Fatores associados a falha da ventilação não invasiva e mortalidade em pacientes oncológicos fora da unidade de terapia intensiva
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19625Palavras-chave:
Ventilação não invasiva; Câncer; Mortalidade.Resumo
Introdução: Novos tratamentos têm sido introduzidos visando o aumento da sobrevida dos pacientes oncológicos. Com isso, existe um aumento do número de casos de complicações e toxidades que podem levar a insuficiência respiratória aguda (IRA). Um dos caminhos mais frequente para tratamento da IRA é a ventilação não invasiva (VNI). Apesar dos benefícios em diversas condições clínicas, o uso da VNI em pacientes oncológicos é controverso. Objetivo: Avaliar os fatores associados a falha da VNI e a mortalidade hospitalar em pacientes oncológicos. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo incluindo pacientes com tumores sólidos e neoplasias hematológicas admitidos para internação hospitalar no Instituto Nacional de Câncer entre 1 de Janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2019 e que realizaram VNI. A associação entre as variáveis de exposição e de desfecho foram realizadas através da regressão logística. O método de Kaplan-Meier foi usado para análise do tempo de internação hospitalar. Resultados: Sessenta e três pacientes que realizaram VNI durante a internação foram avaliados e 26 apresentaram falha na VNI. A média de idade era de 58,5 anos (±15.6), a maioria eram homens (57,1%), menos de 60 anos (58,7%) e tinha comorbidades (55,5%). Os pacientes com infecção pulmonar (OR 6,53; IC 95% 1,21-35,12; p=0,02) tinham maior risco de falha na VNI e em relação a mortalidade hospitalar, pacientes com mais de 60 anos (OR 6,90; IC 95%, 2,12-22,45; p=0,001) tinham maior risco de morte. Conclusão: Pacientes com infecção pulmonar tinham mais chance de falhar na VNI e uma maior mortalidade foi observada entre os idosos.
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