Saúde mental de mulheres em privação de liberdade: a percepção delas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19820Palavras-chave:
Saúde mental; Mulher; Liberdade; Cárcere.Resumo
O presente artigo tem como objetivo conhecer a percepção de mulheres em privação de liberdade acerca de sua saúde mental. Foi realizado um estudo descritivo de abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas que foram gravadas com oito mulheres privadas de liberdade em regime fechado em um presídio no interior do sul do país. Observamos neste estudo que as mulheres privadas de liberdade vivenciam sentimentos, como solidão, angústia, saudade, preocupação, irritação, medo e isolamento, durante este momento, tendo um forte impacto em sua saúde mental, observou-se pensamentos e atos suicidas. As mulheres desta pesquisa apresentam diferentes redes de apoio durante a privação de liberdade, indo de familiares e amigos presentes até ao abandono destes. A relação entre essas mulheres vista como saudável, elas relatam seres prestativas umas com as outras, e algumas disseram que restringir ao necessário a conversa com as colegas para manter a boa convivência e evitar conflitos. Como forma de distração durante o encarceramento elas realizam atividades através de um projeto, também relataram assistir TV, rádio e realizar a limpeza da cela, porém elas expõem que seria importante a realização de outras atividades, principalmente profissionalizantes e educacionais, e também atividades de promoção a sua saúde. Assim, observa-se o quanto é necessário um acompanhamento multiprofissional com olhar sob a saúde integral e educação dessas mulheres.
Referências
Abdelaziz, J.S. (2017). O uso de medicação psicotrópica por mulheres presas no distrito federal e as interfaces com a política nacional de atenção integral das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional. [Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília]
Barcinski, M.; Lermen, H.S, Campani, C.; & Altenbernd, B. (2014). Guerreiras do cárcere: uma rede virtual de apoio aos familiares de pessoas privadas de liberdade. Temas em psicologia, 22(4), 929-940. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2014000400019
Bardin, L. (2011) Análise de Conteúdo (1ed.) São Paulo: Edições 70.
Becker, A.; Spessote, D.V.; Sardinha, L.S.; Santos, L.G.M.; Chaves, N.N.; & Bicalho, P.P.G. (2016). O cárcere e o abandono: prisão, penalização e relações de gênero. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, 5(2), 141-154. https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v5i2.1050
Brasil (2010). Resolução nº 2 de 19/05/2010 / CNE - Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais.
Brasil. (2015) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Reincidência Criminal no Brasil: Relatório de Pesquisa. 160p.
Brasil. (2017). Conselho Nacional de Justiça. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - INFOPEN MULHERES. Departamento Penitenciário Nacional. http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/infopenmulheres_arte_07-03-18.pdf/view
Brasil. Ministério da Justiça. Mulheres encarceradas consolidação dos dados fornecidos pelas unidades da Federação, 2008. https://www.justica.gov.br/news/estudo-traca-perfil-da-populacao-penitenciaria-feminina-no-brasil/relatorio-infopen-mulheres.pdf
Brasil. Ministério da Saúde (2012) Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012: Trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. Conselho Nacional de Saúde.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil
Castanho, A.C.S. (2015). A experiência de ser mãe na prisão. [Dissertação de Mestrado, Instituto Universitário ciências psicológicas, sociais e da vida]
Conselho Federal de Enfermagem. (2007) Resolução COFEN nº 311, de 08 de fevereiro de 2007. Aprova a reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem [Internet].
Constantino, P.; Assis, S. G.; Pinto, L. W. (2016) O impacto da prisão na saúde mental dos presos do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 21(7), 2089-2099. https://doi.org/10.1590/1413-81232015217.01222016
Constantino, P.; Assis, S.G.; & Pinto, L.W. (2016) O impacto da prisão na saúde mental dos presos do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência saúde coletiva 21 (7). https://doi.org/10.1590/1413-81232015217.01222016
Dourado, J.L.G.; & Alves, R.S.F. (2019) Panorama da saúde do homem preso: dificuldades de acesso ao atendimento de saúde. Academia Paulista de Psicologia, 39(96), 47-57. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2019000100006&lng=pt&tlng=pt.
Fernandes, J. (2015) Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Subcomissão do Sistema Prisional do Estado do Rio Grande do Sul. Relatório da Subcomissão com diagnóstico do sistema prisional do estado do Rio Grande do Sul, análise crítica e proposições. http://www.al.rs.gov.br/FileRepository/repdcp_m505/CCDH/Relat%C3%B3rio%20Final%20Subcomiss%C3%A3o%20do%20Sistema%20Prisional%20RS.PDF
Ferrari, I.F., Simões, V.F.N. (2019) Female inmates and their children: criminal judicial system in perspective. Psicologia Clínica 31(3):421-37. http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0031n03A01
Flores, N.M.P.; & Smeh, L.N. (2018). Mães presas, filhos desamparados: maternidade e relações interpessoais na prisão. Physis 28(4). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-73312018280420
Gusmão, M.A.J.X., Terças-Trettel, A.C.P., Nascimento, V.F., Hattori, T.Y., Brescovit, L.E., Anataka, M., Lemos, E.R.S. (2019). Social and family dynamics and vulnerability of incarcerated females. Revista Saúde e Pesquisa; 12(1):159-68. https://doi.org/10.17765/2176-9206.2019v12n1p159-168 https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/fass/article/view/36887/26505
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais
Machado, N.O.; & Guimarães, I.S. (2014) A Realidade do Sistema Prisional Brasileiro e o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. 5(1), 566-581. https://www.univali.br/graduacao/direito-itajai/publicacoes/revista-de-iniciacao-cientifica-ricc/edicoes/Lists/Artigos/Attachments/1008/Arquivo%2030.pdf
Medeiros, L.L. (2010). Mulheres e cárcere - Reflexões em torno das redes de proteção social. In Encontro Nacional de História Oral - Testemunhos: História e Política. Universidade Federal de Pernambuco.
Minayo M.C. (2010). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade (29 ed.). Vozes.
Pereira, E.L. (2016). Famílias de mulheres presas, promoção da saúde e acesso às políticas sociais no Distrito Federal, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 21(7), 2131-2134. https://doi.org/10.1590/1413-81232015217.16792015
Pimentel, I. S.; Carvalho, L. F. S.; Carvalho, S.; & Carvalho, C. M. S. (2015). Percepção de mulheres privadas de liberdade acerca da assistência à saúde no sistema penitenciário. R. Interd. 8(4), 109-119. https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/659/pdf_268
Pinel, W. R. (2017). Educação em prisões: um olhar à formação profissional na penitenciária feminina do Distrito Federal [Dissertação de Mestrado , Universidade de Brasília].
Queiroz, N. (2015). Presos que menstruam, a brutal vida das mulheres – tratadas como homens – nas prisões brasileiras (1ed.). Record.
Ribeiro, M.A.T.; & DEUS, N.M.S.F. (2017) Mulheres encarceradas: a saúde atrás das grades. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, 6(4), 324- 339. http://dx.doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v6i4.1708
Santos, M. V.; Alves, V. H.; Pereira, A. V.; Rodrigues, P. D.; Marchiori, G. R. S.; & Guerra, J. V. V. (2017) Saúde Mental de mulheres encarceradas em um presídio do Estado do Rio de Janeiro. Texto Contexto Enfermagem, 26(2):e5980015. http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017005980015.
Santos, M. V.; Alves, V. H.; Pereira, A. V.; Rodrigues, P. D.; Marchiori, G. R. S.; & Guerra, J. V. V. (2017a). A saúde física de mulheres privadas de liberdade
em uma penitenciária do estado do Rio de Janeiro. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 21(2), 1-7. http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170033
Santos, M.V.; Alves, V.H.; Pereira, A.V.; Rodrigues, P.D.; Marchiori, G.R.S.; & Guerra, J.V.V. (2017b) Saúde Mental de mulheres encarceradas em um presídio do Estado do Rio de Janeiro. Texto Contexto Enferm, 26(2):e5980015. http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017005980015
Schultz, A.L.V.; Dias, M.T.G.; & Dotta, R.M. (2020). Mulheres privadas de liberdade no sistema prisional: interface entre saúde mental, serviços sociais e vulnerabilidade. Textos & Contextos, 19(2), 1-15. https://doi.org/10.15448/1677-9509.2020.2.36887
SILVA, A.L.A.; & TIELLET, M.H.S. (2020). Mulheres privadas de liberdade: delito, família, sistema prisional. RELVA. 7(2), 193-212. https://periodicos.unemat.br/index.php/relva/article/view/5074
Silva, J.B., Moraes, M.N., Brandão, B.M.L.S., Freitas, W.M.F., Souto, R.Q., & Dias, M.D. (2020). Women in deprivation of liberty: narratives of obstetric un(assistance). REME, 24 https://doi.org/10.5935/1415.2762.20200083
SILVA, T.L.O; & MELO, D.B.D.V. (2019) O direito à visitação e a realidade do sistema prisional feminino brasileiro: O caso da Colônia Penal Feminina do Recife – PE. Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão, São Paulo - SP GT 19 - Pesquisando prisão na graduação.
Soares, I.R.; Cenci, C. M. B.; & Oliveira, L. R. F. (2016). Mães no cárcere: percepção de vínculo com os filhos. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 16(1), 27-45. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812016000100003
Stefano, D., & Mendonça M.L. (2016). Direitos humanos no Brasil 2016: Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos (1ªed) Outras Expressões. https://br.boell.org/sites/default/files/relatorio2016.pdf
Walmsley, R. (2018) World Prison Population List (12th ed). Institute for Criminal Policy Research. https://www.prisonstudies.org/sites/default/files/resources/downloads/wppl_12.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Andreza Erdmann Furtado; Michele Mandagará de Oliveira; Lieni Fredo Herreira; Karine Langmantel Silveira; Paola de Oliveira Camargo; Kauana Flores da Cunha; Carin Vieira Weiss; Maria Leticia Benelli Rodriguez
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
