Aspectos clínicos, epidemiológicos e obstétricos do near miss materno em uma maternidade de referência do Nordeste Brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.28078Palavras-chave:
Near miss materno; Mortalidade materna; Morbidade materna.Resumo
O near miss materno pode ser definido como uma mulher que quase morreu, mas sobreviveu a uma complicação ocorrida durante a gravidez, parto ou puerpério, por assistência prestada ou ao acaso. O objetivo deste estudo analítico, documental e quantitativo foi avaliar o perfil clínico epidemiológico e obstétrico do near miss materno das pacientes internadas de maio a dezembro de 2019 em leitos de terapia intensiva de uma maternidade de referência do Nordeste brasileiro que apresentaram pelo menos um dos critérios diagnósticos. Para a análise estatística foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences versão 25. O total de casos foi de 77; destes, 36 estavam associados à eclâmpsia. A faixa etária predominante foi de 20 a 25 anos; 41,6% eram solteiras; 63,6% possuíam Ensino Médio completo; 85,7% foram submetidas à cesariana; 81,8% estiveram internadas durante o puerpério; e 68,8% delas não possuíam doenças preexistentes/condições obstétricas associadas. Placenta prévia e doença hipertensiva estiveram mais associadas aos casos. A convulsão não controlada foi o critério clínico mais frequente; a trombocitopenia aguda, o laboratorial; e a histerectomia, o de manejo. Assim, torna-se necessário realizar frequentes análises sobre a população obstétrica atendida em um sistema de saúde e a sua trajetória em busca do atendimento, objetivando avaliar a qualidade da assistência prestada, visto que a eclâmpsia e as complicações hemorrágicas foram as ocorrências mais frequentes entre os casos de e estas são condições evitáveis, com detecção de fatores de risco ainda no pré-natal.
Referências
Amaral, E., Souza, J. P., Surita, F., Luz, A. G., Sousa, M. H., Cecatti, J. G. et al. (2011). A population-based surveillance study on severe acute maternal morbidity (near-miss) and adverse perinatal outcomes in Campinas, Brazil: the Vigimoma Project. BMC Pregnancy Childbirth., 22 (11), 9-17.
Andrade, M. S., Vieira, E. M. (2018). Itinerários terapêuticos de mulheres com morbidade materna grave. Cad Saúde Pública. 34.
Assarag, B. et al. (2015). Determinants of Maternal Near-Miss in Morocco: Too Late, Too Far, Too Sloppy? PLoS One. 10 (1).
Bastos da Costa, M. de F., Malveira, S. S., Lima, S. B. de A., Costa, I. L. de O. F., Leite, D. K. M., Nunes, H. H. de M., Rassy, M. E. de C., Trindade, C. B. dos S., Pedreira, J. de B. G., & Fonseca, A. F. F. . (2021). Perfil nosológico da mortalidade materna: a gravidade da gravidez no Marajó II, Pará, Brasil, entre 2010 e 2019. Research, Society and Development, 10(2), e5410212188. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12188
Carreno, I., Bonilha, A. L., Da Costa, J. S. (2012). Epidemiological profile of maternal deaths in Rio Grande do Sul, Brazil: 2004-2007. Rev Bras Epidemiol., 15 (2), 396-406.
Carreno, I., Bonilha, A. L., Da Costa, J. S. (2014). Temporal evolution and spatial distribution of maternal death. Revista de Saúde Pública., 48, 662-670.
Carvalho, B. A. S. et al. (2019). Tendência temporal do Near Miss materno no Brasil entre 2000 e 2012. Rev Bras Saúde Mater Infant (Online)., 19, 115-24.
Dias, M. A. B. et al. (2014). Incidência do Near Miss Materno no arto e Pós-parto hospitalar: dados da pesquisa Nascer no Brasil. Cad Saúde Pública., 30 (1).
Domingues, R. M. et al. (2016). Factors associated with maternal near miss in childbirth and the postpartum period: findings from the birth in Brazil National Survey, 2011-2012. Reprod Health., 13 (3).
Donati, S., Senatore, S., Ronconi, A. (2012). Obstetric near miss cases among women admitted to intensive care units in Italy. Acta Obstet Gynecol Scand Suppl, 91 (4), 452- 57.
Ghazivakili, Z., Lotfi, R., Kabir, K., Norouzi Nia, R., Rajabi Neeni, M. (2016). Maternal near miss approach to evaluate quality of care in Alborz province, Ira. Midwifery, 41, 118-24.
Hora, T. B. (2009). Análise das características das beneficiárias de planos privados de saúde atendidas no SUS para assistência ao parto no ano de 2005. Monografia de Graduação, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Lazzerini, M., Richardson, S., Ciardelli, V., Erenbourg, A. (2018). Effectiveness of the facility-based maternal near-miss case reviews in improving maternal and newborn quality of care in low-income and middle-income countries: A systematic review. BMJ Open. 8.
Lotufo, F. A., Parpinelli, M. A., Haddad, S. M., Surita, F. G., Cecatti, J. G. (2012). Applying the new concept of maternal near-miss in an intensive care unit. Clinics. 67 (3), 225-30.
Magalhães, D. M. S. (2017) Morbidade materna Near Miss na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.
Morse, M. L., Fonseca, S. C., Gottgtroy, C. L., Waldmann, C. S.; Gueller, E. (2011). Morbidade materna grave e Near Miss em um hospital de referência regional. Revista Brasileira de Epidemiologia. 4 (2), 310-22.
Norhayati, M. N. et al. (2016). Severe maternal morbidity and near misses in tertiary hospitals, Kelantan, Malaysia: a cross-sectional study. BMC Public Health. 5 (16) 1-10.
Oladapo, O. T. et al. (2016). When getting there is not enough: a nationwide cross‐sectional study of 998 maternal deaths and 1451 near‐misses in public tertiary hospitals in a low‐income country. Epidemiology. 123 (6), 928-938.
Oliveira, L. C., Costa, A. A. R. (2013). Fetal and neonatal deaths among cases of maternal near miss. Rev Assoc Med Bras, 59 (5), 487–94.
Oliveira, L. C., Costa, A. A. R. (2015). Near miss materno em unidade de terapia intensiva: aspectos clínicos e epidemiológicos. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 27 (3), 220-27.
Oppong, S. A. et al. (2018) Incidence, causes and correlates of maternal near‐miss morbidity: a multi‐centre cross‐sectional study. General obstetrics. 126 (6), 755-62.
Rudey, E. L.,Cortez, L. E. R., Yamaguchi, M. U. (2017). Identificação de near miss materno em unidade de terapia intensiva. Revista Saúde e Pesquisa. 10 (1), 145-55.
Santana, D. S., Guida, J. P. S., Pacagnella, R. C., Cecatti, J. G. (2018). Near miss materno – entendendo e aplicando o conceito. Rev Med. São Paulo-SP, 97 (2), 187-94.
Sá-Silva, J.R., Almeida, C.D., Guindani, J.F. (2009). Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História e Ciências Sociais. São Leopoldo-RS, 1(1).
Silva, J. M. P., et al. (2018). Conceitos, prevalência e características da morbidade materna grave, near miss, no Brasil: revisão sistemática. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 18 (1), 7-35.
Sodré, L. R. S., Fornaciari, P. H. de O., Costa, L. L. da ., Almeida, K. K. M. ., Cardoso, A. B. R. ., Damasceno , A. R. M. B. ., Botelho, M. H. S., Santos, R. H. B. R. ., & Will, K. D. . (2021). Caracterização clínica e obstétrica das gestantes de alto risco atendidas no centro de referência de um município na Região de Carajás-Pará. Research, Society and Development, 10(11), e520101119839. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19839
Soma-Pillay, P., Pattinson, R. C. OMA-PILLAY, P.; PATTINSON, R. C. (2016). Barriers to obstetric care among maternal near- misses. South African Medical Journal. 106 (11), 1-4.
Souza, M. A., Souz, T. H., Gonçalves, A. K. (2015). Fatores determinantes do near miss materno em uma unidade de terapia intensiva obstétrica. Rev Bras Ginecol Obstet. 37 (11), 498-504.
Tunçalp, O., Hindin, M. J., Souza, J. P., Chou, D., Say, L. (2012). The prevalence of maternal near miss: a systematic review. BJOG. 119(6), 653-61.
Tura, A.K., Trang, T. L., Van Den Akker, T. et al. (2019). Applicability of the WHO maternal near miss tool in sub-Saharan Africa: a sysematic review. BMC Pregnancy Childbirth. 79.
Wang, Y. Q.; Ge, Q. G., Wang, J., Niu, J. H., Huang, C., Zhao, Y.Y. (2013). The WHO near miss criteria are appropriate for admission of critically ill pregnant women to intensive care units in China. Chin Med J. 126 (5), 895-98.
World Health Organization. (2011). Evaluating the quality of care for severe pregnancy complications: the WHO near-miss approach for maternal health. Genova.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Lais Cristina Noleto dos Reis; José Arimatea dos Santos Junior; João de Deus Valadares Neto; Lorena Citó Lopes Resende Santana
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
