Uso de doadores falecidos com anti-HBc positivo no transplante hepático
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.16662Palavras-chave:
Doadores de órgãos; Hepatite B; Transplante de fígado.Resumo
Objetivo: Analisar os resultados do uso de enxertos de doadores com o marcador sorológico anti-HBc positivo em receptores de transplante de fígado. Metodologia: Estudo retrospectivo com 64 receptores de transplante hepático que receberam enxertos de doadores anti-HBc positivo, entre o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2017, em um hospital universitário de Fortaleza-CE. A coleta de dados foi realizada com instrumento próprio a partir de prontuários, incluindo dados demográficos e clínicos, como o uso de profilaxia antiviral e o desenvolvimento de hepatite B no pós-transplante. Os dados foram processados no SPSS com análise estatística. Resultados: O sexo masculino foi predominante, a idade média foi de 49,2 anos e as principais indicações para o transplante foram as hepatites virais B e C. Entre os pacientes que eram HBsAg reagentes (25/64) no pré-transplante, apenas um apresentou carga viral detectável no pós-transplante. Entre os receptores HBsAg não reagentes (39/64), foram observados nove (23,07%) casos de hepatite B de novo, sendo que cinco deles possuíam anti-Hbs reagente no pré-transplante. Todos os noves pacientes apresentaram elevação das transaminases hepáticas e dois evoluíram para óbito. Considerações finais: Para maior segurança, algumas estratégias são indicadas como o uso preferencial de enxertos de doador com anti-HBc positivo em receptores já HBsAg positivo, como o uso de um esquema profilático adequado e um seguimento sorológico periódico no pós-transplante.
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