Avaliação da diversidade genética de amostras de Cryptococcus neoformans isoladas em diferentes regiões geográficas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.18333Palavras-chave:
Cryptococcus neoformans; Filogenia; Recombinação genética.Resumo
Cryptococcus neoformans é o agente etiológico da criptococose, uma infecção fúngica oportunista e ocorre frequentemente em pacientes imunodeprimidos, com uma doença de base, afetando principalmente o sistema nervoso central e os pulmões. Análises de sequências genômicas de microrganismos por meio de filogenias têm demonstrado um amplo espectro de aplicações na pesquisa científica e na medicina. Na área da saúde, a utilização desta ferramenta auxilia no diagnóstico e consequentemente na elaboração de programas para melhor tratamento e controle das doenças. Ainda, a análise filogenética é importante para caracterizar novas espécies que possam vir a sofrer possíveis recombinações genéticas, que na grande maioria das vezes é responsável pela resistência de patógenos frente ao tratamento. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo analisar a variabilidade genética dos genes 18S e 28S de C. neoformans em diferentes regiões geográficas. Foram selecionadas 191 sequências gênicas do gene 18S e 132 sequências gênicas do gene 28S para realização das análises filogenéticas e Split. Os resultados demonstraram que o gene 28S tem uma maior variabilidade genética se comparado ao gene 18S que se mostrou mais conservado. Essa variabilidade pode ser resultante de recombinações genéticas e migrações de cepas diferentes de uma região geográfica para outra, como por exemplo, através do turismo de indivíduos portadores do fungo. Além disso, a recombinação genética pode resultar futuramente em uma nova espécie com capacidade de causar doenças no homem.
Referências
Aguiar, P. A. D. F. D., Pedroso, R. D. S., Borges, A. S., Moreira, T. D. A., Araújo, L. B. D., & Röder, D. V. D. D. B. (2017). The epidemiology of cryptococcosis and the characterization of Cryptococcus neoformans isolated in a Brazilian University Hospital. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 59.
Ajawatanawong, P. (2016). Molecular phylogenetics: Concepts for a newcomer. Network Biology, 185-196.
Araújo, E. C., Táparo, C. V., Uchida, C. Y., & Marinho, M. (2015). Cryptococcus: isolamento ambiental e caracterização bioquímica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 67, 1003-1008.
Arechavala, A., Negroni, R., Messina, F., Romero, M., Marín, E., Depardo, R., ... & Santiso, G. (2018). Criptococose em Hospital de Doenças Infecciosas de Buenos Aires, Argentina. Revisão de 2.041 casos: Diagnóstico, aspectos clínicos e terapêutica. Revista iberoamericana de micologia , 35 (1), 1-10.
Ashton, P. M., Thanh, L. T., Trieu, P. H., Van Anh, D., Trinh, N. M., Beardsley, J., ... & Day, J. N. (2019). Three phylogenetic groups have driven the recent population expansion of Cryptococcus neoformans. Nature communications, 10(1), 1-10.
Caldart, E. T., Mata, H., Canal, C. W., & Ravazzolo, A. P. (2016). Análise filogenética: conceitos básicos e suas utilizações como ferramenta para virologia e epidemiologia molecular. Acta Scientiae Veterinariae, 44, 1-20.
Costa, A. K., Sidrim, J. J., Cordeiro, R. A., Brilhante, R. S., Monteiro, A. J., & Rocha, M. F. (2010). Urban pigeons (Columba livia) as a potential source of pathogenic yeasts: a focus on antifungal susceptibility of Cryptococcus strains in Northeast Brazil. Mycopathologia, 169(3), 207-213.
Desnos-Ollivier, M., Patel, S., Spaulding, AR, Charlier, C., Garcia-Hermoso, D., Nielsen, K., & Dromer, F. (2010). Infecções mistas e evolução in vivo no fungo patógeno humano Cryptococcus neoformans. MBio, 1 (1), e00091-10.
Faganello, J. (2008). Estudo da variabilidade e diferenças morfológicas entre as espécies Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatii por análise de diferença representacional e microscopia eletrônica de varredura (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Felsenstein, J. (1985). Confidence limits on phylogenies: an approach using the bootstrap. evolution, 39(4), 783-791.
Ferreira-Paim, K., Ferreira, T. B., Andrade-Silva, L., Mora, D. J., Springer, D. J., Heitman, J., ... & Silva-Vergara, M. L. (2014). Phylogenetic analysis of phenotypically characterized Cryptococcus laurentii isolates reveals high frequency of cryptic species. PLoS One, 9(9), e108633.
Ferreira-Paim, K., Andrade-Silva, L., Fonseca, F. M., Ferreira, T. B., Mora, D. J., Andrade-Silva, J., ... & Silva-Vergara, M. L. (2017). MLST-based population genetic analysis in a global context reveals clonality amongst Cryptococcus neoformans var. grubii VNI isolates from HIV patients in Southeastern Brazil. PLoS neglected tropical diseases, 11(1), e0005223.
Galiza, G. J., Silva, T. M., Caprioli, R. A., Tochetto, C., Rosa, F. B., Fighera, R. A., & Kommers, G. D. (2014). Determinação das características histomorfológicas e histoquímicas no diagnóstico da criptococose em animais de companhia. Pesquisa Veterinária Brasileira , 34 (3), 261-269.
Hagen, F., Khayhan, K., Theelen, B., Kolecka, A., Polacheck, I., Sionov, E., ... & Boekhout, T. (2015). Recognition of seven species in the Cryptococcus gattii/Cryptococcus neoformans species complex. Fungal Genetics and Biology, 78, 16-48.
Meyer, W., Aanensen, D. M., Boekhout, T., Cogliati, M., Diaz, M. R., Esposto, M. C., ... & Kwon-Chung, J. (2009). Consensus multi-locus sequence typing scheme for Cryptococcus neoformans and Cryptococcus gattii. Medical mycology, 47(6), 561-570.
Moreira, T. D. A., Ferreira, M. S., Ribas, R. M., & Borges, A. S. (2006). Criptococose: estudo clínico-epidemiológico, laboratorial e das variedades do fungo em 96 pacientes. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 39, 255-258.
Nascimento, M. A., Santos, E. C. M., de Carvalho, V. M., Borges, M. S., Ederli, J. P. B., de Albuquerque, C. A. N., ... & Moris, D. V. (2020). Perfil de pacientes com criptococose em hospital regional do interior de São Paulo. Research, Society and Development, 9(9), e598997642-e598997642.
O'Meara, T. R., Xu, W., Selvig, K. M., O'Meara, M. J., Mitchell, A. P., & Alspaugh, J. A. (2014). The Cryptococcus neoformans Rim101 transcription factor directly regulates genes required for adaptation to the host. Molecular and Cellular Biology, 34(4), 673-684.
Pinheiro, M. C., Dos Reis, D. S. T., de Brito, M. T. F. M., & Quaresma, J. A. S. (2019). Criptococose na Amazônia: uma visão geral atual e perspectivas futuras. Acta tropica , 197 , 105023.
Pizani, A. T., & dos Santos, M. O. (2017). Criptococose em pacientes HIV positivos: revisão sistemática da literatura. Revista Saúde UniToledo, 1(1).
Reolon, A., Perez, L. R. R., & Mezzari, A. (2004). Prevalência de Cryptococcus neoformans nos pombos urbanos da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 40, 293-298.
Rocha, J. É. L., Sousa, R. D. S., & Fonseca, F. M. (2016). DIVERSIDADE GENÉTICA DE ISOLADOS DE Sporothrix schenckii EM PAÍSES DO CONTINENTE AMERICANO. REVISTA UNINGÁ REVIEW, 27(3).
Saitou, N., & Nei, M. (1987). The neighbor-joining method: a new method for reconstructing phylogenetic trees. Molecular biology and evolution, 4(4), 406-425.
Santos, G. D. R., Dias, I. C. D. R., Ventura, C. A., & Fonseca, F. M. (2016). VARIABILIDADE GENÉTICA DE ISOLADOS BRASILEIROS DE Histoplasma capsulatum. REVISTA UNINGÁ REVIEW, 28(2).
Severo, C. B., Gazzoni, A. F., & Severo, L. C. (2009). Capítulo 3: criptococose pulmonar. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 35(11), 1136-1144.
Silva, S. P., Costa, C. B. L., Silva, J. D. F., Alves, R. R. V., Silva, G. A. S., Freitas, A. F. S, ... & Napoleão, T. H. (2021). Mecanismos de resistência de Cryptococcus spp. e compostos de plantas como ferramentas para combatê-los. Research, Society and Development , 10 (2), e57810212819-e57810212819.
Sloan, D. J., & Parris, V. (2014). Cryptococcal meningitis: epidemiology and therapeutic options. Clinical epidemiology, 6, 169.
Srikanta, D., Santiago‐Tirado, F. H., & Doering, T. L. (2014). Cryptococcus neoformans: historical curiosity to modern pathogen. Yeast, 31(2), 47-60.
Souza, J. A. M. D. O. (2018). Variabilidade genética de Cryptococcus ambientais na cidade do Salvador–BA (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil.
Tamura, K., Peterson, D., Peterson, N., Stecher, G., Nei, M., & Kumar, S. (2011). MEGA5: molecular evolutionary genetics analysis using maximum likelihood, evolutionary distance, and maximum parsimony methods. Molecular biology and evolution, 28(10), 2731-2739.
Trilles, L., Lazéra, M. D. S., Wanke, B., Oliveira, R. V., Barbosa, G. G., Nishikawa, M. M., ... & Meyer, W. (2008). Regional pattern of the molecular types of Cryptococcus neoformans and Cryptococcus gattii in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 103, 455-462.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Dakson Douglas Araújo; Raí Emanuel da Silva; Higinalice da Silva Pereira; Dacylla Sampaio Costa; Rodrigo Elísio de Sá; Antonio Rodrigues da Silva Neto; Nathanael dos Santos Alves; Fernanda Machado Fonseca
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.