Tintura de jatobá (Hymenaea sp.): aspectos físico-químicos de qualidade e avaliação da atividade antimicrobiana
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.28865Palavras-chave:
Plantas Medicinais; Triagem fitoquímica; Quantificação; Fenólicos Totais; Escherichia coli.Resumo
A tintura de Jatobá é utilizada popularmente no tratamento de infecção urinária. Todavia, faz-se necessário determinar segurança e eficácia destes produtos a fim de assegurar a qualidade e evitar riscos à saúde do consumidor. O presente estudo objetivou determinar os parâmetros físico-químicos e investigar os grupos fitoquímicos da tintura de Jatobá (Hymenaea spp.), bem como avaliar sua atividade antimicrobiana frente à Escherichia coli, em amostras produzidas na Oficina de Remédios Caseiros do CENEP – Nova Palmeira – PB. Para a avaliação físico-química foram realizados ensaios de pH, densidade e sólidos totais. Os grupos fitoquímicos foram identificados por reações químicas específicas e o teor de fenólicos expresso em ácido tânico, por espectroscopia UV-VIS. Para a comprovação da eficácia antimicrobiana, foi utilizado o método de difusão em ágar. Os resultados obtidos da análise da tintura de jatobá revelaram uma mistura homogênea de coloração castanho avermelhada, pH médio de 5,11 ± 0,01, densidade 0,9237 ± 0,01 sólidos totais 3,37 ± 0,02 e teor de polifenóis entre 3,46% e 3,77%. A tintura apresentou eficácia antimicrobiana frente a E. coli, com halos de inibição em média de 11,6 ± 0,06 mm, apresentando assim, uma boa capacidade de inibição. As características avaliadas são importantes na determinação da qualidade do produto e para a realização de estudos posteriores de estabilidade, além de evidenciar o potencial antimicrobiano contra a E. coli, principal bactéria relacionada a infecção urinária, servindo de incentivo para a realização de novos estudos com abordagens químicas e farmacológicas sobre o jatobá.
Referências
Alvarenga, F. C., Garcia, E. D. F., Bastos, E. M., Grandi, T. S., & Duarte, M. G. R. (2009). Avaliação da qualidade de amostras comerciais de folhas e tinturas de guaco. Revista Brasileira de Farmacognosia, 19(2a), 442-448.
Alves, J. E.; Souza, T. A.; Lacerda, G. A.; Prince, P. M. A. (2016). Atividade antibacteriana do extrato hidroalcoólico de jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne) e barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville). Revista Bionorte, 5 (1).
Anselmo, J. S.; Lima, R. A. (2014). Identificação de metabólitos secundários no extrato etanólico das folhas de Solanum jamaicense (Solanaceae) e seu potencial fungicida sobre Candida albicans in vitro. Revista Eletrônica de Farmácia, 11(1), 10. https://doi.org/10.5216/ref.v11i1.27632
Barbosa, A. P., Palmeira, R. C. F., Nascimento, C. S., & Feitoza, D. S. (2006). Leguminosas Florestais da Amazônia Central. I. Prospecção das classes de compostos presentes na casca de espécies arbóreas. Revista Fitos, 1(03), 47-57.
Bessa, N. G. F., Borges, J. C. M., Beserra, F. P., Carvalho, R. H. A., Pereira, M. A. B., Fagundes, R., & Alves, A. (2013). Prospecção fitoquímica preliminar de plantas nativas do cerrado de uso popular medicinal pela comunidade rural do assentamento vale verde-Tocantins. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 15(4), 692-707.
Bezerra, G. P., da Silva Góis, R. W., de Brito, T. S., de Lima, F. J. B., Bandeira, M. A. M., Romero, N. R., & Santiago, G. M. P. (2013). Phytochemical study guided by the myorelaxant activity of the crude extract, fractions and constituent from stem bark of Hymenaea courbaril L. Journal of ethnopharmacology, 149(1), 62-69. https://doi.org/10.1016/j.jep.2013.05.052
Borella, J. C.; Carvalho, D. M. A. (2011). Avaliação comparativa da qualidade de extratos de Calendula officinalis L. (Asteraceae) comercializados em farmácias de manipulação em Ribeirão Preto - SP. Revista Brasileira de Farmácia, 92(1), 13-18.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos - Uma Abordagem Sobre os Ensaios Físicos e Químicos. 2ª ed., Brasília: Anvisa. p. 20- 26, 2008.
Brasil. RDC nº 166, de 24 de julho de 2017. (2017). Validação de métodos analíticos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada.
Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2019). Farmacopeia Brasileira, v. 1. Anvisa.
Brasil. (2021). Formulário de fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2a ed.), Brasília.
Camilo, C. J., Nonato, C. D. F. A., da Silva, J. T. P., Rodrigues, F. F. G., Salazar, G. J. T., & da Costa, J. G. M. (2020). Interferência do extrato de Hymenaea courbaril l (jatobá) na atividade antibacteriana de aminoglicosídeos. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, 8(1), 372-379. https://doi.org/10.16891/605
Cardoso, C. M. Z. (2009). Manual de controle de qualidade de matérias-primas vegetais para farmácia magistral. Pharmabooks.
Costa, F. V. (2017). Influência de fatores ambientais na produção de metabólitos secundários de Calea pinnatifida (R. Br.) Less. (Asteraceae). Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Criciúma, SC.
Fernandes, T. T.; Santos, A. T. F.; Pimenta, F. C. (2005). Atividade antimicrobiana das plantas: Plathymenia reticulata, Hymenaea courbaril e Guazuma ulmifolia. Revista de Patologia Tropical, 34 (2), 113-122.
Ferreira, G.D.; et al. (2021). Tintura de mulungu (Erythrina velutina): preparo e caracterização de parâmetros de qualidade. Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management, 17(1).
Gil, E. S. et al. (2010). Controle físico-químico de qualidade de medicamentos. Pharmabooks, 3 ed.
Lima, B. T. M., Carmo, E. S., Medeiros, F. D., Souza, J. B. P. (2019). Caracterização microbiológica, eficácia antimicrobiana e determinação de parâmetros físico-químicos de tintura de pega-pinto (Boerhavia diffusa L.). Periódico Tchê Química, 16(32).
Luz, H. S.; Santos, A. C. G.; Lima, F. C., Machado, K. R. G. (2014). Prospecção fitoquímica de Himatanthus drasticus Plumel (Apocynaceae), da mesorregião leste maranhense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 16(3), 657-662. https://doi.org/10.1590/1983-084x/12_114
Gomes, C. H. M., Souza, F. R., Fonseca, C., Casemiro, L. A., Furtado, N. A. J. C., Ambrosio, S. R., & Cunha, W. R. (2010). Determinação in vitro da Atividade Antibacterianados Extratos Brutos da Casca e Polpa Farinácea de Hymenaea courbaril L. Investigação, 10(2-3).
Mello, J. C. P.; & Santos, S. C. (2017). Taninos. In: Simões, C. M. O. et al. (Orgs.). Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. 1 ed. Porto Alegre: Artmed.
Meotti, F. L., da Silva, A. C. P., Gumy, M. P., Duarte, A. F., Carneiro, V. P. P., Benedetti, V. P., & Velasquez, L. G. (2021). Avaliação físico-química e microbiológica de fitoterápicos utilizados em uma farmácia municipal de manipulação. Research, Society and Development, 10(8), e45710817557-e45710817557. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17557
Silva Oliveira, F. G., de Souza Araújo, C., Rolim, L. A., Barbosa-Filho, J. M., & da Silva Almeida, J. R. (2018). The genus Hymenaea (Fabaceae): A chemical and pharmacological review. Studies in Natural Products Chemistry, 58, 339-388. https://doi.org/10.1016/B978-0-444-64056-7.00012-X
Padró, L. R.; González, T. L.; Nuviola, D. F. (2017). Caracterización preliminar de tinturas al 10% de Bixa orellana l. Revista Cubana de Química, 29(1), 103-114.
Panontin, J. F., Cantuário, P. L. B., de Castro, I. P. M., de Oliveira Junior, R. A. C., da Silva, P. F., Santos, W. C. C., & Lucian, S. C. (2020). Avaliação da atividade despigmentante do extrato hidroetanólico da casca do fruto do jatobá (Hymenaea stigonocarpa). Brazilian Journal of Development, 6(12), 98742-8748. https://doi.org/10.34117/bjdv6n12-384
Pereira, C. K., Rodrigues, F. F. G., Mota, M. L., Sousa, E. O., Leite, G. O., Barros, A. R. C., & Costa, J. G. M. (2007). Composição química, atividade antimicrobiana e toxicidade do óleo essencial de Hymenaea courbaril (Jatobá). Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 30.
Pereira, I. S.; Medeiros, F. D.; Souza, J. B. P. (2018). Avaliação de parâmetros físico-químicos de qualidade para tintura de jatobá (Hymenaea sp). In: XXV simpósio de plantas medicinais do Brasil, São Paulo SP.
Prado, C.C.; Alencar, R. G.; Paula, J. R.; Bara, M. T. F. (2005). Avaliação do teor de polifenóis da Camellia sinensis (Chá Verde). Revista Eletrônica de Farmácia, 2(2), 164-7.
Ribeiro, L. H. L. (2019). Análise dos programas de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) sob a perspectiva territorial. Ciência & Saúde Coletiva, 24, 1733-1742. https://doi.org/10.1590/1413-81232018245.15842017
Santos, C. B., Bernardino, G. Z., Soares, F. J., Espindola, J. D., Arruda, P. M. R., Paula, J. R., & Bara, M. T. F. (2014). Preparo e caracterização de tinturas das folhas de chá verde [Camellia sinensis (L.) O. Kuntze] Theaceae. Revista brasileira de plantas medicinais, 16, 826-831. https://doi.org/10.1590/1983-084X/10_063
Silva, J. G. D., Souza, I. A., Higino, J. S., Siqueira-Junior, J. P., Pereira, J. V., & Pereira, M. D. S. V. (2007). Atividade antimicrobiana do extrato de Anacardium occidentale Linn. em amostras multiresistentes de Staphylococcus aureus. Revista Brasileira de Farmacognosia, 17(4), 572-577.
Silva, N. L. A.; Miranda, F. A. A.; Conceição, G. M. (2010). Triagem Fitoquímica de Plantas de Cerrado, da Área de Proteção Ambiental Municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão. Scientia Plena, 6(2), 025402.
Silva, A. L. L., Araújo, M. G. S., Bastos, M. L. A., Bernardo, T. H. L., Oliveira, J. F. S., Silva-Junior, E. F., & Verissimo, R. C. S. S. (2016). Avaliação da atividade antibacteriana, citotóxica e antioxidante da espécie vegetal Opuntia cochenillifera (L.) Mill. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 18, 307-315. https://doi.org/10.1590/1983-084X/15_145
Silva, A. L. A., Cangueiro, B. L., Araújo, C. B. S., Santos, G. S. P., Peniche, G. G., Oliveira, C. R. & Souza Antunes, V. M. (2018). Avaliação de produto fitoterápico de uso tópico na dor musculoesquelética em ginastas. Brazilian Journal of Natural Sciences, 1(1), 8-17.
Soares, L. A. L.; Farias, M. R. Qualidade de insumos farmacêuticos ativos de origem natural. In: SIMÕES, C. M. O. et al. (Orgs.). Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Sousa, S. F., Kasper, A. A. M., de Sousa Júnior, J. J. V., Costa, I. C. G., Sartoratto, A., Moutinho, V. H. P., & Barata, L. E. S. (2020). Análise fitoquímica e atividade antimicrobiana do extrato etanólico do resíduo madeireiro de Hymenaea courbaril L. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, 11(4), 72-80. https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2020.004.0006
Stuchi, A. C., Freire, V. A. F., & Calábria, L. K. (2020). Práticas integrativas e complementares. Life Style, 7(2), 57-64. doi.org/10.19141/2237-3756.lifestyle.v7.n2.p57-64
Tiago, P. V., Rossi, A. A. B., de Pedri, E. C. M., Fernandes, J. M., Tiago, A. V., & Lima, J. A. (2019). Levantamento etnobotânico do jatobá (Hymenaea courbaril L., Fabaceae) no norte do estado de Mato Grosso, Brasil. Gaia Scientia, 13(1).
Tiago, P. V., Larocca, D., Silva, I. V. D., Carpejani, A. A., Tiago, A. V., Dardengo, J. D. F. E., & Rossi, A. A. B. (2020). Caracterização morfoanatômica, fitoquímica e histoquímica de Hymenaea courbaril (Leguminosae), ocorrente na Amazônia Meridional. Rodriguésia, 71. https://doi.org/10.1590/2175-7860202071063
Ueta, B. M., Santana, L. O., & Oliveira, A. C. (2015). Análise comparativa entre métodos de extração da tintura-mãe de camomila 10% (Matricaria chamomilla). III Simpósio de Assistência Farmacêutica. São Paulo-SP.
Vigo, C. L. S., Narita, E., & Marques, L. C. (2003). Validação da metodologia de quantificação espectrofotométrica das saponinas de Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen-Amaranthaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, 13, 46-49.
Waterman, P.G.; Mole, S. (1994). Analysis of phenolic plant metabolites. Oxford: Blackwell Scientific Publications, 238.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Iraneide Pereira da Silva; Felipe Alves Lins; Leonardo dos Santos Costa; Ana Laura de Cabral Sobreira; Júlia Beatriz Pereira de Souza
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
