Análise espacial das mortes por acidentes de trânsito no estado do Paraná, 2007-2016

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19942

Palavras-chave:

Análise Espacial; Acidentes de Trânsito; Registros de Mortalidade; Política pública.

Resumo

O Brasil ocupa o quinto lugar entre os países com maior número de acidentes de transporte terrestre. O estado do Paraná, Brasil, foi o objeto deste estudo em que foi realizada uma análise espacial com o objetivo de identificar as áreas onde esse fenômeno ocorre mais e suas séries temporais ao longo de um período de 10 anos. Tratou-se de um estudo observacional ecológico e exploratório abrangendo o período de 2007 a 2016 em 39 microrregiões do estado do Paraná. Foram analisados os dados de óbitos por acidentes de trânsito de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10, códigos V01 a V89) do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Taxas de risco relativas foram calculadas e mapas coropléticos foram construídos. Foram registrados 31.651 óbitos pelas causas examinadas, de acordo com o município de ocorrência. Os itens da CID-10 mais frequentemente encontrados foram aqueles envolvendo ocupantes de automóveis, motociclistas, pedestres e ciclistas em acidentes de trânsito. Constatou-se uma tendência geral de queda com efeito a partir de 2012. A taxa regional não apresentou dependência espacial acentuada e houve variação considerável, sendo a microrregião de Cerro Azul a de menor risco relativo no período, enquanto em Campo Mourão os óbitos foram em torno 53,3% acima do nível esperado. A tendência média anual estimada para a microrregião de Curitiba apresentou a maior queda no período, enquanto Campo Mourão apresentou a maior tendência de alta. A análise de tendências indicou locais onde intervenções de políticas públicas e ações de fiscalização mais robustas precisam ser revistas.

Referências

Adeloye, D., Thompson, J. Y., Akanbi, M. A., Azuh, D., Samuel, V., & Omoregbe, C. K. (2016). The burden of road traffic crashes, injuries and deaths in Africa: a systematic review and meta-analysis. Bull World Health Organ, 94(7), 510-521A.

Andrade, S. S. C. A., & Mello-Jorge, M. H. P. (2016). Mortality and potential years of life lost by road traffic injuries in Brazil, 2013. Rev Saúde Pública, 50, 59.

Andreuccetti, G., Carvalho, H. B., Cherpitel, C. J., Ye, Y., Ponce, J. C., Kahn, T., & Leyton V. (2011). Reducing the legal blood alcohol concentration limit for driving in developing countries: a time for change? Results and implications derived from a time-series analysis (2001-10) conducted in Brazil. Addiction, 106(12), 2124-2131.

Banstola, A., & Mytton, J., 2017. Cost-effectiveness of interventions to prevent road traffic injuries in low- and middle-income countries: A literature review. Traffic Inj Prev, 18(4), 357-362.

Barone, R., Pelletti, G., Garagnani, M., Giusti, A., Marzi, M., Rossi, F., Roffi, R., Fais, P., & Pelotti, S. (2019). Alcohol and illicit drugs in drivers involved in road traffic crashes in Italy. An 8-year retrospective study. Forensic Sci Int, 305, 110004.

Bloomberg Philanthropies. (2013). Leading the worldwide movement to improve road safety. Bloomberg Philantropies.

Bon de Sousa, T., Santos, C., Mateus, C., Areal, A., Trigoso, J., & Nunes, C. (2016). Road traffic accidents and self-reported Portuguese car driver's attitudes, behaviors, and opinions: Are they related? Traffic Inj Prev, 17(7), 705-711.

Borges, G., Monteiro, M., Cherpitel, C. J., Orozco, R., Ye, Y., Poznyak, V., Peden, M., Pechansky, F., Cremonte, M., Reid, S. D., & Mendez, J. (2017). Alcohol and road traffic injuries in Latin America and the Caribbean: A case-crossover study. Alcohol Clin Exp Res, 41(10), 1731-1737.

Brasil. (1997). Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1997/lei-9503-23-setembro-1997-372348-publicacaooriginal-1-pl.html

Brasil. (2000). Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência. Rev Saúde Pública, 34(4), 427-430.

Brasil. (2008a). Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 11.705 de 19 de junho de 2008. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11705

Brasil. (2008b). Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 277, de 28 de maio de 2008. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=108959

Brasil. (2012). Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 12.760, de 20 de dezembro de 2012. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2012/lei/l12760.htm

Brasil. (2016). Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 13.281, de 04 de maio de 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13281.htm

Brasil. (2017). Ministério da Saúde. Projeto Vida no Trânsito. http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/acidentes-e-violencias/41896-projeto-vida-no-transito

Castro, M. S. M., Vieira, V. A., & Assunção, R. M. (2004). Padrões espaço-temporais da mortalidade por câncer de pulmão no sul do Brasil. Rev Bras Epidemiol, 7(2), 131-143.

Confederação Nacional do Transporte (CNT). (2018). Acidentes rodoviários e infraestrutura. http://repositorio.itl.org.br/jspui/handle/123456789/170

Curitiba. (2010). Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Saúde. Programa Vida no Trânsito. https://mid-transito.curitiba.pr.gov.br/2019/6/pdf/00000759.pdf

Das, A., Gjerde, H., Gopalan, S. S., & Normann, P. T. (2012). Alcohol, drugs, and road traffic crashes in India: a systematic review. Traffic Inj Prev, 13(6), 544-553.

Fell, J. C., & Voas, R. B. (2014). The effectiveness of a 0.05 blood alcohol concentration (BAC) limit for driving in the United States. Addiction, 109(6), 869-874.

Ferris, J., Killian, J., & Lloyd, B. (2017). Alcohol-related serious road traffic injuries between 2000 and 2010: A new perspective to deal with administrative data in Australia. Int J Drug Policy, 43, 104-112.

García-Echalar, A., & Rau, T. (2020). The effects of increasing penalties in drunk driving laws-evidence from Chile. Int J Environ Res Public Health, 17(21), 8103.

GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. (2016). Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet, 388(10053), 1545-1602.

Haghpanahan, H., Lewsey, J., Mackay, D.F., McIntosh, E., Pell, J., Jones, A., Fitzgerald, N., & Robinson, M. (2019). An evaluation of the effects of lowering blood alcohol concentration limits for drivers on the rates of road traffic accidents and alcohol consumption: a natural experiment. Lancet, 393(10169), 321-329.

India State-Level Disease Burden Initiative Road Injury Collaborators, 2020. Mortality due to road injuries in the states of India: the Global Burden of Disease Study 1990-2017. Lancet Public Health, 5(2), e86-e98.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010). Censo demográfico 2010. https://censo2010.ibge.gov.br/

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2017). Cidades. https://cidades.ibge.gov.br/pesquisas

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). (2015). Estimativa dos custos dos acidentes de trânsito no Brasil com base na atualização simplificada das pesquisas anteriores do Ipea: relatório de pesquisa. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/7456/1/RP_Estimativa_2015.pdf

Ladeira, R. M., Malta, D. C., Morais Neto, O. L., Montenegro, M. M. S., Soares Filho, A. M., Vasconcelos, C. H., Mooney, M., & Naghavi, M. (2017). Acidentes de transporte terrestre: estudo Carga Global de Doenças, Brasil e unidades federadas, 1990 e 2015. Rev Bras Epidemiol, 20(Suppl 1), 157-170.

Malta, D. C., Berna, R. T. I., Silva, M. M. A., Claro, R. M., Silva Júnior, J. B., & Reis, A. S. C. (2014). Consumo de bebidas alcoólicas e direção de veículos, balanço da lei seca, Brasil 2007 a 2013. Rev Saúde Pública, 48(4), 692-696.

Martínez, P., Contreras, D., & Moreno, M. (2020). Safe mobility, socioeconomic inequalities, and aging: A 12-year multilevel interrupted time-series analysis of road traffic death rates in a Latin American country. PLoS One, 15(1), e0224545.

Mohan, D. (2008). Road traffic injuries: a stocktaking. Best Pract Res Clin Rheumatol, 22(4), 725-739.

Morais Neto, O. L., Montenegro, M. M. S., Monteiro, R. A., Siqueira Júnior, J. B. Silva, M. M. A., Lima, C. M. et al., 2012. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil na última década: tendência e aglomerados de risco. Ciênc Saúde Coletiva, 17(9), 2223-2236.

Morais Neto, O. L., Silva, M. A. A., Lima, C. M., Malta, D. C., & Silva Jr, J. B. (2013). Projeto Vida no Trânsito: avaliação das ações em cinco capitais brasileiras, 2011-2012. Epidemiol Serv Saúde, 22(3), 373-382.

Nagata, T., Setoguchi, S., Hemenway, D., & Perry. M. J. (2008). Effectiveness of a law to reduce alcohol-impaired driving in Japan. Inj Prev, 14(1), 19-23.

Nantulya, V. M., & Reich, M. R. (2002). The neglected epidemic: road traffic injuries in developing countries. BMJ, 324(7346), 1139-1141.

Nantulya, V. M., & Reich, M. R. (2003). Equity dimensions of road traffic injuries in low- and middle-income countries. Inj Control Saf Promot, 10(1-2), 13-20.

Nistal-Nuño, B. (2017). Impact of a new law to reduce the legal blood alcohol concentration limit - A Poisson regression analysis and descriptive approach. J Res Health Sci, 17(1), e00374.

Paraná. (2006). Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Os vários paranás: identificação de espacialidades socioeconomicoinstitucionais como subsídio a políticas de desenvolvimento regional. IPARDES.

Paraná. (2019). Secretaria de Saúde. Projeto Vida no Trânsito. http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3421

Pereira, M. G. (2008). Epidemiologia: teoria e prática. Guanabara Koogan.

Riebler, A., Sørbye, S. H., Simpson, D., & Rue, H. (2016). An intuitive Bayesian spatial model for disease mapping that accounts for scaling. Stat Methods Med Res, 25(4), 1145-1165.

Rolison, J. J., Regev, S., Moutari, S., & Feeney, A. (2018). What are the factors that contribute to road accidents? An assessment of law enforcement views, ordinary drivers' opinions, and road accident records. Accid Anal Prev, 115, 11-24.

Rue, H., Martino, S., & Chopin, N. (2009). Approximate bayesian inference for latent gaussian models using integrated nested laplace approximations (with discussion). J R Stat Soc, 71(2), 319-392.

Simpson, D., Rue H., Riebler, A., Martins, T. G., & Sørbye, S. H. (2017). Penalising model component complexity: a principled, practical approach to constructing priors. Statist Sci, 32(1), 1-28.

Sun, L. L., Liu, D., Chen, T., & He, M. T. (2019). Road traffic safety: An analysis of the cross-effects of economic, road and population factors. Chin J Traumatol, 22(5), 290-295.

UN Road Safety Collaboration, 2020. Global Plan for the Decade of Action for Road Safety 2011-2020. https://www.who.int/roadsafety/decade_of_action/plan/plan_english.pdf?ua=1

Valen, A., Bogstrand, S. T., Vindenes, V., Frost, J., Larsson, M., Holtan, A., & Gjerde, H. (2019). Driver-related risk factors of fatal road traffic crashes associated with alcohol or drug impairment. Accid Anal Prev, 131, 191-199.

Wijnen, W., & Stipdonk, H. (2016). Social costs of road crashes: An international analysis. Accid Anal Prev, 94, 97-106.

World Health Organization (WHO). (2016). International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems 10th Revision. Version 2016. https://icd.who.int/browse10/2016/en

World Health Organization (WHO). (2018). Management of noncommunicable diseases, disability, violence and injury prevention. Road safety reporty 2018 global status report on road safety. https://www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/

Downloads

Publicado

05/09/2021

Como Citar

SCHNECK, C.; KRAINSKI, E. T.; OMOTO, C. E. da R.; ACCIOLY, D. G. .; HAJAR, F. N.; CUNHA, V. C. da .; GUIMBALA, V. M.; GABARDO, M. C. L.; KUSMA, S. Z. . Análise espacial das mortes por acidentes de trânsito no estado do Paraná, 2007-2016. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 11, p. e431101119942, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i11.19942. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19942. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde