Comparação dos comportamentos corporais frente a discursos honestos e mentirosos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24998Palavras-chave:
Corpo; Fonoaudiologia; Decepção.Resumo
Objetivo: Comparar os movimentos corporais entre discursos honestos e falsos. Método: Estudo quantitativo e transversal, com abordagens descritiva e analítica, realizado com 40 sujeitos distribuídos igualitariamente em dois grupos quanto ao sexo. Os participantes não apresentavam evidências de deficiência (auditiva, visual, física ou neuromotora), permaneceram com os cabelos presos e sentados durante a filmagem da narrativa dos discursos verdadeiro e falso, sendo interpretados previamente os movimentos de base de cada sujeito. Os dados obtidos foram analisados, comparados e submetidos às análises estatísticas no programa SPSS pelas técnicas uni e bivariada e os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher, tendo nível de significância p < 0,05. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética. Resultados: As principais alterações corporais identificadas no discurso falso que diferiram do verdadeiro na análise descritiva foram: tensão em orbicular (aumento de 35%), movimentação moderada dos membros superiores (aumento de 30%), respiração profunda (aumento de 20%), piscar excessivo (aumento de 15%), desvio no olhar (aumento de 10%) e movimentação moderada (aumento de 10%) e elevação dos membros inferiores (aumento de 10%), porém sem evidência estatística de associação com o tipo de discurso. Na modificação da postura (aumento de 15%), percebida por movimentação da cabeça ou tronco, houve associação estatisticamente significativa ao discurso falso (p= 0,007). Conclusão: Durante a produção de discursos mentirosos houve tendência à modificação do movimento corporal, tendo como principal ponto de gatilho a alteração postural.
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