Formação continuada de professores para a educação das relações étnico-raciais: análise sobre uma prática estadual
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.28836Palavras-chave:
Ensino; Formação de professores; Educação das relações étnico-raciais; Ensino de história e cultura afro-brasileira e africana; Performatividade.Resumo
O estudo objetiva analisar práticas de formação continuada que visam preparar os professores para o trabalho com os conteúdos do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana (EHCAA). Metodologicamente trata da análise de formações realizadas, planos de aulas e um conjunto de grupos focais realizados em quatro escolas públicas do Acre que contaram com a participação de professores e gestores. Os resultados indicam que a busca de soluções técnicas marca a fase de um novo gerenciamento da prática pedagógica e, neste caso, o EHCAA é reduzido às habilidades propostas pela lógica da Secretaria de Educação, o que mostra um tipo de encenação da política comprometida com a lógica externa à escola. Os discursos dos agentes, ao invés de afirmar a autonomia docente apontam um caminho dirigido pela rotina imposta pela administração, com planejamentos altamente dirigidos, o que os deixa dependentes de imperativos determinados externamente. Os agentes escolares desenvolvem um tipo de cultura profissional que deve obediência a regras geradas de forma exógena, o que faz seu profissionalismo ser medido por uma forma de desempenho em que a prática da sala de aula é cada vez mais remodelada para responder às novas demandas externas, o que compromete a função da escola e a possível reeducação das relações étnico-raciais.
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