Ditadura militar e repressão de gênero: o uso e o abuso do corpo feminimo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24572

Palavras-chave:

Ditadura militar; Mulheres; Tortura; Gênero; Abuso; Corpo feminino.

Resumo

No presente texto discutimos que a tortura contra mulheres militantes e presas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) tem sobretudo especificidades de gênero. Nos depoimentos das cindo mulheres militantes que estudamos, a partir de seus relatos na Comissão Nacional e Comissões Regionais da Verdade, fica evidente que crimes brutais de caráter sexual e de gênero, de uso e abuso do corpo feminino, se tornaram uma prática legitimada e institucionalizada pelo governo militar. Uma constatação que também tem ocorrido em outros estudos acerca de contextos ditatoriais, apesar de ainda ser uma abordagem a ser mais pesquisada. Destarte, os depoimentos também demonstram que essas mulheres continuam zelando por suas memórias e trajetórias políticas. A tortura, a violência de gênero ainda estão presentes em suas memórias, mas não as intimidaram ou as impediram de colocar em cena a alteridade de gênero e suas memórias individuais-coletivas a serviço da verdade e da justiça.

Biografia do Autor

Hugo Pires Júnior, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Licenciado em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp), Doutor em Memória pelo Programa de Pós-Graduação em Memória Linguagem e Sociedade (PPMLS) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Professor universitário no ensino/pesquisa, presencial/distância, graduação/pós-graduação lato/stricto-senso), Rua E, 153 Ibirapuera, Vitória da Conquista/BA, CEP: 45075-480. E-mail: hugohugone@hotmail.com

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Publicado

05/01/2022

Como Citar

PIRES JÚNIOR, H.; MAGALHÃES, L. D. R. . Ditadura militar e repressão de gênero: o uso e o abuso do corpo feminimo . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 1, p. e22111124572, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i1.24572. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24572. Acesso em: 1 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais