Fontes de radiação não ionizante e casos de leucemia infantil: uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.20745Palavras-chave:
Campo eletromagnético; Leucemia; Radiação não ionizante.Resumo
Introdução: A leucemia infantil é considerada o câncer mais comum em crianças de 0 a 14 anos, e está relacionada a fatores genéticos e mais fortemente aos fatores ambientais, dentre os quais a radiação não ionizante de baixa frequência vem sendo estudada como fator de risco. Objetivo: Analisar evidências científicas sobre a associação entre fontes de radiação não ionizante de baixa frequência e a ocorrência de leucemia infantil. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa onde os descritores utilizados foram Electromagnetic Fields and Leukemia, indexados no Medical Subject Headings, para pesquisa nas bases de dados PubMed, Elsevier's Scopus and Web of Science, e Magnetic Fields and Leukemia, indexados nos descritores em Ciências da Saúde, para pesquisa na Biblioteca Virtual da Saúde. Dois pesquisadores selecionaram artigos completos de estudos de caso-controle publicados de 2010 a 2020. Dois pesquisadores selecionaram artigos completos sobre estudos de caso-controle publicados de 2010 a 2020. O software Rayyan QCRI foi utilizado para análise dos artigos. Resultados: Foram analisados cinco artigos que atenderam ao delineamento metodológico proposto. Os artigos foram publicados em inglês, de 2012 a 2020, e os participantes dos estudos tinham idade inferior a 16 anos. Os desenhos dos métodos para avaliação da exposição foram heterogêneos, assim como o ambiente analisado. As limitações dos estudos foram decorrentes da ausência de avaliação de outras fontes externas potenciais ao desenvolvimento da leucemia infantil. Conclusão: Vale ressaltar que a exposição aos campos eletromagnéticos ocorre por diferentes fontes e os efeitos fisiológicos ainda precisam ser melhor explorados. Estudos robustos são necessários para analisar campos eletromagnéticos de baixa frequência como possível carcinogênico aos seres humanos. Em decorrência da heterogeneidade metodológica e de variáveis de confundimento existentes nos artigos analisados, os autores concluíram que não foi possível evidenciar a relação entre as fontes de radiação não ionizante de baixa frequência e o desenvolvimento da leucemia infantil.
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