Apresentações musculoesqueléticas persistentes pós-febre chikungunya: uma série de casos em um estado do nordeste brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26915Palavras-chave:
Arbovirose; Artralgia; Febre Chikungunya.Resumo
A febre Chikungunya (FC) é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV). A principal característica da FC é a dor nas articulações e mais da metade dos pacientes infectados apresentam condições crônicas. Este estudo de série de casos avaliou as apresentações musculoesqueléticas persistentes de FC em uma amostra de 72 pacientes com sintomas persistentes (rsimês) após FC confirmada por exames laboratoriais (detecção de CHIKV por reação em cadeia da polimerase [PCR] e/ou imunoglobulina [Ig]M e/ou IgG). Os pacientes foram acompanhados por 12 meses após o tratamento no ambulatório do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe - HU/UFS). Eles foram avaliados na admissão e após 1 mês, 2 meses e depois a cada 3 meses por até 12 meses. Articulações dolorosas e/ou edemaciadas, sintomas periarticulares, outros achados importantes no exame físico e escala visual analógica de dor (EVA) foram avaliados durante todas as consultas. Principais resultados: Entre os pacientes avaliados, 84,7% eram do sexo feminino, a média de idade foi de 53,8 anos e a duração média das queixas musculoesqueléticas foi de 6 meses. Comorbidades estavam presentes em 61,1% dos pacientes e doença musculoesquelética prévia em 69,4%. A apresentação mais frequente na admissão foi a poliarticular, que ocorreu em 76,4% dos casos. As articulações mais acometidas foram as mãos, joelhos, tornozelos e pés. A EVA na admissão foi intensa em 66,7% dos pacientes. A tenossinovite esteve presente em 44,5% dos pacientes e foi mais frequentemente relatada nos tornozelos. Corticosteróides e cloroquina foram administrados a 65,3% e 31,98% dos pacientes, respectivamente. Os achados indicaram que as apresentações musculoesqueléticas persistentes ocorrem frequentemente após a FC. Esses resultados fornecem uma melhor compreensão do perfil dos pacientes, do envolvimento musculoesquelético e da progressão da FC, e podem orientar estratégias eficazes para o manejo terapêutico.
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