Tendências das produções científicas brasileiras acerca da saúde do trabalhador no sistema prisional
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.28665Palavras-chave:
Saúde do Trabalhador; Categorias de Trabalhadores; Prisões; Ensino.Resumo
Este trabalho teve como objetivo analisar as tendências das produções científicas brasileiras acerca da saúde do trabalhador que atua no sistema prisional. Trata-se de uma revisão narrativa, desenvolvida com teses e dissertações do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações realizada em julho e agosto de 2021. Obteve-se como resultado 177 produções, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão o corpus totalizou 19 estudos. A maioria dos trabalhos são dissertações (73,7%), com maior número em 2017, com 52,6% dos trabalhos realizados com Agentes de Segurança Penitenciária, pelos programas de pós-graduação da Psicologia e Enfermagem, 31,5% e 15,7%, respectivamente, com predominância de estudos qualitativos (78,9%). Em relação à saúde do trabalhador do sistema prisional, as produções identificaram as seguintes condições: 42,1% evidenciaram que os trabalhadores sentiam medo e insegurança e percebiam o ambiente da prisão como estressante; em 36,8% o ambiente foi percebido como precarizado, insalubre, com infraestrutura inadequada e más condições de trabalho; em 15,8% delas, contatou-se que os funcionários possuíam alta demanda de trabalho e que não eram treinados adequadamente para atuar nas prisões; 10,5% apontaram relato de estigma relacionado ao trabalho, que os trabalhadores apresentavam transtornos mentais comuns, situação de superlotação carcerária e ambiente laboral violento. Evidencia-se um contexto de trabalho complexo, não saudável e a carência de pesquisas com propostas de melhorias nos processos de trabalho, estratégias para promoção da saúde e prevenção de doenças nessa categoria profissional.
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