O lugar da Educação Física: estudo elaborado a partir da realidade da Escola Municipal GEO Juan Antonio Samaranch
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.24019Palavras-chave:
Escola Pública; Esporte Educacional; Megaeventos esportivos; Legado Olímpico; Discurso oficial; Manifestação oficiosa; Fisiologismo político.Resumo
Introdução: O artigo objetiva analisar o lugar da Educação Física a partir da realidade da Escola Municipal GEO Juan Antonio Samaranch. O estudo sumariza o cenário escolar vigente, nomeadamente a valia da Instituição Escola no contexto fluminense, como panorama de uma reflexão mais abrangente. Método: A investigação caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa de cunho sociocultural. O estudo ocorreu no período compreendido entre os meses de fevereiro e novembro de 2018. A pesquisa utilizou a técnica de Triangulação das informações e a Abordagem multimétodos. A matriz analítica da investigação compõe as lentes teóricas dos sociólogos Norbert Elias e Pierre Bourdieu, conjuntamente com a interpretação indutiva que aflora da Análise Crítica do Discurso. Resultados e discussão: Nesse enquadramento, observa-se que o capital simbólico do Esporte, da Educação Física, antes compreendido como diferenciação social positiva, perdeu espaço na agenda dos homens públicos brasileiros com o término dos megaeventos esportivos. Nesta esteira de pensamento, há fortes indícios que sugestionam que a unidade escolar em voga é apenas o apêndice desse eixo de tensões; o reflexo microssocial do “Negado” dos megaeventos esportivos. Considerações finais: Nessa disposição, identifica-se que a unidade averiguada é uma escola que procura blindar suas práticas enquanto enjeita a anticultura e as forças motrizes que hodiernamente desestabilizam a formação integral dos alunos, principalmente daqueles cuja escola é o único espaço de aprendizagem pedagogicamente orientada. No entanto, o GEO Juan Antonio Samaranch ainda é uma exceção; não retrata o cenário caótico da maioria das escolas municipais do Rio de Janeiro.
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