Experiências de mulheres negras ao adoecer por câncer de mama: A imanência do sofrimento e cuidado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.32674

Palavras-chave:

Racismo; Neoplasia de mama; Atenção centrada no paciente.

Resumo

Objetivo: conhecer o sofrimento ao adoecer durante o cuidado de mulheres negras que vivem com câncer de mama atendidas em um centro de referência no estado da Bahia. Metodologia: Pesquisa qualitativa realizada em um serviço de referência com a participação de 12 mulheres que foram entrevistadas escolhidas pela saturação dos dados e teve a análise de conteúdo como técnica de interpretação dos dados. Resultados: O racismo estrutural é uma condição que contribui intensamente no sofrimento durante o adoecimento das mulheres negras com Câncer de mama, já que suas histórias de vida são marcadas por preconceitos e discriminação, que exacerbam com esta enfermidade quando associadas a elementos da branquitude, das desigualdades sociais e das barreiras de acesso existentes. O cuidado deve ter reforçado em sua ação com ferramentas como escuta, diálogo, acolhimento e a produção de vínculos, com estratégias de reconhecer as relações intersubjetivas existentes na relação trabalhador-usuário. No entanto, a vulnerabilidade econômica aparece como elemento que contribui de forma insatisfatória para o insucesso do cuidado dessas mulheres, no qual amplia o distanciamento entre negras e brancas que por vezes utiliza do setor privado para resolução dos seus problemas de saúde. Conclusão: a mulher negra tem uma vida de sofrimento devido a tonalidade epidémica devido a interseccionalidade do patriarcado, racismo estrutural e desigualdade social, ao se diagnosticada com câncer de mama e diante dos estigmas imanentes, o sofrimento amplia pelas consequências da doença, e são maximizadas pelas dificuldades enfrentadas na tentativa de resolução de suas necessidades.

Biografia do Autor

Evelin Duarte Serpa, Universidade do Estado da Bahia

Estudante de Medicina do Departamento de Ciências da Vida

Débora Lopes dos Santos, Universidade do Estado da Bahia

Estudante de Medicina do Departamento de Ciências da Vida 

 

Kamila Freitas Trindade, Universidade do Estado da Bahia

Estudante de Medicina do Departamento de Ciências da Vida 

 

Talita Miranda Pitanga Barbosa Cardoso, Universidade do Estado da Bahia

Farmacêutica, Sanitarista, Mestranda em Saúde Coletiva pelo Departamento de Ciências da Vida 

 

Ana Beatriz Ferreira Barros da Silva, Universidade do Estado da Bahia

Enfermeira, Sanitarista, Mestranda em Saúde Coletiva pelo Departamento de Ciências da Vida

Roberto Rodrigues Bandeira Tosta Maciel, Universidade do Estado da Bahia

Fisioterapeuta, Doutor, Professor Adjunto do Departamento de Ciências da Vida

 

Jairrose Nascimento Souza, Universidade do Estado da Bahia

Fisioterapeuta, sanitarista, pesquisadora colaboadora do Grupo de pesquisa micropolítica, cuidado e trabalho

Magno Conceição das Merces, Universidade do Estado da Bahia

Enfermeiro, Doutor, Mestre em Saúde Coletiva, Professor Assistente do Departamento de Ciências da Vida

Milene Pereira de Souza Santos, Universidade do Estado da Bahia

Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva pelo Departamento de Ciências da Vida, Professora Asssitente do Centro universitário Dom Pedro II 

Marcio Costa de Souza, Universidade do Estado da Bahia

Fisioterapeuta, Doutor em medicina e Saúde Humana, Professor Assistente do Departamento de Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia

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Publicado

27/07/2022

Como Citar

SERPA, E. D. .; SANTOS, D. L. dos; TRINDADE, K. F. .; CARDOSO, T. M. P. B.; SILVA, A. B. F. B. da; MACIEL, R. R. B. T. .; SOUZA, J. N. .; MERCES, M. C. das; SANTOS, M. P. de S.; SOUZA, M. C. de. Experiências de mulheres negras ao adoecer por câncer de mama: A imanência do sofrimento e cuidado . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 10, p. e175111032674, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i10.32674. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32674. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde