Cuidar ou encaminhar? Desafios no diagnóstico e manejo de pacientes com demência na Atenção Primária à Saúde
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29398Palavras-chave:
Síndromes Demenciais; Atenção Primária à Saúde; Práticas de cuidado; Diagnóstico diferencial; Ensino em saúde.Resumo
Introdução: Com o envelhecimento populacional, temos o aumento de quadros neurodegenerativos, dentre eles as síndromes demenciais. É fundamental que os serviços de saúde estejam habilitados para receber essa demanda, em especial na Atenção Primária à Saúde, para melhor acompanhamento dos idosos. Objetivo: conhecer as dificuldades enfrentadas pelos médicos da Estratégia da Saúde da Família do município de São Caetano do Sul no atendimento aos pacientes com demência. Método: trata-se de abordagem transversal, quantitativa, descritiva, exploratória, com amostra por conveniência, não probabilística. Foi utilizada a versão brasileira, validada para médicos, do instrumento “Atenció Sanitària de Les Demències: la visió de L' Atenció Primarià. Resultados: Foram avaliados 100% dos médicos da Estratégia da Saúde da Família do município de São Caetano do Sul. Em relação ao atendimento prestado na Atenção Primária à Saúde, 82,6% dos médicos avaliados referiram que mais de 25% dos pacientes atendidos são idosos. A maioria dos participantes (64,3%) apontou como maior dificuldade para identificação de um caso de demência, a diferenciação dos sinais e sintomas da demência da depressão geriátrica. Outro desafio observado por 46,4% dos médicos, foi a diferenciação dos sinais e sintomas de demência do processo fisiológico do envelhecimento, a senescência. Dentre os principais sinais e sintomas que levam a suspeitar do diagnóstico de demência, 46,4% dos médicos apontaram o comprometimento cognitivo com alterações de memória, 28,6% relataram que o comprometimento da capacidade de executar atividades da vida diária seriam os primeiros sinais e sintomas e 21,4% referiram que a presença de sintomas psicológicos e comportamentais é o que mais levaria a suspeitar do diagnóstico. Considerações Finais: Observou-se dificuldade dos médicos para avaliação dos pacientes com queixas cognitivas em relação ao rastreio de quadros de demências reversíveis e investigação de diagnósticos diferenciais com o envelhecimento comum e transtornos de humor, por exemplo. Torna-se imprescindível a capacitação do grupo estudado para melhoria da qualidade da atenção ao idoso.
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