Medicina narrativa no ensino médico e a construção do raciocínio clínico na arte do cuidado
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i14.22228Palavras-chave:
Medicina Narrativa; Educação em Saúde; Educação Médica.; Medicina narrativa; Educação em saúde; Educação médica.Resumo
O presente trabalho objetivou revisar as potencialidades do uso da Medicina Narrativa (MN) como um conceito para intensificar e qualificar o aprendizado e o raciocínio clínico do acadêmico de medicina, no contexto do processo de ensino-aprendizagem. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica com critérios de busca bem definidos, nas bases de dados SciELO e LILACS, utilizando os descritores: “Medicina Narrativa AND Educação Médica” e “Medicina Narrativa AND Humanização”. A análise de dezessete artigos revelou que a narrativa na medicina funciona como um direcionamento capaz de despertar e facilitar a interpretação dos casos clínicos no contexto de doença específica, a partir de conteúdos desenvolvidos pela dimensão dialógica e hermenêutica da prática clínica. Identificou-se que a arte de selecionar a máxima médica mais apropriada para uma decisão clínica particular é adquirida, principalmente, através do acúmulo de experiências de casos colhidos nos diálogos com os pacientes. Ademais, considera-se que cada paciente vivencia a doença de uma maneira única e contextual, desafiando o aspirante médico a vivenciar essa MN e associar o aprendizado clínico e o raciocínio da semiologia na formulação de hipóteses e tratamentos adequados das doenças dos seus pacientes. Conclui-se que a MN representa um importante recurso na produção do conhecimento, seja na perspectiva do ensino, pesquisa e cuidado, permitindo a formação humanística do médico, numa construção de consciência crítica sobre si, a profissão e a sociedade, através dos diálogos sobre a existência dos pacientes, aspectos sociais e complexos a partir da vulnerabilidade e do processo de adoecimento e cura.
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