Cheirar, lembrar, sentir e gostar: relações entre aromas, emoções e aceitação
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i8.30698Palavras-chave:
Odores; Sentimentos; Comportamento do consumidor; Familiaridade; Concentração.Resumo
Os aromas trazem memórias que evocam emoções, as quais podem influenciar a aceitação dos alimentos. Esta capacidade de despertar emoções pode ser afetada por algumas de suas características como concentração e familiaridade. Assim, este trabalho objetivou avaliar a resposta emocional e hedônica em dois níveis de concentração de aromas e verificar se houve influência da familiaridade sobre estas respostas. Os aromas estudados foram baunilha, canela, manjericão, morango e tangerina, avaliados em duas sessões, uma com os aromas aplicados diretamente em fita e outra com os aromas diluídos em água. Um questionário tipo check-all-that-apply (CATA) foi elaborado e aplicado em ambas as sessões com 76 avaliadores, juntamente com a escala hedônica de nove pontos e a escala de familiaridade de três pontos. Os resultados mostraram que para morango, baunilha e manjericão a diluição não influenciou a resposta hedônica e emocional, pois morango e baunilha permaneceram com maior aceitação e associados a emoções positivas ao passo que manjericão permaneceu rejeitado e associado a emoções negativas. Entretanto, a diluição teve efeito positivo sobre a tangerina, pois favoreceu sua aceitação e tornou a resposta emocional mais próxima à do morango e da baunilha. Já para a canela, a diluição teve efeito negativo, pois tornou a resposta a este aroma similar à do manjericão, prejudicando sua aceitação. Além disso, a pouca familiaridade associada a baixa concentração do aroma podem prejudicar sua aceitação. Assim, torna-se importante considerar a concentração e a familiaridade para obtenção de um melhor desempenho na resposta afetiva a aromas.
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