosis report 2020. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/336069/9789240013131-eng.pdf
World Health Organization. (2013). Using the Xpert MTB/RIF assay to detect pulmonar and extrapulmonary tuberculosis and rifampicin resistance in adults and children. Expert Group Meeting Report. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/112659/WHO_HTM_TB_2013.14_eng.pdf
Zawedde-Muyanja, S., Manabe, Y. C., Sewankambo, N. K., Nakiyingi, L., & Nakanjako, D. (2018). Xpert® MTB/RIF associated with improved treatment initiation among patients with smear-negative tuberculosis. The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, 22(12), 1475-1480.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Jefferson do Carmo Dietz; Marielly Sousa Borges; Sueli Lemes de Ávila Alves; Disley Xavier Rodrigues Dias; Edna Joana Cláudio Manrique
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
