Clearance de creatinina: um estudo comparativo de cinco equações para estimar a taxa de filtração glomerular em pacientes ambulatoriais em um serviço público de saúde
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.17875Palavras-chave:
Diagnósticos de laboratório clínico; Taxa de filtração glomerular; Eliminação renal.Resumo
O correto diagnóstico da doença renal crônica (DRC) depende de diversas equações para estimar a taxa de filtração glomerular (TFG), tais como Cockroft-Gault (CG), MDRD e CKD-EPI. Objetivou-se estimar e comparar a TFG obtida por diferentes equações, utilizando dados de pacientes atendidos em laboratório de análises clínicas público (LRR). Realizou-se estudo retrospectivo, de corte transversal, descritivo, com dados de 7828 pacientes e estimando os valores de TFG pelas equações de CG com peso real (CG1) e com peso ideal (CG2), MDRD e CKD-EPI para comparação com os resultados do LRR (grupo cLRR), utilizando ANOVA e pós-testes t de Student e Bonferroni, e comparados com critérios internacionais para DRC. Os valores de TFG são diferentes entre si. O grupo CG1 é semelhante ao cLRR. Todas as equações (exceto CG2) parecem produzir resultados convergentes para TFG ≥ 60 mL/min. Quando a TFG ≤ 29,0 mL/min, a frequência de resultados cLRR é a mesma de CG1; entretanto, comparados com os dados obtidos pelas outras equações, o número de pacientes é consideravelmente maior, o que sugere um refinamento na forma de classificar a DRC. Quanto aos valores intermediários de TFG (30-59 mL/min), indicativos de redução discreta-moderada e moderada-severa da TFG, os dados de CG2 enquadram 31,5% dos pacientes, contra 8-10,4% das outras equações. Assim, a estimativa da TFG varia de acordo com a equação escolhida, especialmente para TFG < 60 mL/min e a equação CKD-EPI produz valores melhor distribuídos estatisticamente, destacando a necessidade de estimar a TFG utilizando várias equações, simultaneamente.
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