Experiências de mulheres negras ao adoecer por câncer de mama: A imanência do sofrimento e cuidado
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i10.32674Palavras-chave:
Racismo; Neoplasia de mama; Atenção centrada no paciente.Resumo
Objetivo: conhecer o sofrimento ao adoecer durante o cuidado de mulheres negras que vivem com câncer de mama atendidas em um centro de referência no estado da Bahia. Metodologia: Pesquisa qualitativa realizada em um serviço de referência com a participação de 12 mulheres que foram entrevistadas escolhidas pela saturação dos dados e teve a análise de conteúdo como técnica de interpretação dos dados. Resultados: O racismo estrutural é uma condição que contribui intensamente no sofrimento durante o adoecimento das mulheres negras com Câncer de mama, já que suas histórias de vida são marcadas por preconceitos e discriminação, que exacerbam com esta enfermidade quando associadas a elementos da branquitude, das desigualdades sociais e das barreiras de acesso existentes. O cuidado deve ter reforçado em sua ação com ferramentas como escuta, diálogo, acolhimento e a produção de vínculos, com estratégias de reconhecer as relações intersubjetivas existentes na relação trabalhador-usuário. No entanto, a vulnerabilidade econômica aparece como elemento que contribui de forma insatisfatória para o insucesso do cuidado dessas mulheres, no qual amplia o distanciamento entre negras e brancas que por vezes utiliza do setor privado para resolução dos seus problemas de saúde. Conclusão: a mulher negra tem uma vida de sofrimento devido a tonalidade epidémica devido a interseccionalidade do patriarcado, racismo estrutural e desigualdade social, ao se diagnosticada com câncer de mama e diante dos estigmas imanentes, o sofrimento amplia pelas consequências da doença, e são maximizadas pelas dificuldades enfrentadas na tentativa de resolução de suas necessidades.
Referências
Binotto, M., & Schwartsmann, G. (2020). Qualidade de Vida Relacionada à Saúde de Pacientes com Câncer de Mama: Revisão Integrativa da Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia, 66(1), e-06405. DOI: https://doi.org/10.32635/2176-9745.rbc.2020v66n1.405.
Bosire, E. N., Mendenhall, E., & Weaver, L. J. (2020). Comorbid Suffering: Breast Cancer Survivors in South Africa. Qualitative Health Research, 30(6), 917–926. DOI: https://doi.org/10.1177/1049732320911365.
Carvalho, J. B., & Paes, N. A. (2019). Socioeconomic inequalities in breast cancer mortality in microregions of the Brazilian Northeast. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 19(2), 391-400. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-93042019000200008.
DiAngelo, R. (2018). Fragilidade branca. Revista ECO-Pós, 21(3), 35–57. DOI: https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i3.22528.
Eldridge, L., & Berrigan, D. (2022). Structural racism and triple-negative Breast Cancer among black and white women in the United States. Health Equity, 6(1), 116-123. DOI: https://doi.org/10.1089/heq.2021.0041
Faustino D. (2020). Notas sobre a sociogenia, o racismo e o sofrimento psicossocial no pensamento de Frantz Fanon. Revista Eletrônica Interações Sociais, 4(2), 10-21.
Fonseca, D. S., Santos, C. S., Barreto, I. C. F., Gonçalves L. G. L., & Morais L. C. et al. (2020). Câncer de Mama: uma questão social desigual. Braz. J. Hea. Rev, 3(6), 19933-19943. DOI: https://doi.org/10.34119/bjhrv3n6-364.
Fontanella, B. J. B., Ricas, J., & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad Saúde Pública, 24(1), 17-27, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000100003.
Franco, T. B., & Hubner, L. C. M. (2019). Clínica, cuidado e subjetividade: afinal, de que cuidado estamos falando? Saúde Em Debate, 43(spe6), 93-103. https://doi.org/10.1590/0103-11042019s608.
Lopes, A. P., Camargo, C. A. C. M., & Maia, M. A. C. (2020). Sofrimento psíquico vivenciado por mulheres diante do diagnóstico de câncer de mama: uma revisão bibliográfica reflexiva. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 52, e3556. DOI: https://doi.org/10.25248/reas.e3556.2020.
Merhy, E. E., Baduy, R. S., Seixas, C. T., Almeida, D. E. da S., & Júnior, H. S. (2016). Avaliação compartilhada do cuidado em saúde: Surpreendendo o instituído nas redes. Rio de Janeiro: Hexis.
Minayo, M. C. de S. (org.). (2014). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes.
Nogueira, M. C., Guerra, M. R., Cintra, J. R. D., Corrêa, C. S. L., & Fayer, V. A, et al (2018). Racial disparity in 10-year breast cancer survival: A mediation analysis using potential responses approach. Cadernos de Saude Publica, 34(9). DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00211717.
Oliveira, B. M. C., & Kubiak, F. (2019). Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção científica brasileira. Saúde Debate, 43(122), 939-948. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104201912222.
Oliveira, C. S., & Ruas, M. G. S. S. (2020). O mito da hipersexualização a mulher negra. Revista Serviço Social em perspectiva, 2(especial), 88-97.
Pallok, k., Maio, F. de M., & Ansell, D. A. (2019). Structural Racism: A 60-Year-Old Black Woman with Breast Cancer. N Engl J Med, 380, 1489-1493. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMp1811499.
Passos, R. G. (2020). Mulheres negras, sofrimento e cuidado colonial. Revista Em Pauta, 18(45). DOI: https://doi.org/10.12957/rep.2020.47219.
Quintana, R. A. C., Souza, I. C. dos S., Pereira, J. M., Pires, R. A., & Lima, R. S. G. S. et al (2020). Production of Interprofessional Care for the Person with Oncological Disease: A Study on the Patient’s Perspective. Biomed J Sci & Tech Res, 29(3), 22413-22418.
Quintana, R. A. C., Marinho, M. C. G., & Souza, M. C. de. (2021). Processos de trabalho interprofissional em pacientes com câncer. Práticas E Cuidado: Revista De Saúde Coletiva, 1, e12557.
Santos, L. M. V. R., Santos, M. P. S., Merces, M. C., Souza, J. N., & Souza, M. C. (2021). Barreiras de acesso em mulheres que vivem com câncer de mama. UNILUS: Ensino e Pesquisa, 18(50), 26-35.
Siegel, R. L., Miller, K. D., Sauer, A. G., Fedewa, S. A., & Butterly, L. F. (2020), Colorectal cancer statistics. CA A Cancer J Clin, 70, 145-164. https://doi.org/10.3322/caac.21601.
Souza, M. C. de, Souza, J. N., & Merces, M, C. (2021). Racismo estrutural como barreira de acesso à saúde. J. of Multiprofessional Health Research, 02(02), e02.102.
Souza, M. C. de, Borges, J. C. dos S., Trindade, K. F., Santos R. S., & Brito, V. C. S. G., et al. (2020). Access Barriers and Health Care in Patients with Chronic Respiratory Diseases. American Journal of Biomedical Science & Research, 11(1), 95–99. DOI: https://doi.org/10.34297/ajbsr.2020.11.001594.
Souza, M. C. de, Borges, J. C. dos S., Trindade, K. F., Neves, B. P., & Serpa, E. D. et al. (2021). Resolutividade e ferramentas para cuidar: um estudo com mulheres que vivem com câncer de mama. Sanare - Revista de Políticas Públicas, 20(2). https://doi.org/10.36925/sanare.v20i2.1571.
Souza, M. C. de, Souza, J. N. (2020). Access, Care, Social Inequalities and The Pandemic COVID 19 In Brazil. Biomed J Sci & Tech Res, 31(4), 24327-24329. DOI: https://doi.org/10.26717/BJSTR.2020.31.005125.
Sung, H., Ferlay, J., Siegel, R. L., Laversanne, M., & Soerjomataram, I. (2020). Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA: A Cancer Journal for Clinicians, 71(3), 209–249. DOI: https://doi.org/10.3322/caac.21660.
Tavares, J. S. C., & Kuratani, S. M. de A. (2019). Manejo Clínico das Repercussões do Racismo entre Mulheres que se “Tornaram Negras”. Psicologia: Ciência e Profissão, 39, 1-13. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003184764
Tortajada, J. S., Oliveira, T. S., Costa, C, K, F., Picinin, M. B., & Massuda, E. M. (2019). Desigualdades socioeconômicas na mortalidade por câncer de mama: revisão sistemática. Nucleus, 16(2), 441-452. DOI: https://doi.org/10.3738/1982.2278.3673.
Zwane, D. (2021). “Our Beauty Is in Our Breasts”: A Culture-Centered Approach to Understanding Cancer Perceptions in Kwa Zulu Natal, South Africa. Qualitative Health Research, 31(1), 148–159. DOI: https://doi.org/10.1177/1049732320960417.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Evelin Duarte Serpa; Débora Lopes dos Santos; Kamila Freitas Trindade; Talita Miranda Pitanga Barbosa Cardoso; Ana Beatriz Ferreira Barros da Silva; Roberto Rodrigues Bandeira Tosta Maciel; Jairrose Nascimento Souza; Magno Conceição das Merces; Milene Pereira de Souza Santos; Marcio Costa de Souza
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.