Nível de Ansiedade-Estado como um fator de mudança dos padrões alimentares em estudantes universitários: Estudo NUTSAU
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.25040Palavras-chave:
Jovens adultos; Análise fatorial; Ansiedade; Comportamento alimentar.Resumo
Com o objetivo de identificar padrões alimentares de estudantes de uma universidade federal no estado do Rio de Janeiro, no segundo semestre de 2015, uma análise transversal de padrão de consumo foi estratificada em função do escore de sintomas de ansiedade de 147 estudantes do segundo semestre de diferentes cursos de graduação. O Inventário de Ansiedade Traço e Estado foi usado para definir os escores de ansiedade e um questionário de frequência alimentar foi aplicado na avaliação do consumo alimentar. Os participantes foram alocados em dois grupos, em função do valor mediano do escore de ansiedade-estado, onde foram identificados alguns padrões de consumo a partir da aplicação de análise de componentes principais. A análise estatística foi realizada utilizando o pacote R. Os participantes apresentaram escore de ansiedade-estado mediano de 43 pontos, sendo maior entre as mulheres. Três padrões de consumo foram identificados para cada grupo, considerando as características nutricionais dos alimentos consumidos, tais como: “Misto 1”, “Saudável” e “Arroz e feijão” para os estudantes com menor ansiedade e “Ocidental”, “Misto 2” e “Arroz e feijão” para os estudantes com maior ansiedade. Foi possível identificar padrões alimentares consistentes para ambos os grupos, usando o método da análise fatorial. Os estudantes com maiores escores de ansiedade-estado apresentaram, predominantemente, o padrão de consumo Ocidental e aqueles com menores escores relataram maior consumo de grupos de alimentos saudáveis e menor consumo de bebidas com cafeína. O presente estudo, apesar de transversal, pode contribuir para otimizar a intervenção nutricional para essa população.
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