Estudo piloto da detecção da mentira pela análise da fluência: é possível?
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i10.19114Palavras-chave:
Detecção de mentiras; Fala; Fluência; Fonoaudiologia.Resumo
Objetivo: Analisar os parâmetros da fluência da fala de discursos mentirosos. Método: Estudo quantitativo e transversal, com abordagem descritiva e analítica. Participaram da pesquisa vinte sujeitos distribuídos igualitariamente quanto ao gênero e escolaridade. Realizou-se uma filmagem da narrativa de dois discursos, um verdadeiro (pré-teste) e outro falso (teste), a partir da simulação de uma entrevista em que se utilizou máquina fotográfica no modo vídeo. Os dados foram tabulados em planilha Excel, comparados e submetidos às análises estatísticas pelo teste Qui-quadrado, pelo teste de distribuição normal e teste T, tendo como nível de significância p < 0,05. Resultados: A idade média dos participantes foi de 28,7 ± 9,8. Os momentos pré-teste (verdade) e teste (mentira) não revelaram diferenças estatisticamente significantes quando a fluência foi analisada ou quando a quantidade de sílabas e palavras foi comparada. Houve correlação negativa (tanto na quantidade de sílabas quanto de palavras), indicando que quando um sujeito produz mais quantidade de palavras ou sílabas ao falar a verdade, tende a diminuir tal quantidade ao mentir. Conclusão: Os parâmetros da fluência na fala não possibilitaram distinguir os discursos verdadeiros dos mentirosos. Estudos com amostras maiores e que envolvam fatores estressores mais impactantes necessitam ser realizados para verificar se o estímulo teste foi ou não suficiente para alterar a fluência em discursos desonestos e assim, ratificar (ou não) os resultados deste estudo.
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