Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral no Brasil e em regiões de fronteira internacional
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20684Palavras-chave:
Leishmaniose visceral; Brasil; Áreas de fronteira; Saúde na fronteira; Epidemiologia.Resumo
Objetivo: verificar o número de casos de leishmaniose visceral (LV) no Brasil e estados e cidades gêmeas do país, com enfoque no estado e na cidade gêmea com maior número de casos. Investigamos aspectos sociais, demográficos, laboratoriais e clínicos desses casos. Percurso metodológico: Estudo descritivo e com abordagem quantitativa, realizado no período de 2010 a 2019, por meio do site de domínio público do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. A taxa de incidência de casos de LV foi calculada por 100.000. Resultados: No Brasil foram notificados 35.886 casos de LV, 2834 casos foram em estados de fronteira internacional, sendo 148 em cidades gêmeas. O estado e cidade gêmea com maior número de casos foi Mato Grosso do Sul (MS) (1834) e Corumbá (94), com taxa média anual de 6,4 e 8,3 casos/100.000 habitantes. No MS e em Corumbá, a doença foi mais frequente no sexo masculino, pessoas de cor parda, escolaridade até 8 anos de estudo, faixa etária entre menores de um ano a maiores de 80 anos, a maioria dos casos ocorreu na zona urbana, foi diagnosticado por exames laboratoriais e com evoluiu para a cura (p<0,05). Conclusão: Foi encontrado um elevado número de casos de LV no Brasil durante o período do estudo. Os casos foram distribuídos em 10 estados com fronteiras internacionais e oito cidades gêmeas. Esses achados chamam a atenção para a maior necessidade de programas de manejo integrado para controlar e prevenir a LV.
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