Caracterização epidemiológica e distribuição espacial dos casos de leishmaniose visceral em Três Lagoas – MS, Brasil, no período de 2007 a 2021

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.23258

Palavras-chave:

Leishmaniose visceral; Três Lagoas; Calazar; Doenças negligenciadas.

Resumo

Este estudo transversal observacional retrospectivo teve como objetivo analisar a distribuição dos casos de leishmaniose visceral (LV) em Três Lagoas registrados entre janeiro de 2007 e agosto de 2021, por meio de dados processados ​​pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica com base na notificação do Sistema Nacional de Agravos e Notificações. Nesse período, foram confirmados 231 casos, sendo 137 homens (59,3%) e 94 mulheres (40,7%). Observou-se maior prevalência de casos entre as idades de 0-4 anos (30,8%), 20-39 (22,5%) e 40-59 (19,9%). Também foi observado maior percentual de infectados da raça branca (45,4%) e de baixa escolaridade: ensino fundamental II (22,1%). As manifestações clínicas mais prevalentes foram: febre (85,3%), esplenomegalia (76,6%), fraqueza (67,1%), emagrecimento (65,8%) e hepatomegalia (62,8%). Verificou-se que 80,1% dos pacientes receberam tratamento farmacológico, principalmente com antimoniais pentavalentes (56,7%), e que 26 pacientes (11,3%) morreram no período devido a complicações decorrentes da LV. A análise espacial mostrou uma distribuição homogênea dos casos de LV no perímetro urbano da cidade sem regiões predominantes. Por fim, observou-se que a incidência e mortalidade por LV vem diminuindo nos últimos anos, porém mantendo elevados índices de letalidade e transmissibilidade, posicionando o município no terceiro lugar com maior taxa de transmissão do estado. Diante desses aspectos, concluímos que a LV ainda é um grave problema de saúde pública no município e que apesar da ligeira queda nas taxas de incidência e mortalidade, ainda apresenta valores superiores à média nacional e alta disseminação da doença na área urbana.

Referências

Almeida C. P., Cavalcante, R. F. A., Moreno, J. O., Florêncio, C. M. G. D., Cavalcante, K. K. S., Alencar, C. H. (2020). Leishmaniose visceral: distribuição temporal e espacial em Fortaleza, Ceará, 2007-2017. Epidemiologia e Serviços de Saúde 29(5):e2019422.

Alvarenga, D. G., Escalda, P. M. F., Costa, A. S. V., Monreal, M. T. F. D. (2010). Leishmaniose visceral: estudo retrospectivo de fatores associados à letalidade. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(2): 194-1997.

Araújo, A. C., Gonçalves, N. N. V. M., Dantas-Torres, F., Ferreira, F., Horta, M. C. (2016). Visceral Leishmaniasis in Petrolina, state os Pernambuco, Brazil, 2007-2013. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 58(1):29-33.

Araújo, D. C. (2017). Análise espacial dos casos de Leishmaniose visceral. Arquivos em Ciência da Saúde 24(2):71-75.

Araújo, V. E. M., Pinheiro, L. C., Almeida, M. C. M., Menezes, F. C., Morais, M. H. F., Reis, I. A., Assunção, R. M., Carneiro, M. (2013). Relative risk of visceral leishmaniasis in Brazil: a spatial analysis in urban area. PLoS Neglected Tropical Diseases, 7(11): 2540.

Araújo-Albuquerque, L. P., Lezama-Davila, C., Alexander, J., Satoskar, A. R. (2021). Influence of sex hormones on the immune response to leishmaniasis. Parasite Immunology 43(10-11):e12874.

Batista, F. M. A. (2014). Leishmaniose: Perfil epidemiológico dos casos notificados no estado do Piauí entre 2007 e 2011. Revista Univap 20(35):44-53.

Bezerra, J. M. T. Burden of leishmaniasis in Brazil and federated units, 1990-2016: Findings from global burden of disease study 2016. PLoS Neglected Tropical Disease 12(9):e0006697.

Bispo, A. J. B., Almeida, M. L. D., Almeida, R. P., Bispo-Neto, J., Brito, A. V. O., França, C. M. (2020) Pulmonary involvement in human visceral leishmaniasis: Clinical and tomographic evaluation. PLoS ONE 15(1): e0228176.

Botelho, A. C. A., Natal, D. (2009). Primeira descrição epidemiológica da leishmaniose visceral em Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 45(5):503-508.

Brasil. (2016). Ministério da Saúde. SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Portal da Saúde, 2016. Funcionamento. http://portalsinan. saude.gov.br/funcionamentos>.

Brasil. (2017). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Coordenação Geral de Doenças Transmissíveis. Leishmaniose Visceral. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/janeiro/28/leishvisceral-17-novo-layout.pdf

Brasil. (2019a). Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças tropicais negligenciadas. Número especial. https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/marco/3/boletim_especial_doencas_negligenciadas.pdf

Brasil. (2019b). Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde 2003 a 2019: Da criação da secretaria de vigilância em saúde aos dias atuais. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/setembro/25/boletim-especial-21ago19-web.pdf

Brasil (2021). Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças tropicais negligenciadas. Número especial. https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/marco/3/boletim_especial_doencas_negligenciadas.pdf

Carvalho, L. S., Rosas, L. M. S., Wanderley, H. R. C., Faria, M. D., Barberino M. L. (2018). Fichas de notificação da leishmaniose visceral: a tecnologia como aliada. Revista Interdisciplinar em Saúde, 7(2):16. https://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/ries/article/view/1406

Chakravarty, J., Sundar, S. (2010). Drug resistance in leishmaniasis. Journal Global Infection Disease 2(2):167–176.

Ferreira, C. G. X., Oliveira, M. D., Suguimoto, F., Souza, R. F., Machado, A. M., Machado, A. R. S. R. (2021). Avaliação retrospectiva dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana em Três Lagoas - MS no período de 2007 a 2019. Brazilian Journal of Development, 7(1):13535-13550.

Gama, M. E. A., Gomes, C. M. C., Silveira, F. T., Laurenti, M. D., Gonçalves, E. G., Silva, A. R., Corbett, C. E. P. (2013). Severe visceral leishmaniasis in children: the relationship between cytokine patterns and clinical features. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 46(6): 741-745.

Jha R. K., Sah, A. K., Shah, D. K., Sah, P. (2013). Treatment of visceral leishmaniasis: Safety and efficacy. Journal of Nepal Medical Association 52(192): 6-45-51.

Lara-Silva, F. O., Michalsky, E. M., Fortes-Dias, C. L., Fiuza, V. O. P., Pessanha, J. E. M., Regina-Silva, S., Avelar, D. M., Silva, M. A., Lima, A. C. V. M. R., Costa, A. J. A., Machado-Coelho, G. L. L., Dias, E. S. (2015). Epidemiological aspects of vector, parasite, and domestic reservoir in areas of recent transmission and no reported human cases of visceral leishmaniasis in Brazil Acta Tropica 148(1):128-136.

Lisboa, A. R., Leite, F. C., Dantas, A. E. F., Oliveira, I. B., Evangelista, T. R., Souza, J. B. G. (2016). Análise epidemiológica de leishmaniose visceral em Municípios do Sertão Paraibano. Revista Brasileira de Educação e Saúde 6(3):05-12.

Liu, L., Wang, L., Zhao, Y., Wang, Y., Wang, W., Qiao, Z. (2006). Testosterone attenuates p38 MAPK pathway during Leishmania donovani infection of macrophages. Parasitology Research 99(1):189-193.

Liu, L., Benten, P. M., Wang, L., Hao, X., Li, Q., Zhang, H., Guo, D., Wang, Y., Wunderlich, F., Qiao, Z. (2005) Modulation of Leishmania donovani infection and cell viability by testosterone in bone marrow-derived macrophages: signaling via surface binding sites. Steroids 70(1):604- 614.

Mukhopadhyay, D., Mukherjee, S., Glosh, S., Roy, S. (2016). A male preponderance in patients with Indian post kala-azar dermal leishmaniasis is associated with increased circulating levels of testosterone. International Journal of Dermatology 55(5):e250-255.

Oliveira, G. M. G., Figueiró-Filho, E. A., Andrade, G. M. C., Araújo, L. A., Oliveira, M. L. G., Cunha, R, V. (2010) Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) no município de Três Lagos, área de transmissão intensa de leishmaniose visceral, estado de Mato Grosso do Sul. Revista Pan-Amazônia de Saúde 1(3):83-94.

Organização Mundial de Saúde – OMS (2020). Leishmaniose. Geneva: Organização Mundial de Saúde. https://www. who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/leishmaniasis

Organização Pan-Americana da Saúde OPAS (2019). Organização Mundial da Saúde. Leishmanioses. Informe Epidemiológico das Américas. Informe de Leishmanioses Nº7. https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/50505/2019-cde-leish-informe-epi-das-americas.pdf?seq

Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS (2018). Organização Mundial da Saúde – OMS. Leishmanioses: informe epidemiológico das Américas. https://www.paho.org/leishmaniasis

Ortiz, R. C; Anversa, L. (2015). Epidemiology of visceral leishmaniasis in Bauru, São Paulo, Brazil, 2004-2012: a descriptive study. Epidemiologia e Serviços Saúde 24(1):97–104.

Ostyn, B., Gidwani, K., Khanal, B., Picado, A., Chappuis, F., Singh, S. P., Rijal, S., Sundar, S., Boelaert, M. (2011). Incidence of Symptomatic and Asymptomatic Leishmania donovani infections in High-Endemic Foci in India and Nepal: a prospective study. PLoS Neglected Tropical Disease 5(1): e1284.

Pérez-Cabezas, B., Cecílio, P., Gaspar, T. B., Gärtner, F., Vasconcellos, R., Cordeiro-Silva, A. (2019). Understanding resistance vs. susceptibility in visceral leishmaniasis using mouse models of Leishmania infantum infection. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology 9(30).

Pinto, A. L. (2016). Mapa estratificado do Município de Três Lagoas. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Laboratório de Monitoramento Ambiental. Datum: Sirgas 2000 22S. Prefeitura Municipal de Três Lagoas – MS.

Rocha, M. A. N. (2018). Epidemiological aspects of human and canine visceral leishmaniasis in State of Alagoas, Northeast, Brazil. Brazilian Journal of Biology 78(4):609-614.

Rodrigues, A. C. M. (2017) Epidemiologia da leishmaniose visceral no município de Fortaleza, Ceará. Pesquisa Veterinária Brasileira 37(10): 1119-1124.

Rodrigues, F. R., Sousa, V. C., Oliveira, E. H. (2020). Análise do perfil epidemiológico da leishmaniose visceral no estado do Piauí no período de 2009 a 2018. Research, Society and Development 9(11):e489119170.

Santiago, A. S., Pita, S. S. R., Guimarães, E. T. (2021). Tratamento da leishmaniose, limitações da terapêutica atual e a necessidade de novas alternativas: Uma revisão narrativa. Research, Society and Development 10(7):e29510716543.

Secretaria de Estado de Saúde – SES (2020). Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Boletim Epidemiológico. Leishmaniose Visceral. Vigilância em Saúde. Gerência Técnica de Zoonoses. Semana Epidemiológica 32. https://www.vs.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/Boletim-Epidemiol%C3%B3gico-Leishmaniose-SE-32.pdf

Silva, A. O. (2013). Adaptações crônicas sobre a função pulmonar em indivíduos infectados pela leishmaniose visceral. Fisioterapia e Movimento 26(2):403-411.

Souza, J. M. S., Ramalho, W. M., Melo, M. A. (2018). Demographic and clinical characterization of human visceral leishmaniasis in the state of Pernambuco, Brazil between 2006 and 2015. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 51(5):622-630.

Sundar, S., Chakravarty, J. (2012). Leishmaniasis: an update of current pharmacotherapy. Expert Opinion on Pharmacotherapy 14(1):53–63.

Downloads

Publicado

07/12/2021

Como Citar

CARVALHO, G. B. de A. .; CALDEIRA, J. V. C. .; OLIVEIRA, M. D. de .; ODA, J. Y.; MACHADO, A. M. .; MACHADO, A. R. da S. R. . Caracterização epidemiológica e distribuição espacial dos casos de leishmaniose visceral em Três Lagoas – MS, Brasil, no período de 2007 a 2021. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 16, p. e72101623258, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i16.23258. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/23258. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas