A contaminação por arsênio nos solos e nas águas subterrâneas no Estado de Minas Gerais, Brasil: fontes, riscos à saúde, estratégias de mitigação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.26960

Palavras-chave:

Mineração; Fontes de Contaminação; Risco a Saúde; Mapeamento.

Resumo

O arsênio (As), é considerado um contaminante ambiental, podendo ser encontrado na água, no solo, no ar e em alimentos. A origem do arsênio pode ser natural ou antrópica. As fontes naturais desse elemento são os minerais, rochas, solos e sedimentos que contém o arsênio em sua composição; as fontes antrópicas provém da agricultura considerando o uso indevido de pesticidas, herbicidas, dos rejeitos de determinadas atividades minerárias, do refino de metais não ferrosos, além da queima de carvão mineral. Em Minas Gerais uma importante fonte de contaminação por arsênio são as atividades de mineração. Entre os impactos negativos, grande preocupação está justamente relacionada ao arsênio, que é altamente tóxico e está presente em águas de abastecimento humano e solos de Minas Gerais. Este trabalho objetiva o inventário e mapeamento das áreas impactadas pelas contaminações dos solos e das águas subterrâneas pelo arsênio. Toda pesquisa foi realizada a partir de dados obtidos dos órgãos ambientais estaduais e, elaboração de mapas representativos das contaminações no Estado. As maiores contaminações por arsênio se encontram na região do Quadrilátero Ferrífero e no município de Paracatu, locais destacados pela mineração de ferro e de ouro. As concentrações de arsênio informadas nos estudos consultados, nas águas variaram de 0,1 a 2.980 μg.L-1, já nos solos e sedimentos, os valores vão de 0,14 mg.kg-1 a 37 mg.kg-1. Ter conhecimento da presença, das fontes, das vias de exposição, dos riscos à saúde provenientes da ingestão e do contato com o arsênio, é de extrema relevância. 

Biografia do Autor

Isadora Evangelista Martins de Souza, Universidade Federal de Itajubá

Engenheira Ambiental

Giovanna Sales Santana, Universidade Federal de Itajubá

Engenheira Ambiental

Douglas Peterson Munis, Universidade Federal de Itajubá

Engenheiro Ambiental

Grazielle Assis Carneiro, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Engenheira Ambiental

Mestra em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA).

José Augusto Costa Gonçalves, Universidade Federal de Itajubá

Professor Associado da UNIFEI, Campus de Itabira, lecionando disciplinas no curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Geologia Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto. Foi professor efetivo do curso de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Também é membro da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, e da Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Orienta alunos de IC e Mestrado. Coordenou projetos de pesquisa e de cooperação financiados por agências nacionais. Tem experiência na área de Geociências e Engenharia Ambiental, com ênfase em Recursos Hídricos e Geologia Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: hidrogeologia, geotecnia ambiental e investigação de áreas contaminadas. Coordenador pela UNIFEI do Mestrado Profissional em Gestão de Recursos Hídricos (ProfÁgua). Membro da Câmara Técnica de Gestão dos Recursos Hídricos Transfronteiriços do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

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Publicado

27/03/2022

Como Citar

SOUZA, I. E. M. de; SANTANA, G. S.; MUNIS, D. P.; CARNEIRO, G. A.; GONÇALVES, J. A. C. . A contaminação por arsênio nos solos e nas águas subterrâneas no Estado de Minas Gerais, Brasil: fontes, riscos à saúde, estratégias de mitigação . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 5, p. e0111526960, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i5.26960. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/26960. Acesso em: 28 set. 2024.

Edição

Seção

Ciências Exatas e da Terra