Agaricales no Brasil: um panorama da produção científica, lacunas e tendências
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26458Palavras-chave:
Basidiomycota; Cienciometria; Cogumelos; Diversidade fúngica; Funga brasileira.Resumo
O filo Basidiomycota representa um dos grupos de fungos de maior diversidade. Neste filo a ordem Agaricales possui grande valor ecológico e econômico. No entanto, esta ordem é pouco estudada no Brasil. Assim, numa tentativa de contribuir com o conhecimento científico acerca deste táxon, neste estudo avaliamos as tendências e lacunas da produção científica sobre Agaricales. Buscamos por estudos sobre Agaricales no Brasil, publicados no período de 1980 a 2020, por meio das bases de dados Web of Science e Scopus, usando as seguintes combinações de palavras e indexadores booleanos: Agaricales OR Agaric* AND Brazil*. Encontramos um total de 824 documentos sobre Agaricales no Brasil no período avaliado, com aumento do número de estudos associados à escala temporal. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do país estão os maiores centros de produção científica sobre Agaricales, com destaque para as Universidades Federais de Minas Gerais, de Pernambuco e do Paraná, as quais dispõem de maiores estruturas e recursos humanos treinados frente aos demais centros de pesquisas brasileiros. Wartchow F, Gibertoni T e Capelari M foram os autores destaque das publicações nesta temática. A tendência nos estudos foi evidenciada por um maior uso das palavras-chave: Agaricales, Basidiomycota, Brasil, fungi e mushroom. As lacunas no conhecimento estão nas regiões brasileiras nas quais os estudos micológicos ainda são incipientes. Os dados demonstram a necessidade de se ampliar os estudos da Funga brasileira, os quais contribuirão para a expansão do conhecimento sobre a riqueza, diversidade e potencial econômico das espécies.
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